Recomeço

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Seriamos perfeitamente felizes, se nada desse errado em nossas vidas ?

Chego à cidade de São Paulo quase 04h00min da manha, parece que tudo está tão diferente. O céu está escuro e nublado ameaçando cair uma forte chuva, mesmo que esteja ventando um pouco o ar continua seco. 

De uma forma estranha eu não me sinto mais bem aqui nessa cidade, talvez não tenha nada de diferente e seja eu que mudei.

Agora que finalmente estou aqui, pretendo primeiro passar em casa deixar minha mala, tomar um banho e então ir para o hospital. Eu não queria, mas estou com tanto medo do que posso encontrar lá hoje.


Ao chegar em casa me assusto com o que vejo, a casa está tão vazia, sem vida, todas as louças estão sujas em cima da pia, a casa está imunda e fede a podridão. Meu Deus o que aconteceu aqui? O que eu fiz com a minha mãe?

Sinto a culpa me corroer por dentro, tanto que não consigo nem respirar direito. Aos poucos percebo minha cruel realidade, só agora a minha ficha caiu completamente. Eu abandonei minha mãe, doente, sozinha e sem ninguém para cuidar dela, nem a pior mãe do mundo merece passar por isso, o que eu estava pensando? 

Era pra eu estar cuidando dela, mas eu fracassei na missão até de ser uma boa filha, não tem como minha vida piorar mais do que isso, esse é literalmente o fundo do posso.


Olhando para aquela imundice sinto-me na obrigação de limpa-la, eu devo isso à minha mãe. Deixo minha mala no meu antigo quarto, tomo um banho rápido e vou para a área da lavanderia, onde contem os produtos de limpeza então pego o necessário para a faxina.

Quando acabo estou exausta, a casa estava mesmo muito suja. Lá fora o dia já amanhece, não vou ter tempo para descansar, a prioridade agora é minha mãe.

Com o coração na mão eu pego um ônibus para ir ao hospital, passo o trajeto inteiro olhando pela janela, pensando o que eu fiz de tão errado para minha vida ser assim tão difícil. Observando de fora, a vida das outras pessoas não parecem ser tão complicadas quanto a minha. 

Encaro o celular de minuto em minuto esperando alguma noticia do Bryan, mas nada, nem mensagem muito menos ligação, mesmo depois de tudo ainda continuo me importando com ele. Coração idiota.

Desço próximo ao hospital e a cada passo que dou o desespero e a incerteza aumentam, meu Deus estou tão nervosa! Não é como se eu não conhecesse minha mãe, eu só estou com medo do que vou encontrar, depois de um mês sem vê-la.

Entro na recepção e minha pulsação acelera. Eu odeio hospitais, bom acho que ninguém gosta, né?

- Bom dia! Estou aqui como acompanhante de Marisa Garcia, sou filha dela. - Pronuncio cada palavra com um nó na garganta.

- Bom dia. Queira me acompanhar, por favor. Sua mãe esta na ala de observação. - A senhora me dá um meio sorrio e começa a caminhar na minha frente.

Andamos por um longo corredor cheio de portas, quando chegamos ao final viramos em outro corredor menor à esquerda e paramos em frente à segunda porta dele com o numero 14 escrito na porta.

- Ela esta neste quarto, você pode entrar o momento que quiser, se ela estiver dormindo não faça muito barulho, ela tem dificuldades de pegar no sono. - Ela diz calmamente, mas é mais como uma advertência.

- Tudo bem. - Sussurro de volta.

Fico paralisada em frente à porta, não faço a mínima ideia do que fazer, o que vou falar para ela? Olá mamãe desculpe te abandonar, mas eu estava ficando louca junto com você naquela casa, mas a verdade é que fui embora por que sou uma filha horrível. Não com certeza não dá pra dizer isso né. 

Apaixonada por um CEOWhere stories live. Discover now