Capítulo 28

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O tempo passou. Meses se foram. Longos meses para dizer a verdade; e nunca o tempo passou tão devagar na vida dessas pessoas. Havia angustia, amargor, saudades, desesperos, porém não havia arrependimentos o que era bom. Viveram o que tiveram que viver, sofreram muito e aprenderam... Bom pelo menos era o que aparecia de princípio.

– Como foi com seus pais, Tom? – Angélica estava em sua prancheta de criação, mas atenta à chegada de Tom.

– Foi tudo bem. – Tom entra displicente no escritório deixando a sua jaqueta pendurada.

– Tudo bem? – Angélica larga o lápis e volta a sua atenção para Tom que abria seu notebook – Você ficou meses sem visitá-los e é só isso que tem a me dizer?

– É o que você precisa saber. – Tom respondia à Angélica sem tirar a sua atenção do computador.

– Realmente não dá mais para conversar com você! Que droga fizeram com você! – Angélica remexia visivelmente incomoda com as suas atitudes.

– O que você quer saber? – Tom desvia o olhar e a encara – Se eu falar você me deixa trabalhar em paz?

– Não quero mais saber de nada! Olha... Da próxima vez que você se meter em algo parecido eu não vou ficar lá sendo sua enfermeira. – Angélica desvia o olhar.

– Como se eu tivesse pedido. – Tom murmura, mas o suficiente para ela escutar.

– Thomas Paige! – Angélica grita e novamente larga seu lápis só que agora de forma mais brusca – Eu podia esperar tudo de você menos ingratidão.

– Não estou sendo ingrato... – Tom a olha com espanto – Eu agradeci e muito pelo o que você fez e se não fosse você, tenho consciência de que não estaria melhorado tão rápido, mas eu não pedi que você ficasse lá, lembro que de inúmeras vezes ter dito que poderia ir, você que insistiu de ficar. – Tom levanta e vai à direção dela que o olhava incrédula – O problema vamos ser sinceros um com o outro é o que aconteceu depois não é, Angélica?

– Não sei, talvez. – Angélica desviou o olhar.

– Você sabe que é... – Tom segurava o queixo dela com uma de suas mãos a fazendo olhar para ele novamente – Nunca alguém se recusou a ficar com você até eu fazer aquilo, sei que te magoei. – Angélica se desvencilha do seu toque – Sabe como eu sei?

– Claro que eu sei! Eu fui muito pior com você. Você não mentiu e não me traiu e nem me jogou na minha cara o tão incompetente eu era como eu fiz com você diversas vezes. – os olhos dela encheram de lágrimas – O que estou querendo insinuar é outra coisa... Você mudou e muito rápido.

– Eu tive que mudar não podia ser um idiota a vida inteira. – Tom permanecia a encarando.

– Não era um idiota, você apenas sonhava demais e realizava de menos.

– Agora acho que achei o equilíbrio, não concorda?

– Sim, porém você ficou amargo e é isso que me entristece, para você amadurecer aquele homem amoroso e gentil teve que ir embora. Aquele homem não teria falado comigo da forma como você falou há minutos atrás.

– Desculpe. Eu fui mesmo grosso com você.

Dessa forma Tom decide contar para Angélica como havia sido essa sua ida até a casa de seus pais. A demora em visita-los se deu porque Tom não queria que eles soubessem o que havia acontecido e somente quando estava totalmente recuperado se sentiu forte o suficiente para encarar os olhares protetores de sua mãe.

O final de semana que passou em contato com eles foi aproveitado para rever antigos amigos e nesse momento observando que eles construíram família se sentiu solitário. Uma sensação de vazio invadiu seu peito.

À medida que relatava para Angélica percebia que ela nunca mais faria parte de sua vida dessa forma. Nem Emily poderia ser a mulher que lhe daria uma estabilidade e filhos. Angélica tinha razão, tinha de voltar a ser um homem gentil como sempre fora. Tom também não estava gostando dessa nova pessoa que havia se transformado e se quisesse seguir em frente com essa vontade de ter uma família teria de mudar e deixar o que lhe aconteceu soterrado no passado.

No dia seguinte em uma de suas visitas de rotina nas Empresas Morris no horário de almoço Tom encontraria uma velha conhecida e algo dentro dele dá um estalo e ele pensa "por que não?".

– Como vai Jéssica? – Tom se aproxima dela devagarzinho.

– Eu vou muito bem, obrigada por perguntar. – Jessica sempre ficava visivelmente sem graça em sua presença.

– Posso te fazer companhia?

– Claro que pode! – Jessica lhe mostra a cadeira a sua frente ele, porém prefere sentar ao seu lado.

– Faz tempo que não a vejo, está muito bonita.

– Obrigada! – Jessica sorri sem graça – Andou sumido.

– Estou passando mais tempo em outras campanhas. Sabe, gostei muito de te ver, muito mesmo.

– Eu também – novamente Jessica sorri sem graça – Como está indo?

– Muito bem, as coisas que me aconteceram foram decisivas para me tirar da inércia que vivia, hoje sou um homem mais decidido.

– Fico feliz em escutar isso. E também bem mais conquistador né.

– Aquilo foi uma fase. Não sou assim, como minha ex fala "você quer de ninho". Ela tem razão, gosto de namorar, não que não tenha sido divertido, mas sinto falta de afeto e aconchego, porém precisava ter... – Jessica interrompe.

Galinhado um pouco – Tom gargalha.

– Isso!

A conversa se estende por todo o horário de almoço. No final daquele dia Jessica receberia uma mensagem de Tom a convidando para jantar. Como resistir aquele sorriso e aqueles olhos azuis esverdeados? Praticamente impossível.

E lá estava o Tom gentil e amoroso de antes. Sentia que Jessica era como ele: quer ninho. E dessa forma tinha de ser sutil, Jessica não iria se entregar fácil apesar de saber e sentir que ela era atraída por ele.

Dessa forma aconteceram diversos encontros antes que houvesse o primeiro beijo e muitos mais para que Tom finalmente a levasse para cama.

– Estou em apuros. – Jessica estava aconchegada em seus braços deitados na cama.

– Como assim?

– Não vou conseguir te esquecer depois dessa noite. – Jessica abraçava forte, queria que aquele momento nunca acabasse.

– E quem disse que é para a senhorita esquecer. – Tom puxou com delicadeza o rosto dela para o seu.

– Muita crueldade da sua parte, afinal amanhã outra estará aqui envolta em seus braços.

– Quem está sendo cruel é você, quem disse que haverá outra? – Tom franziu a testa – Pretendo que apenas seja você de agora em diante, só haverá outra aqui se você não me quiser como o seu parceiro.

Jessica não sabia o que dizer. Tom pegou Jessica totalmente desprevenida. Em sua mente estava certeza de que ele a descartaria assim que ele a levasse para cama. Era o que as outras garotas da empresa que saíram com ele haviam dito. E agora ele queria justamente o oposto.

– Foi rápido isso, não é? – Tom percebeu que Jessica ficou – Vamos continuar como estamos devagar... Eu tenho certeza que isso vai evoluir para um namoro sério, somos parecidos pelo pouco tempo que passamos juntos senti que buscamos algo semelhante.

– Sim! Eu ainda estou sem palavras você me surpreendeu. – Jessica se animou mais em seu peito.

– Eu sei. – Tom faz uma pausa – Eu sei!

E assim seguiram, com cautela. Jessica a cada dia que passava se sentia mais confiante com as demonstrações de carinho do Tom. Percebeu que mesmo que as outras mulheres dessem em cima dele, Tom permanecia concentrado nela. Praticamente se viam todos os dias e as noites, essas estavam sendo maravilhosas, assim que Jéssica supunha.

Meias Verdades [Completo]Where stories live. Discover now