Capítulo 34

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  Após dois dias sozinha naquele apartamento que um dia chamou de lar;  Emily acordou mais disposta e a dor em sua garganta praticamente não existia, apenas as marcas da ira de Michael permaneciam.

– Sabe, Alex. Ele devia ter terminado dessa vez. É nítido que nunca irá parar uma vez que começou. – Alex não responde – Você nunca fala nada comigo.

– Vamos deixar uma coisa bem clara entre nós, Sra. Hoffman. – Emily observou aquele homem intimidante com cautela. – O único Hoffman para quem trabalho é o Michael,  estamos entendidos?

– Estamos.

Alex era completamente diferente dos outros que ficavam de vigia. Para ele era permitido entrar no apartamento. O que deixava Emily incomodada. Alex lhe dava calafrios. 

Os dias seguiram e aquela presença ameaçadora de Alex apenas intensificava em Emily algo que ela vinha tentando camuflar. Os sonhos que vinha tendo pareciam mais delírios de tão reais.

Seu corpo estava ficando descontrolado. O animal estava acordando e com muita fome. Emily intercalava os toques em seu corpo com banhos gelados. Precisava de sexo. A ânsia dentro dela estava crescendo e ter um homem atraente dentro da sua casa não estava ajudando em nada.

Com o tempo a figura intimidante de Alex deu lugar ao homem instigante que de fato era. E nesse dia estava no limite de seu controle. Emily saiu da cama afoita, após tentar se aliviar e correu para o banheiro. Tentou amenizar o que sentia com mais um banho frio. Precisava extinguir o fogo que subia por entre suas pernas e corria para as extremidades. 

Não teria sucesso. Sua mente estava tomada pela figura daquele homem interessante, alto, forte, robusto. Emily imaginava Alex a levantando no ar com apenas uma de suas mãos enquanto a outra a levaria à loucura. 

– Pare de pensar nisso, Emily! Ele é fiel ao Michael jamais te tocaria. Por que sou assim? – pela primeira vez Emily fez esse questionamento.

Vestiu sua camisola. Encheu-se de coragem e foi até a sala onde Alex estava. A fidelidade de Alex para Michael era inquestionável. Jamais tocaria em Emily, pelo menos não da forma como Emily estava necessitando naquele momento.

Seu controle era tamanho que sua expressão não mudou quando viu Emily se aproximar vestida daquela forma e se manteve firme mesmo quando o rosto angelical de Emily ficou a centímetros do seu de forma que conseguia sentir o cheiro suave de seu hálito.

– Eu sei que você trabalha para ele, Alex... – Emily sussurrava –, mas preciso pedir uma coisa que poderá salvá-lo também. – Emily tremia.

– Diga. – Alex respondeu de forma firme e sucinta.

– Preciso que me tranque naquele quarto e não abra aquela porta até que Michael volte, por favor! – Alex a olhou confuso – Eu lhe suplico, te imploro de joelhos! Você tem que me trancar ali e me prometer que não irá abrir por mais que eu grite que eu destrua tudo, porque eu vou! Se não fizer isso que te peço terá de me matar! Michael não conseguiu, mas sei que você consegue. – havia desespero em seu olhar.

Alex a puxa pelo braço e conduz Emily até o quarto. O contato da mão dele em sua pele foi o suficiente para ela ficar toda excitada. O tesão a invadia. Alex sabia o que estava acontecendo e por isso fez o que a mulher lhe pediu. 

– Entra, Sra. Hoffman. – Assim que soltou seu braço Emily gemeu – Irá precisar de muita força seja forte.

– Obrigada,  Alex! Vou tentar. – os olhos de Emily estavam entregue ao seu desespero.

– Irá conseguir! Estarei aqui o tempo todo e não abrirei essa porta até ele voltar como me pediu. 

E dessa forma Alex trancou a porta do quarto de hóspede. O mesmo em que durante muito tempo Emily ficou enclausurada e agora tudo se repetia. Emily do outro lado daquela porta escutava a respiração e o cheiro daquele homem.  

Ainda em pé sem ser vista, deixou que os pensamentos que havia iniciado no banho a invadisse. Se masturbou incansavelmente até seus dedos doerem e seu corpo desabar exausto.

***

Esse tormento durou dias. Os sentidos de Emily estavam aguçados. Mesmo Alex não falando ela conseguia ouvir em seu subconsciente a sua voz. E o seu cheiro! Como era inebriante! Perguntava como apenas agora havia percebido o cheiro do sexo daquele homem. 

Culpou Michael por aquilo. Ele havia deixado sozinha com aquele homem. Sua vagina estava toda dolorida. Não aguentava que mais nada fosse introduzido e Emily não parava. Não conseguia parar. 

Foram momentos de desespero. Chamou por Alex, Michael e todos os nomes dos homens com quem lembrou que havia feito sexo na vida. Nesses dias teve apenas a sua memória como consolo. Reviveu momentos desde a primeira vez em que fez sexo e percebeu que desde daquele momento fora assim.

Como previsto Emily destruiu aquele quarto. E muito mais. Destruiu aquela Emily. A garota que desde quatorze anos de idade precisou de sexo para poder seguir com o seu dia. Começou com arranhões. Não foram suficiente para controlar sua dor. Arrancou cabelos. Até que os cacos de vaso saltou aos seus olhos. Emily cortava o interior de suas coxas para manter seu animal enclausurado. 

Alex conseguia sentir a angustia que a mulher estava passando. Um sentimento que já conhecia. Sentiu algo semelhante há muitos. Apenas desejava que ela tivesse forças para não cometer um ato irreparável. 

Não abandonou seu posto do lado de fora daquele quarto por nenhum momento. Sentiu que devia isso à Michael. Era a forma de retribuir o que o amigo havia feito por ele. 

Michael foi à única pessoa que permaneceu do seu lado quando chegou ao fundo do poço. O único que teve a coragem de trancafiá-lo em um quarto até que seu organismo estivesse livre de seu vício e assim poder raciocinar sobre como seria a sua vida a partir daquele momento  que depois de muitos anos estava sóbrio e com o poder restaurado. 

Agora do outro lado do quarto recordou-se das palavras ditas por Michael: "Você não está curado e nunca estará, mas a partir de hoje você sabe como lutar e também sabe que tem com quem contar"

Esse foi o momento em que jurou fidelidade ao Michael. Alex daria sua a vida pelo amigo. Michael lhe deu uma nova chance de vida. E desde daquele dia em que sua porta foi aberta Alex luta bravamente contra o seu vício há mais de vinte anos. 

Michael chegou quando o pior já havia passado. O apartamento estava no mais completo silêncio. Algo dentro de seu peito apertou, aquela cena estava errada. Caminhou em direção aos quarto e então viu Alex sentado no chão dormindo do lado de fora do quarto de hospedes.

– Alex? – Michael abaixou na sua frente e o chamou.

– Sr. Hoffman – Alex acordou assustado.

– Aconteceu alguma coisa? Porque está aqui? Ela está lá dentro? – Michael apontou para a porta.

– Ela lutou bravamente, Sr. Hoffman. Tem uma mulher muito forte e determinada. Ela conseguiu manter a promessa que lhe fez. – Alex entregou a chave para Michael – Quando abrir não recrimine, não julgue. Eu sei pelo que ela passou e que vai passar de agora em diante. Ajude-a como me ajudou. – levantou – Estarei lá fora se precisar.

Dessa forma Alex deixou o destino nas mãos de Michael. Cabia apenas a ele tomar qualquer atitude de agora em diante  

Meias Verdades [Completo]Where stories live. Discover now