Capítulo Quatro

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Vinte minutos após Alice ter ido embora, Frank me chamou em meu quarto para dizer que meu pai estava me chamando em seu escritório no andar de cima, então imediatamente subi para saber o que ele queria comigo.
Johnny Baker não era um exemplo de pai, mas era um dos empresários mais importantes de todo o país.
Ele é daqueles que enche os filhos de dinheiro para substituir o amor e a atenção. Comigo, ele até que conversava um pouco, mas com o meu irmão, era só cobranças e exigências sobre o que ele espera e sonha para Aaron.

Ao entrar no escritório, vejo meu pai fumando um charuto e falando ao telefone. Fechei a porta e sentei na poltrona em frente à sua mesa, ele logo fez um sinal com as mãos para dizer que já estava terminando a ligação, então esperei.
Quando ele terminou, já veio com aquele sorrisinho de quem tinha algo pra falar e que eu não iria gostar de ouvir.

- Como vai a minha princesinha?!

- Fala logo o que você quer, pai. - disse, sem paciência.

- Ok.. Ahm.. Eu e sua mãe temos uma conferência super importante em Las Vegas. Vamos precisar ficar fora de casa por três dias.

- Legal, e quando é que vocês vão? - perguntei.

Ele olhou para mim, em seguida para o seu Rolex, para mim novamente e disse:

- Daqui a 45 minutos.

- Mas amanhã é meu aniversário!

- Eu sei, meu amor, mas nós não podemos faltar essa reunião... Olha.. Faz assim.. Com a supervisão de Frank, nós deixamos você dar uma mega festa. Eu pago tudo!

- Eu não quero uma festa, eu quero os meus pais aqui comigo. - retruquei, brava.

- Candice, não dá. Me desculpe, mas não dá. Eu vou descer e preparar minhas coisas... Mas antes.. Eu tenho um presente para você!

- Pai, não. Não tem nada que o senhor possa me dar que vai fazer eu me sentir melhor.

- Não tenha tanta certeza. Vem, vem comigo.

Meu pai colocou uma venda em meus olhos e desceu comigo até a garagem, quando ele tirou a venda pude ver o tal presente que ele iria me dar. Não vou mentir, era tudo o que eu mais queria.

- É uma Ducati!!

- Seu irmão me contou que você queria muito essa moto. A sua BMW vai ficar com Aaron e você vai poder andar com a Ducati para todos os lados.

Ela era linda! Toda em preto fosco e exatamente do jeito que eu queria. O capacete também era da cor preta e, em cima da moto, havia uma jaqueta para combinar.

- Você tá tentando me comprar? - perguntei, olhando para ele.

- Consegui?

- Talvez. Um pouco.

- Que bom que você ficou feliz, Candice. Vou subir para arrumar minhas coisas, feliz aniversário adiantado. - disse meu pai, beijando a minha testa.

Meu pai subiu e logo Aaron desceu dizendo que tinha ouvido a conversa sobre a festa e logo foi dizendo que era uma ótima oportunidade para sua campanha do grêmio estudantil. Uma festa com tudo pago ajudaria bastante!
Até depois que meus pais já tinham ido viajar, Aaron me encheu o saco por quase toda a noite até eu concordar com a ideia dele, desde que fosse uma festa qualquer e não uma comemoração do meu aniversário. Ele sabe que eu detesto as pessoas do convívio dele.

No dia seguinte, acordei com Dion e Charlotte em cima de mim gritando parabéns e enchendo o meu quarto de balões.
Dion abriu a cortina do meu quarto, iluminando a minha cara de sono e dizendo:

- Meus parabéns, gata. Temos que comemorar!!!

- Parabéns, amiga. - disse Charlotte, dando um beijo em meu rosto e me abraçando.

Levantei o corpo, sentando em minha cama, arrumei um pouco o cabelo e agradeci aos dois pela surpresa.

- Já decidiu se vamos na festa hoje? - perguntou Dion.

- O Aaron quer dar uma festa pra campanha dele aqui em casa. Vocês sabem que eu detesto os amigos do meu irmão, então... Vamos à festa em Miami Beach.

- Êh! É isso que faz de você, Candice Baker, a minha pessoa preferida no mundo. - disse Dion, comemorando a notícia.

- Sei.

- Aê, Charlotte, eu estou indo pra o colégio. Quer uma carona? - perguntou Aaron ao abrir a porta do meu quarto.

- Aaron, apesar de eu já ter dito milhares de vezes que eu não vou ficar com você, eu vou aceitar a carona dessa vez. Vamos Dion, tô afim de tomar café da manhã no colégio. - respondeu Charlotte, puxando o Dion pelo braço. - Nos vemos mais tarde, Baker.

- Até daqui a pouco. - respondi.

Quando eles saíram, levantei da cama e fui me trocar. Ao passar pela janela, vi que Layla estava se trocando. Fiquei observando ela por alguns segundos, me perdi naquele corpo dela, completamente irritante de tão perfeito. O sol refletia na janela e penetrava em sua pele pálida e em seus cabelos dourados e compridos. Parecia que seu corpo se movia em câmera lenta e, conforme ela se movimentava, eu sentia algo estranho na boca do estômago. Eu estava paralisada, até ela se virar e quase perceber que eu estava olhando para ela.
Disfarcei o máximo que consegui e então, ela me olhou, acenou e deu um sorriso, depois começou a escrever em um papel e o levantou. Nele estava escrito "Feliz aniversário!". Eu dei um sorriso de leve e fechei a cortina. Não imagino como ela descobriu sobre o meu aniversário ou se os balões falavam por si só, mas eu já estava atrasada demais para pensar naquilo.
Coloquei a melhor roupa que eu tinha no armário, peguei minha moto na garagem e parti para o colégio. A cada acelerada que eu dava com a moto, meu coração disparava, eu amo a adrenalina que isso me proporciona. Os 20 quarteirões de distância entre minha casa e o colégio pareciam apenas 5 de tão rápida que a moto era. Emocionante.
Ao chegar no colégio, todos que estavam lá fora ficaram olhando para mim. Estacionei bem em frente e um carro parou ao meu lado, era a mãe de Layla, que após estacionar, começou a gritar com ela, para variar. Sem ao menos se importar com quem estava ouvindo...

- ...Você é uma vergonha para mim, Layla. Sua irmã já desfilou em Paris 5 vezes e você não consegue nem passar em um mísero teste para um catálogo - gritou a Sr. Svetha. 

Deu para ver que Layla mal olhava para a mãe dela, mas limpava constantemente as lágrimas que caiam em seu rosto enquanto saía de dentro do carro. Ela percebeu que eu tinha presenciado aquilo e correu para dentro do colégio desesperadamente. Algumas outras pessoas que também viram a cena começaram a rir de uma forma debochada, mas pararam imediatamente depois da olhada fatal que eu dei para elas. Eu não gostava daquela garota, mas o jeito que a mãe dela a tratou não era motivo de piada.

Only Wolf 3 - RecomeçoWhere stories live. Discover now