Capítulo Dez

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Eu detesto o inverno, ainda mais agora que eu dirijo uma moto, ir para casa nesse frio era horrível. Eu estava com três blusas e uma jaqueta de couro e eu ainda sentia aquele frio cortante. Aquele que quando bate em seu rosto, parece que é uma faca. Era um saco!!
Ao chegar, estacionei a moto em frente a garagem e fui direto para dentro de casa. Quando abri a porta, Frank veio me avisar que Aaron queria me ver e estava no escritório do papai me esperando, agradeci e fui ver o que ele queria.
Subi as escadas, depois de tirar meus casacos e o Frank os levar para o meu quarto, e ao bater na porta do escritório Aaron a abriu e mandou eu entrar. Ele estava com uma cara não muito boa, da última vez que o vi assim foi quando eu quebrei a tv do quarto dele com uma bola de Baiseball. Ele ficou furioso.

- Queria falar comigo?

- Você sabe que eu nunca fui contra você ser lésbica, Candice. Não tenho nada contra isso mas você precisa sair daquele grupo.

- Como é? - Perguntei espantada.

- Minha candidatura está em risco por sua causa. O Carl Kingman está me ameaçando.

- O ex presidente do grêmio? Mas qual o poder que ele tem?

- Pelo visto você não entende nada de política, não é?

- Aaron escuta só.. Eu não vou abandonar aquele clube. Não importa se as pessoas criticarem, não importa se o Carl te ameaçar. Não me importa nada disso. É o direito das pessoas em se sentirem seguras em seu próprio colégio que me importa.

- Mas..

- Mas nada! E se você tiver um pouco de senso, ficaria ao meu lado... Você... Você não entende não é? - Perguntei olhando para Aaron

- Não, é você que não entende, Candice. Isso é muito importante pra mim.

- É importante pra você ou para o papai?

- E qual é a diferença?

- A diferença é que você ganhando ou não, não vai se tornar a coisa mais importante pra ele, essa vaga já foi preenchida com algo que ele ama demais .. E se chama dinheiro. Se toca Aaron.- Disse saindo e fechando a porta na cara dele.

Meu irmão não veio atrás de mim, imaginei que o que eu disse tinha o magoado. Mas eu também estava magoada e fui para o meu quarto bufando de raiva,bati a porta quando entrei e sentei em minha mesa apoiando minha cabeça em minhas mão. As palavras de Aaron ecoavam em minha mente e eu sentia uma raiva imensa dentro do meu peito. Eu queria gritar, esmurrar, bater em algo ou até mesmo pegar minha moto e sair por aí correndo o máximo que eu conseguisse. O meu rosto estava quente de nervosismo, não conseguia pensar em nenhuma outra coisa, até sentir meu celular vibrar em meu bolso. Era uma mensagem da Layla

" Espero que você não tenha desistido de sair comigo hoje a noite. Te encontro na sua porta as 7:00pm" - Layla Svetha 5:00 PM

Limpei as lágrimas que tinha caído em meu rosto e logo uma felicidade invadiu e me botou um sorriso, eu iria sair com a garota mais bonita do colégio e aquilo me deixava bem, aliás, ela me faz muito bem.
Como ainda faltava duas horas para sairmos, fui até meu armário para ver o que eu iria vestir nessa noite. Meu armário era imenso, tinha pelo menos cinco metros de distância entre a porta e o fim do armário, e ele era abarrotado de roupas e tênis que eu ganhava da grife que meu pai empresáriava, então eu tinha inúmeras opções.
Depois de meia hora de dúvidas, escolhi uma calça jeans escura toda desfiada nos joelhos, um tênis de cano médio preto e uma blusa também preta.
Agora só faltava uma hora e meia, então tomei banho e me troquei o mais rápido que pude, sequei meu cabelo para deixa-lo solto durante a noite toda e coloquei um casaco com capus e em seguida minha jaqueta de couro que ganhei de aniversário e desci até a cozinha, Frank estava tomando um café e lendo um jornal em cima da bancada

- E aí, como estou? - Perguntei dando uma voltinha

- Uau,Candice!!! - Ele exclamou - Onde a senhorita vai?

- Vou sair com a Layla!

- A senhorita da casa ao lado? - Perguntou ele interessado.
Na minha opinião, ele fazia o papel de meus pais, com certeza Frank sabia mais coisas sobre mim do que meu pai ou minha mãe, e isso fazia dele uma das pessoas que eu mais gostava no mundo.

- Sim, ela mesma.

- Hmm eu faço muito gosto disso, ela é muito bonita.

- Frank, não vamos sair desse jeito, é um lance para um projeto meu na escola. -Respondi envergonhada.

- Mesmo assim eu faço muito gosto, só quero te ver feliz minha pequena. - Disse ele gentilmente. Me aproximei de Frank e o abracei amassando seu uniforme de mordomo. Ele respondeu o abraço e me deu um beijo no rosto. Quase chorei se não fosse alguém apertando a campainha interrompendo o momento familiar - Deixa que eu atendo! - Disse Frank se levantando e arrumando seu uniforme, ele foi até a porta no final do corredor e a abriu dizendo "Pois não?" fiquei tentando escutar alguma coisa mas Frank logo voltou dizendo que Layla estava na porta.
Peguei minha chave e o controle da garagem, me despedi dele e fui em direção a porta.

Ela estava linda! Eu mal conseguia descrever alguma coisa, Layla me olhava sem parar e eu a olhava de volta

- Então.. Já andou de moto alguma vez? - Perguntei quebrando o gelo

- Não! Eu nunca andei.

- Vem comigo! - Disse conduzindo ela até a garagem, ao abri-la peguei meu capacacete e olhei para Layla - Você vai precisar colocar isso.
Ela pegou o capacete e o colocou,eu liguei a moto e ela subiu na garupa. Suas mãos abraçaram minha cintura, aquilo fez com que eu sentisse uma sensação de segurança enorme e uma felicidade imensa. Eu sentia algo por aquela garota, era notável.
Pelo caminho todo Layla se segurou em mim, e quando chegamks na tal ong ela desceu da moto pedindo desculpas caso ela tivesse me apertado muito pelo trajeto.

- Não tem problema - Respondi.

- Então... Vamos entrar? - Ela perguntou

- Claro, vamos!

O lugar parecia uma espécie de teatro antigo, tinha várias estátuas e quadros de filósofos e pensadores espalhados pelas paredes. Entramos e já tinha começado a palestra, Layla insistiu para sentarmos em umas poltronas vermelhas que tinham bem longe do palco, ela queria ir me explicando o que estava acontecendo e ela não poderia fazer isso se tivessemos sentado mais a frente.
O assunto basicamente era sobre um massacre que tinha acontecido numa boate gay nos arredores de Chicago, 26 pessoas mortas e dessas 26, 19 eram da comunidade gay.
Era terrível ver a negatividade que as pessoas de fora tratavam aquele assunto, parecia que a culpa toda era das vítimas e não do assassino " Ah mas se eles estivessem na igreja,por exemplo,isso não teria acontecido"... Era esse tipo de pensamento que a Ong estava tentando mudar.

- Que coisa terrível isso! - Disse sussurando.

- Me disseram que naquela noite, duas garotas estavam comemorando o noivado. Uma delas tinha acabado de pedir a outra em casamento. - Disse Layla, também sussurrando.

- Já imaginou uma coisa assim, tipo, se apaixonar por alguém e não poder ficar com ela? - Perguntei olhando para Layla.

- Eu.. não..consigo.. imaginar - Respondeu Layla, olhando para a minha boca. Fomos chegando cada vez mais perto até nossos lábios se tocarem e o beijo acontecer.
Meu coração batia tão forte que aposto que ela conseguiu ouvir, sua boca era macia e seus lábios tinha um sabor maravilhoso de cereja. Eu não queria que aquele momento terminasse.

Only Wolf 3 - RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora