Continuação..

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Após horas de papo e de uma sobremesa maravilhosa, Aaron e Charlotte foram assistir algo no quarto deles vulgo quarto do Aaron. Disse aos dois que eu iria dormir mais cedo, pois estava um pouco cansada. Não queria dar explicações sobre onde eu iria essa noite. Mas mesmo assim, Charlotte ficou me olhando com cara de desconfiada enquanto eu subia para o meu quarto.

Silenciosamente, peguei um moletom branco do Artic Monkeys que eu havia ganhado da Olivia o ano passado, e fui até a garagem para pegar minha moto.

A noite não estava tão fria, porém o vento estava um tanto gelado para sair sem blusa.
Empurrei a moto até a esquina, para que ninguém em casa ouvisse eu sair e fui rumo ao meu destino.

Não demorei para chegar até o local marcado, era uma praça muito bonita. Tinha várias árvores, um lago com pedalinhos de pato e uma sorveteria.

A rua estava completamente deserta, não tinha nem um carro passando. Para o meu alívio isso era ótimo! O que eu menos queria era levantar alguma suspeita, as pessoas costumam ser muito curiosas quando vêem alguém sozinho no meio da madrugada sentado em um banco de praça. Na cabeça delas isso só poderia significar duas coisas : Ou eu vendia drogas, ou era a maníaca do parque.

Olhei para o relógio no meu celular e eram exatamente meia noite. No mesmo estante ouvi um "Psiu" vindo de baixo de uma árvore. Olhei para os lados para me certificar que não havia ninguém por perto e me dirigi até a árvore.

Um ser todo de preto saiu de baixo da folhas e tirou o capuz que cobria partes de seu rosto, deixando transparecer seus cabelos loiros e sua identidade :

- Como você está, Rebeca?

- Meg! - Disse ela, me abraçando eufóricamente. - É bom ver um rosto amigo.

- É bom te ver, também, Beca. - Respondi, devolvendo o abraço.

- Bom, qual é a emergência? - Perguntou ela, ao se afastar.

- Aparentemente meu chefe sabe que usei meu distintivo em Nova York, quando eu estava de licença.

- Eu desconfio que isso possa te dar problemas. - Disse ela, cruzando os braços.

- É, pois é. Não quero que ele desconfie de algo e pegue você.

- E o que vamos fazer, Meg?

- Eu tenho dinheiro o suficiente pra te mandar para um lugar bem afastado. Ainda está com os documentos que eu te dei?

- A Identidade nova? Claro! Estão comigo. -Respondeu Rebeca.

- Então é isso, amanhã eu te dou dinheiro e você vai pra algum lugar bem longe. - Disse, encarando-a.- Já tem ideia de onde ir?

- Talvez eu vá para o meu país natal, a Austrália. - Respondeu ela, animada.

- É uma boa ideia! - Afirmei. Rebeca ficou olhando para mim com um sorriso de canto. Não entendi o motivo daquele sorriso mas mesmo assim eu sorri para ela de volta.

- Nunca imaginei que você me ajudaria tanto!! Não sei o que teria sido de mim se você não tivesse me resgatado daquele hospital. Antes que o Rayn tivesse me matado. - Disse Rebeca, com os olhos marejados.

- Não foi nada, queria ter feito mais por você.

- Você já fez! - Respondeu ela, enquanto acariciava meu rosto com sua mão. - Bom, tenho que ir. Você deposita o dinheiro para mim na minha conta.

- Está bem. -Respondi, abraçando-a. - Espero que você recomece a vida e seja muito feliz.

- Te desejo o mesmo, Meg. Você merece toda a felicidade do mundo.

Rebeca não era boa em despedidas, então ela se virou e começou a andar em direção a um carro preto que eu havia arrumado para ela.
Antes que ela pudesse sair da minha vista, me lembrei de algo que ela merecia saber

- Hey, Beca.

- Oi?! - Respondeu ela, olhando para trás.

- A Liz.. Ela se parece muito com você. - Disse, entregando uma foto que eu havia guardado para ela.
Ela sorriu imediantamente e uma lágrima escorreu de seus olhos, ela acariciava a foto com o maior carinho do mundo, como se aquilo traze-se paz ao seu coração.

Não imagino como deve ser difícil deixar uma filha para trás, de saber que com você ela estaria em perigo. - Acho que ela ficaria feliz em saber que você está bem, e que a ama muito.

- Um dia ela saberá. - Respondeu Rebeca, ainda olhando para a foto. - Obrigada.

- Não tem de que. Achei que você iria gostar de ter uma foto dela - Afirmei sorrindo. Rebeca se virou novamente, entrou no carro e saiu em desparada.
Eu fiquei ainda uns cinco segundos olhando ela ir embora. Eu sentia uma felicidade enorme em saber que eu havia salvado a vida dela naquela noite.

Era 01:00h da manhã quando verifiquei meu celular pela segunda vez. Caminhei até a minha moto e fui direto para casa. A noite estava linda!O céu estava estrelado e a lua cheia. Nunca fui dessas pessoas que contemplam o luar com tanta atenção, mas essa noite em especial, eu tirei alguns minutos para olhar a imensidão astrológica. É engraçado pensar que o universo era algo tão grande, enquanto nós somos seres tão
egocêntricos.
Sentei me na sarjeta em frente a minha casa e olhei para cima, naquele instante eu me senti extremamente minúscula e insignificante. Ao mesmo tempo eu fiquei imaginando tamanha má sorte que eu tinha, de tantos milhões de pessoas existentes eu era apaixonada por alguém que estava noiva.




Only Wolf 3 - RecomeçoWhere stories live. Discover now