Capítulo 5

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Decido não contar a Gabi sobre Bernardo ainda, por que: 1. Ele era bonito, isso eu não podia negar 2. A Gabi tinha um caso sério com garotos 3. Ela não podia se envolver com garotos-problemas, tecnicamente era essa minha função, cuidar para que ela não se envolva com meninos desse tipo e se de mal no final. Digo a minha mãe que o dia foi melhorzinho, na esperança de deixa-la feliz. Papai tinha chegado mais cedo do trabalho e estava assistindo televisão na sala. Me junto a ele no sofá. Pego meu celular e vejo o que ele está assistindo.

- Por que você gosta disso? – Pergunto fazendo uma careta ao ver que ele estava assistindo Pronto-socorro histórias de emergência.

- Ué, é legal, você devia assistir, talvez assim seu interesse em medicina aumente.

- Isso é nojento pai.

- Não é nojento, é a vida. A realidade. E se quiser ser médica não precisa fazer cirurgias brutas e essas coisas. Pode ser médica geral.

- Não obrigada. – Digo irônica. Meu pai dá de ombros.

Eu estava no segundo ano do ensino médio, e ainda não fazia a mínima ideia do que eu queria ser, a única coisa da qual eu tinha certeza era que eu queria fazer alguma coisa relacionado a humanas, já que exatas nunca foi meu forte. Meu celular apita, quando vou ver, vejo que é um pedido de solicitação de amizade. Ao ver o nome, meu primeiro instinto foi revirar os olhos, claro. Bernardo Vieira. Eu quase recusei, mas deixei quieto, por outro lado, aceitar também não era uma opção, já que eu tinha deixado claro que não queria manter nenhum tipo de amizade com ele.

Vou para escola no dia seguinte parecendo um zumbi, de tanto sono que eu estava, isso claro não ajudava meu humor nem um pouco. Sentei no meu lugar e esperei por um tempo, até que com minha visão periférica vejo alguém se aproximar.

- Beatriz Sousa a garota que não suporta pessoas, que surpresa vê-la aqui. – Escuto Bernardo dizer.

- Bernardo Vieira, o garoto mais problema da escola, que surpresa desagradável vê-lo aqui. – Eu não precisava de mais uma razão para que meu mau-humor duplicasse.

- Caraca, tem um horário do dia na qual posso falar com você sem levar uma patada?

- Acho que não, não vai ter jeito, tenho uma ideia melhor, que tal você não falar comigo?

- Meu deus garota, você não é fácil mesmo, mas quer saber? Não sou do tipo que desiste facilmente, e além disso o que é um bom jogo sem um bom jogador? – Depois dessas palavras, ele dá uma piscadinha e sai, sem tirar o sorriso manipulador do rosto e me deixando ainda mais enfezada. Por que? O que esse menino queria comigo? É a segunda vez que vejo ele, e não quero ser mais uma garota para somar na lista dele, ele nem me conhece e não sabe o quanto sou diferente de qualquer outra garota. 

Com a Gabi por perto, os meninos só chegavam em mim para perguntar se ela estava disponível ou coisa assim, e os que chegavam em mim eram poucos, mas mesmo assim aprendi de uma maneira ruim e com péssimas experiências que meninos não são uma boa ideia principalmente quando se está no 2º ano do ensino médio.

Pego meu livro e espero a professora de Química chegar. Eu anotava tudo com muita pressa, porque ela estava falando rápido demais e realmente estava começando a ficar difícil de acompanhar. Depois da metade da aula, a professora Milena passou uns exercícios, os quais eu não consegui fazer no caso. Mas evidentemente ninguém na sala estava muito interessado em fazer, já que a sala estava uma tremenda bagunça e muitos conversavam ou mexiam no celular. Sem querer, quase que por extinto olho para o outro lado da sala, onde estava Bernardo. Ele estava com os pés em cima da mesa mexendo no celular, com certeza sem se importar com nada. Aparentemente seus exercícios estavam intocados, o que me fez pensar que ele provavelmente além de ser um garoto-problema era um rebelde burro.

***

Eu estava nos armários, guardando meus livros, quando de repente duas meninas se aproximaram, no início achei que elas estavam vindo em minha direção porque seus armários eram do lado do meu, mas eu havia errado.

- Oi! – Disse uma das meninas. Observo-a descaradamente, ela era morena, seus cabelos eram bem escuros, compridos, porém menos que os meus e seus olhos eram castanho escuro e demonstravam inteligência e pelo olhar fixo logo soube que ela também parecia estar sempre em constante observação e atenta a tudo. Se existe algo de que posso me gabar, é da minha incrível habilidade de observar e definir pessoas.

- Oi. – Respondo timidamente.

- Somos do 2º A. Sabemos que você é nova, e vimos que estava meio sozinha, achamos que seria legal vir falar com você. – Disse a outra menina que era mais baixa que a outra, essa já era japonesa mesmo, com os olhos bem puxados, os cabelos pretos e curtinhos na altura do queixo, o cabelo tinha mexas azuis por todo cabelo, fazendo com que isso tornasse sua aparência menos séria. Admito que fiquei bem surpresa. Era meu terceiro dia na escola e ninguém tinha falado comigo, exceto Bernardo, elas poderiam ter vindo falar comigo antes né? Como se lesse minha mente a garota de mexas continua. – Desculpa não ter vindo falar com você antes.

- Tudo bem. – Dou um sorriso amarelo. A garota de cabelo comprido abre a boca e a fecha logo em seguida, como se fizesse menção de dizer algo.

- A propósito meu nome é Larissa e essa é a Letícia. – A menina de mexas diz sorrindo tentando interromper o clima tenso.

- Eu sou Beatriz.

As duas meninas sorriem.

- Nós temos aula de Educação física agora, então já vamos indo. – Larissa fala.

- Venha comer com a gente nos intervalos. – Letícia propõe. Afirmo com a cabeça e aceno enquanto elas saem lado a lado.

Realmente não sou boa em fazer novas amizades, porém para um começo não foi a pior coisa do mundo.

Clichê AmericanoWhere stories live. Discover now