Capítulo 45

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Encontro uma passagem para a noite do dia seguinte e é essa mesma que compro. Preciso ir o quanto antes para não perder muita aula.

A despedida não foi muito triste, tive que lembrá-los que seria melhor para mim, e que eu voltaria logo. Depois de longos – e muitos – abraços, finalmente fui embora rumo a minha cidade natal. E no avião minha mente começou a viajar. Repasso em minha cabeça tudo o que aconteceu nos últimos meses. Apesar de todas as coisas ruins, passei por momentos incríveis, e mesmo que o que eu tinha com Bernardo tivesse acabado agora, jamais esquecerei o que aconteceu entre nós.

Não quero ser uma pessoa quebrada. Eu quero conseguir me levantar sempre, idependente do que aconteça. Talvez esteja fugindo agora, mas apenas porque preciso desse tempo para mim. Vou usar essa oportunidade e meus erros para aprender, e isso que importa. Mas me permito sofrer por agora, dentro de mim e de meu coração, meu mundo estava ruindo, e essas ruínas não eram nada bonitas, muito menos históricas, eram aquelas do tipo que você quer esquecer para sempre. E com um pouco de esforço, eu esquecerei.


***


Minha tia Marília e Gabi estavam esperando no areporto, nunca achei que pudesse ficar tão feliz de ver alguém na minha vida. Minha tia era a cópia da minha mãe, porém um pouco mais nova, ela havia se casado à menos de um ano e estava aproveitando a vida de casado por enquanto.

- Bia! – Gabi grita. Eu sorrio e caminho em sua direção, mas quando ela me abraça, sinto meus olhos começarem a embaçar e lágrimas começarem a cair. Não era por que eu estava emocionada de vê-la, não sabia direito o porquê, mas sabia que tinha a ver com meu recente coração partido. – Ah Bia! – Ela exclama com um pesar na voz e passa suas mãos pelos meus cabelos. – Vai ficar tudo bem. – Ela sussurra e acredito em suas palavras.

Minha tia morava em um apartamento e não em uma casa. Era bem espaçoso, porém não era extravagante. Tinha duas suítes e um quarto normal e ela deixou que eu ficasse com a suíte. Eu não trouxe muitas coisas, saí com pressa então tive que escolher bem o que levar. O quarto era bem branco e não tinha quase nada, e como eu não trouxe decoração, ele continuaria assim, por um momento sinto inveja da coleção de livros de Bernardo. Balanço minha cabeça tentando afastar esse nome e essa pessoa da minha mente.

- Passado é passado. – Sussurro para mim mesma.

- Bia? – Minha tia aprece na porta e se apoia no batente. – Sei que não tem muita coisa, mas se precisar de ajuda, pode pedir.

- Não, está ótimo tia, obrigada. – Eu respondo e forço um sorriso.

Olho ao redor do quarto. A cama era um pouco menor do que a que eu tinha na minha outra casa, mas para mim não tinha problema. Tinha uma mesa parecida com uma escrivaninha, o que era perfeito para mim, um criado mudo ao lado da cama, e um armário na parede. Começo a desfazer minha mala e guardar as coisas. Era até triste de se ver, não tinha quase nada e minhas coisas não ocupavam nem metade do armário.

Sento na borda da cama e encaro o chão, vai ser um pouco triste não ter meus pais por perto, mas vou me acostumar e tudo vai ficar bem.

No dia seguinte vou até a escola com Gabi. Não estava nervosa, as coisas seriam como sempre foram. Vou até a secretaria para arrumar as coisas da minha matrícula e Nádia, a secretária, me atende.

- Bia! Você está de volta! Que surpresa maravilhosa! – Tenho vontade de soltar uma risada sarcástica, mas me seguro. Apenas forço um sorriso.

Clichê AmericanoWhere stories live. Discover now