Capítulo 34

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Acordo com os raios de sol entrando pela janela. Fico deitada na cama por uma fração de tempo, pensando sobre o que eu faria nesse dia que provavelmente seria extremamente tedioso. A primeira coisa que vem na minha mente é chamar as meninas para virem em casa, chega até ser estranho o fato de nós três estarmos saindo com garotos ao mesmo tempo. Isso seria muito difícil de acontecer com Gabi porque eu não consigo imaginar a garota em um relacionamento, depois de tantos anos de amizade, sei bem onde me meti.

Depois do que pareceu uma hora, decido levantar da cama.

Estou sentada na mesa de jantar agora, e minha mãe está na minha frente bebericando seu café. Ela percebe que estou a encarando, e lança um olhar acusador antes de perguntar:

- O que foi?

- Acha que eu mudei muito? – Pergunto e ela franze a testa. – Por causa do meu namoro e tudo mais. – Explico. Ela encara o teto por um tempo pensando em como soltar as palavras que estavam prestes a sair pela sua boca.

- Acho que esse tipo de coisa acontece. As pessoas mudam por outras. Nem sempre as mudanças são boas, é claro, mas é impossível não mudar, nós estamos sempre mudando. Constantemente.

- Eu estava esperando por uma resposta um pouco mais direta e menos filosófica. – Digo e ela solta uma risadinha baixa.

- Bem, respondendo sua pergunta então, acho que você mudou bastante. Para melhor. Bia, não tem problema deixar as outras pessoas te fazerem feliz. Você precisa dar espaço para o amor de vez enquando. Isto é, se você realmente o ama. – Ela dá uma pausa antes de continuar, e coloca a caneca na mesa. – Sei que você sempre foi idependente e nunca precisou de ninguém para ser quem você é, mas não tem problema deixar as pessoas te mudarem, você precisa estar aberta para novos relacionamentos sempre, sejam amorosos ou qualquer outro tipo de ligação que você poderia ter com qualquer outra pessoa.

Fico em silêncio por um tempo encarando a toalha de mesa e brincando com a linha que estava solta. Eu era tão fria antes? Nunca percebi isso.

- Eu era muito mal-humaorada? – Pergunto. Ela levanta as sobrancelhas quase sarcasticamente.

- Você? Estava impossível desde que falamos que íamos nos mudar. – Ela ri. – Mas depois que você fez amigos, as coisas aliviaram para você não? É isso que eu quero dizer, você vai sempre ser mais feliz se estiver rodeada de pessoas que gostam de você, e por isso você precisa dar chance para as pessoas se aproximarem.

- Então acho que talvez tenha aprendido minha lição. – Digo num murmúrio. – Mas mãe? E se ele quebrar meu coração? – Me surpreendo com a escolha de palavras que usei, isso era totalmente não Beatriz, mas acho que aparentemente eu realmente não sou mais a mesma.

- Ai faz parte, você cai, sofre por um tempo, mas levanta mais forte. Você segue em frente e vai perceber que o erro foi dele, de ter perdido uma garota incrível como você. – Minha mãe solta um suspiro. – Bia, a gente não tem como saber até que as coisas acontecem, mas ter o coração partido não passa de aprendizado.

Eu reflito um pouco. O sofrimento por amor era inevitável certo? Mas como me preparar para algo desse tipo? Para o sofrimento? Eu não tinha respostas para essas perguntas. Tinha que fechar os olhos e viver sem medo do que pode acontecer, por mais que isso me assuste.

***

Larissa e Letícia chegam duas horas depois de eu ter as convidado. Não íamos fazer muita coisa além de conversar, apesar de termos nos visto durante as férias, nós três estávamos quase sempre em companhia dos garotos.

Clichê AmericanoWhere stories live. Discover now