Capítulo 47

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Bernardo


Já fazem seis dias que não falo com Bia. Ela me bloqueou em todos os lugares e isso me deixa com raiva porque acho uma atitude infantil pra caralho. Ela não me deu a chance nem de me explicar e isso é extremamente injusto, porque o que ela viu, não foi bem o que aconteceu.

Desde o que aconteceu na festa, todas as pessoas ficam me olhando e tenho vontade de socar todo mundo. Tenho evitado Melissa o máximo que consigo porque ela é muito irritante e não consigo acreditar que um dia fui cegamente apaixonado por ela. Ela fica espalhando esse boato de que eu não consegui aguentar e voltei para ela, mas não estou com paciência para essas gracinhas e fofocas que estão rolando pelos corredores.

Bia faltou a semana inteira na escola e isso me preocupa porque ela não gosta de perder aula. Não acredito que ela esteja tão chateada a esse ponto. Estou com tanta raiva esses últimos dias que não estou com paciência para nada e nem ninguém. Letícia e Larissa também têem me evitado e eu até entendo o porquê, mas porra, ninguém me dá a chance de explicar nada.

Armaram para gente. Patrícia e Melissa. Não achava que elas eram tão sujas à ponto de fazer isso, estragar o relacionamento dos outros a força, e fico muito chateado porque Bia sabia que Melissa era assim, e ela não me falou nada, boa demais para mim, não querer estragar as minhas amizades.

Mas não vou mais esperar, não posso mais esperar. Decidi por conta própria que iria dar a ela um espaço, mas esse tempo acabou, sou egoísta e falo mesmo, quero ela de volta.

- Preciso falar com vocês. – Digo para as amigas de Bia no intervalo. Elas estavam sentadas na mesa de sempre e não podiam fugir agora. Vejo elas trocarem um olhar furtivo e eu seguro o impulso de revirar os olhos. Eu realmente não estou com paciência. – Não foi o que aconteceu. Eu não beijei Melissa, ela me beijou. – Depois de falar isso penso em como deve ter soado estranho. Balanço a cabeça. – Quero dizer, elas armaram para gente. A Patrícia me falou que Melissa tinha que falar comigo e era muito urgente, ela não parava de chorar e coisa do tipo, e eu fui. Foi idiota, eu sei. Dai a garota me beijou do nada! Depois que a impedi era tarde demais porque Bia já tinha visto tudo. – Estou desesperado e acho que elas são as únicas que podem me ajudar. Larissa me olha um pouco preocupada e Letícia não sabe no que acreditar. – Sei que é difícil de acreditar, mas eu amo ela, jamais faria algo desse tipo para machucá-la. Juro.

- Ah Bernardo... – Larissa começa a falar mas eu a interrompo.

- Preciso falar com ela, porque ela está faltando? – Pergunto. As duas trocam outro olhar, porém dessa vez... chateado. Estranho.

- Bia voltou. – Letícia responde e eu paraliso. Como assim voltou? Voltou para onde? O que foi que eu fiz?

- Como assim? – Pergunto mas sei que minha voz sai rouca e trêmula. Estou com medo da resposta, porque eu tenho quase certeza de que sei sobre o que ela está falando.

- Ela voltou para Porto Alegre, Bernardo. Disse que estava chateada e que precisava de um tempo para ela. – Larissa responde. Como ela foi capaz de fazer isso? Como ela foi capaz de achar que eu faria isso com ela? Depois de todo esse tempo, tantas discussões e problemas... Não quero acreditar nisso.

- Vocês estão zuando. Não é verdade. – Falo inconformado. Elas me olham balançando a cabeça em negativa, com pena no olhar o que me deixa irritado. Puxo meus cabelos em frustração. Não acredito. Esse não pode ser nosso fim, não vou deixar isso acontecer. Bia foi uma luz em toda a escuridão que era minha vida. Toda a escuridão dentro de mim. Não posso perdê-la. Coloco as mãos na cintura e olho ao redor do refeitório. Eu poderia muito bem bater em alguém agora. Victor está lá com sua cara esnobe rindo, ele deve estar puto comigo por Melissa ter me beijado, será que se eu o incomodar ele vai me socar? Sinceramente, eu ficaria grato. Espanto os pensamentos. Bia não iria querer isso. O que essa garota fez comigo? Ao invez disso, decido ir para casa. Não estou nem aí em perder aula mesmo. – Tá, obrigado. – Agradeço as duas e saio.

Clichê AmericanoOnde histórias criam vida. Descubra agora