Capítulo 16

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Eu volto para casa devastada, eu estava me sentindo mal por ele, talvez ele tivesse certo, eu não devia me intrometer na sua vida pessoal, mas ele precisava entender que a melhor coisa a se fazer em situações como essa é compartilhar com alguém e não guardar por tanto tempo, pois um dia tudo acumulado simplesmente explode. Eu fiz uma promessa a ele e não iria mais falar com ele, eu teria que me virar de agora em diante com a matéria de química, mas minha preocupação era ele em si. Eu nunca havia me preocupado com ninguém que não fosse meus pais ou a Gabi, e por alguma razão isso me assustava.

Durante a janta a campainha tocou.

- Está esperando alguém? - meu pai pergunta a minha mãe.

- Não. Você está Bia? - ela responde. Nego com a cabeça. Ela afasta a cadeira e deixa os talheres em cima do prato em uma posição corretamente irritante. Ela abre a porta para ver quem era enquanto eu e meu pai continuávamos comendo normalmente. - Bia, é pra você.

Eu estranho é claro. Meu primeiro pensamento me leva a Larissa ou Letícia talvez, quem poderia ser aquela hora da noite? Porém quando a porta entra em meu campo de visão, quando vou da sala de jantar à sala de estar me deparo com Bernardo desajeitado na entrada. Tive que me segurar para que minha boca não abrisse. Aquele dia estava sendo uma completa surpresa para mim.

- Oi. - ele dá um sorriso amarelo.

- Oi. - respondo. 

- Bia? - minha mãe pergunta como se quisesse apresentações formais.

- Ah. Sim é claro. Mãe esse é Bernardo, o garoto que estava me ajudando a estudar. - respondo.

- Olá Bernardo! - ela sorri. Sinto minhas bochechas corarem, e naquele momento tive vontade de enfiar minha cabeça em um buraco e não sair nunca mais. - Entre. - minha mãe diz e faz sinal com a mão pedindo para que ele entrasse. Ela fecha a porta atrás dele. - Quer jantar? 

- Não obrigado. - por sorte ele recusou o jantar. Minha mãe andava na frente, seguida por Bernardo, para minha infelicidade ela o levou em direção a cozinha, afinal o que ele queria? Meu pai levanta o olhar do prato e encara nós três, passando o olhar de minha mãe para Bernardo e de Bernardo para mim, novamente como esperasse que alguém explicasse alguma coisa.

- Pai, esse é Bernardo. - tomo a iniciativa. Ele se levanta e o cumprimenta com um aperto de mão.

- É, se não se importam vamos conversar em meu quarto. Ok? - digo interrompendo o clima tenso. 

- Ok. - minha mãe me olha com um olhar travesso e logo a calo com um olhar severo. Encaminho Bernardo até as escadas para que possamos chegar ao meu quarto.

Chegamos ao meu quarto sem trocar nenhuma palavra. Quando chegamos ele olha em volta observando as coisas que eu tinha. Me encosto na borda da cama com os braços cruzados, mas ele continuava a olhar, ele olha minha escrivaninha com as lições recentes e canetas espalhadas, os milhares livros nas estantes, e o varal de fotos que eu tinha, com fotos com minha família, fotos com a Gabi e uma da minha sala inteira no último dia de aula. Limpo a garganta para chamar sua atenção. Ele volta seu olhar para mim.

- E então? - pergunto arqueando as sobrancelhas.

- Está tudo bem? - ele pergunta meio envergonhado. Dou de ombros

- Acho que sim e você? - ele apenas afirma com a cabeça ao mesmo tempo que cerra os lábios. - Que bom.

- Bia... Você estava certa. - ele vai direto ao ponto. Ele desperta minha curiosidade. Não digo nada incentivando-o a continuar. - Ter dito a verdade e desabafado com alguém foi bom. - ele da uma pausa. - Acho. - ele acrescenta. Disfarço um sorriso. - Então sera que poderia desconsiderar nossa discussão? A tarde na rua?

Clichê AmericanoWhere stories live. Discover now