Capítulo 12

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De todas as coisas que poderiam acontecer, a que eu menos esperava é que algum menino a não ser Bernardo viesse falar comigo. Mas aconteceu. Eu estava no meu armário guardando meus materiais quando uns amigos de Bernardo se aproximaram com seus sorrisos maliciosos e dentes perfeitos.

- Ora ora, se não é a esquisitona amiga de Bernardo. - um garoto loiro com o moletom do time de futebol do colégio diz. Engulo em seco, mas tento parecer calma e indiferente e apenas os ignoro. Um dos meninos fecha meu armário com força fazendo um barulho enorme. Dou um leve pulo e me viro para encara-lo. Os garotos riem. - Qual é "Bia". - diz fazendo aspas com os dedos. - Não vai estudar hoje? - pergunta zombando.

Eles continuam a rir e batem nas mãos uns dos outros.

- Me deixa. - digo revirando os olhos.

- Uou! - ele sorri e levanta os braços em um sinal exagerado de redenção. - Calma princesinha. Uma pena Bernardo não estar aqui para te proteger né. Você tem medo dele? - ele pergunta olhando em meus olhos e dando ênfase na palavra medo. Não me deixo intimidar e retribuo o seu olhar, eu podia jurar que quem nos visse conseguiria ver os raios e faíscas que saiam de nossos olhos.

Escuto alguém pigarrear atrás do garoto loiro. Volto minha atenção para pessoa que pigarreou e vejo Bernardo apoiado no armário despreocupado. Quando o menino loiro se vira e vê Bernardo ele aparenta estar mais surpreso do que eu.

- Qual é Victor, a garota já é patética, você não precisa irrita-la e deixa-la ainda mais. - ele diz ainda despreocupado olhando para as unhas.

O garoto chamado Victor o encara, tentando desvendar se Bernardo estava sendo irônico ou se estava me ajudando e defendendo. Por fim ele diz:

- Tem razão. Patética. - ele ri e vira as costas seguido por seus amigos.

Eu estava brava por Bernardo ter me chamado de patética, por outro lado ele estava me defendendo, não estava? Encaro o chão sem dizer nada.

- De nada. - Bernardo diz sério com seus olhos castanhos incrivelmente claros voltados para mim. Me sinto obrigada a desviar o olhar, mas não deixo de agradecer.
- Obrigada. - digo timidamente, e quando me dou conta ele já estava indo em direção à sala de aula.

Naquela noite termino a lição de casa rapidamente, apesar de eu não ser boa em química, em todas as outras matérias eu era ótima, e nunca tive dificuldade. Termino os exercícios que Bernardo tinham me passado também, pois dia seguinte seria quinta-feira e se tudo ocorresse bem e não estivermos brigados vamos estudar. Eu estava cansada de minhas brigas constantes com Bernardo, apesar de não serem 100% minha culpa se não fosse por seu temperamento confuso, não seria tão difícil de conviver com ele.


***


O sinal bate, e saio correndo para não me atrasar para aula. Quando eu entro apressada na sala sem querer trombo com Bernardo, e acabo derrubando todas as minhas coisas no chão.

- Você não olha por onde anda por acaso? - ele pergunta semicerrando os olhos.

- Olho sim, talvez seja você que não olhe. 

- Sério Bia? Que argumento fajuto. - ele zomba e se abaixa para me ajudar a recolher meus materiais. Talvez eu esteja parecendo uma criança por estar discutindo desse jeito com ele, mas eu odiava ficar sem fala.

- Pelo menos tenho um argumento.

Ele revira os olhos e me entrega alguns de meus cadernos.

- Te vejo as 14. - ele diz e sai.

Clichê AmericanoWhere stories live. Discover now