Um romance clichê

Prólogo prolongado

Estavam os dois sentados no chão da sala, cada um com um pote de sorvete na mão, já que ela não iria dividir o dela, ele como sempre ouvindo o seu drama e ela como sempre sendo mais dramática que o necessário.

- Sério, o mundo não vai acabar!

- Vai sim!

- Você sempre diz isso e o mundo nunca acaba.

- Só que dessa vez é diferente.

- Você sempre diz isso também.

- Eu sinto que é, no fundo da minha pobre alma.

- Você é sempre tão dramática.

- E você é sempre tão insensível.

- Eu só estou tentando te fazer entender que não é tão grave assim!

- É muito grave, eu achei que ele seria o pai dos meus filhos.

- Você só saiu com ele algumas vezes.

- Mas ele era diferente...

- Você já disse isso, e isso não é nada especial já que a idéia era você encontrar alguém diferente dos outros, apesar de que, todos sempre são diferentes e no fim o drama é o mesmo!

- Isso não esta ajudando muito, melhores amigos gays apoiam as amigas e não fazem com que elas se sintam uma caça maridos!

- Eu não sou gay!

- Poderia fingir.

- Não vou fazer isso só pra você ter um amigo acessório, e também não te chamei de caça maridos.

- A palavra acessórios não é muito máscula.

- É assim que a Soraya chama essa nova moda de melhor amigo gay, ela esta certa, melhor amigo tem que ser assim, como eu e você, pela amizade e não por tendências.

- Hoje você esta muito chato e eu odeio a Soraya!

- Ela é minha namorada, se acostume, já tem cinco anos.

- Nunca!

- Eu sempre respeito suas escolhas, e olha que nesses cinco anos em que estou com a Soraya eu já vi você escolher muito.

- Sério que você vai comparar minha vida amorosa com a sua?

- Estabilidade é uma conquista!

- Claro que é, você conquistou estabilidade, monotonia, tédio, caseirisse...

- Pelo menos eu não estou chorando por alguém que conheci na Internet e sai duas vezes.

- Pelo menos eu vivo e tenho historias pra contar.

- Pelo menos eu não sou sempre o bobo da historia.

- Pelo menos as pessoas com quem eu sai não se pareciam com robôs

- Pelo menos... pelo menos... sério! Você tá muito chata!

- Se eu sou tão chata por que você ainda esta aqui? Vai lá com a Soraya a namorada perfeita assistir á um filme mudo francês enquanto vocês estão sentados no sofá de baixo das cobertas e de meias!!

- Quer saber eu vou mesmo!

E ele foi, bateu a porta e levou seu sorvete de flocos juntos, e ela estava tão furiosa por ele ter ido e não ter deixado o sorvete que esqueceu que o mundo iria acabar por que o "futuro marido" não ligava mais fazia uma semana.