Capítulo 6

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O gato fica sim, já era hora de superar o medo, agora só faltava escolher um nome bonitinho pra ele que seria Batgato ou Banguela, apesar de ser chamado constantemente de Catnip... ele era cinza com listras pretas, olhinhos azuis e uma cara de gato vira latas, não era o gato mais carinhoso do mundo, era um filhotinho medroso, curioso e desconfiado... Era o gatinho mais imperfeito de todos e talvez por isso tenho sido amor á primeira vista. O gato fica e pronto, ele já faz parte da historia e é capaz de ganhar um romance antes do final. E foi no meio de pensamentos sobre um gato sem raça e sem educação que ela viu que o Júlio esqueceu vários documentos em cima da mesa dela, poderiam ser importantes e ela tinha que devolver e mostrar á ele a foto que tirou do Catnip dormindo no sofá, pegou a papelada e já ia levando quando percebeu um envelope pequeno com o nome da Soraya, era uma carta de resposta do Júlio e estava claro que ela não deveria ler, mas era uma pessoa medrosa, curiosa e desconfiada e viu na carta uma chance de descobrir o que se passava, é claro que ela ia ler a carta que ele (que por acaso era uma pessoa que nunca esquecia nada) esqueceu na mesa dela, o cosmo conspirava para essa descoberta...

Soraya

Sei que não tenho sido o melhor namorado do mundo pra você, e que isso vem te magoando cada dia mais, eu não pisquei para a garota errada naquele dia e se estamos juntos hoje é por que realmente sinto algo por você. Minha amizade com a Anna nunca passou de amizade, e sempre deixei isso bem claro, nunca passou pela minha cabeça algo alem disso, mas entendo sua posição e que realmente tenho passado muito tempo com ela nesses últimos cinco anos, é que ela parece sempre precisar de mim e eu me sinto responsável por ela.

Vamos tentar mudar isso e nos esforçar mais para continuarmos juntos, eu e você contra o mundo? Render se nunca, retroceder jamais?? Você detesta quadrinhos... mas é assim que consigo expressar o quanto não quero desistir de nós.

Júlio


Isso doeu de um jeito que ela não pensou que doía, era culpa dela, era ela que estava atrapalhando tudo e a Soraya era a garota certa, nunca foi ela e pela primeira vez ela pensou como tudo seria diferente se nunca tivesse ido a biblioteca naquele dia. O pior é que ele se sentia responsável por ela como se ela fosse uma criança. Foi como no dia em que o cara da fisioterapia chamou ela pra sair, demorou pra isso acontecer e ela estava cansada de fingir que estava perdida no outro prédio e perguntar pra ele onde ficavam os lugares, ela passou a semana fazendo dietas, comendo alface, gastou um dinheirão com salão de beleza, vestido e sapatos novos que o Júlio ajudou a escolher, passou e repassou mil vezes com o Júlio o que podia e não podia falar em um primeiro encontro, testou seis tipos de maquiagens das quais o Júlio selecionou 3 pra que ela tivesse opções no dia e também foi ele que comprou o remédio quando ela teve um probleminha de regulação intestinal devido o excesso de alface um dia antes do encontro, foi o Júlio o tempo todo e no momento em que ele saiu tudo começou a desandar, quando o cara chegou ela decidiu trocar de roupa, por que aquela não parecia boa, refez a maquiagem pra combinar, procurou outros sapatos, colocou outra meia calça por que desfiou aquela... refez tudo e se esqueceu de tudo o que tinha que dizer, então quando abriu a porta viu que ele tinha desistido, ela teve certeza que foi por causa a loira bonitona da turma de economia, é claro que eles fugiram pra Las Vegas pra se casar e ela precisou do Júlio para recolher seus pedacinhos...foi ai que começou sua dependência pela amizade dele. Na segunda ela encontrou o cara da fisioterapia e exigiu uma explicação dele que foi bem simples:

- Você é doida, primeiro quase implora pra eu te chamar pra sair e depois me faz esperar mais de 40 minutos na porta... podia ter me deixado entrar...

Ele nem sabia quem era a loira da economia e no fim nunca contou pro Júlio que quem estragou tudo foi ela, não queria que ele achasse ela uma idiota. Ela queria nunca ter lido aquela carta, mas sabia que ler é o que salvaria o restante da dignidade que lhe sobrara, pegou o telefone:

- Charles, você ainda quer almoçar comigo hoje?

- Pensei que fosse almoçar com seu amigo pra tentar descobrir o que esta acontecendo.

- Ele não precisa de mim.

- Ok, 13:30?

- Tudo certo!

O Júlio não precisa dela e ela não precisa mais do Júlio. Pela milésima vez ela era a boba da própria historia e dessa vez o Júlio não iria recolher nenhum pedacinho, chega de Júlio, de sorvetes e de dramas desnecessários!

- Você não me parece muito bem... não sei se a salada tem culpa disso.

- Eu estou ótima!

- Já passamos daquele estagio em que você mente e eu finjo que acredito.

- É o Júlio... ele acha que eu atrapalho a vida dele, pensa que sou dependente dele e que não posso me virar sozinha... sou um atraso de vida... trabalho na mesma empresa á 2 anos só pra poder trabalhar com ele e agora descobri que ele não acha isso a melhor coisa do mundo, acho que o mundo vai acabar.

- É o que parece.

- Você pode pedir uma taça de sorvete pra mim?

- Vou pegar uma caixa de lenços também.

- Ele poderia ter esperado minha TPM ir embora pra esquecer aquela carta.

- Que carta?

- Aquela em que ele praticamente termina a nossa amizade.

- Ele te disse tudo isso por carta? Que falta de consideração... ele não merece uma amiga tão meiga e delicada.

- O pior é que a carta nem era pra mim, era pra Soraya! Ela vai dar pulos de alegria quando ler.

- Ele te entregou uma carta que não era pra você?

- Não, eu achei a carta e li.

- Nossa, parece coisa de novela mexicana.

- Eu adoro novelas mexicanas.

- Eu também, tenho Mari Mar e Maria do bairro gravadas.

- Eu amo a Thalia.

- Ela é incrível!

- Queria ser ela.

- Você é ótima assim.

- O pior é que o Júlio tem razão em tudo o que disse.

- Mude isso se esta te incomodando.

- Vou ter que fazer isso sem ele.

- Ele não é seu namorado e não esta terminando com você, a não ser que você esteja apaixonada por ele, isso vai passar logo.

Ela não estava apaixonada por ele e, eles eram só amigos e ele deixou isso mais que claro na carta, não que antes não estivesse, estava! Era isso, as coisas iam mudar e isso ia ser o melhor pra todo mundo, chega de dramas!

- Se você quiser podemos fazer uma maratona de novelas mexicanas esse fim de semana.

- Vamos!

oa

Um romance clichêМесто, где живут истории. Откройте их для себя