Capítulo 2

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     Eles estavam na livraria, o Júlio precisava de um livro e a Anna tinha comprado uma estante maior que precisava ser preenchida e essa foi a desculpa perfeita para dar explicações do motivo de estarem juntos depois de passar o dia todo trabalhando na mesma empresa, claro que não estavam juntos na empresa, mas mesmo assim sempre se encontravam na mesa do cafezinho (com uma garrafinha de chá), só que as coisas pareciam diferentes de uns tempos pra cá estar junto o tempo todo parecia um pouco demais... Eles nunca iriam admitir isso!

- Eu estava pensando...

- E não doeu?

- O que?

- Pensar!

- Por quê?

- Deixa pra lá...

- Não entendi.

Talvez fosse loucura, mas era essa falta de inteligência do mal que as vezes ela demonstrava que ele achava mais bonito nela, foi assim quando se conheceram toda aquela confusão misturada com uma falta de malícia pra entender que se alguém esbarra em você mais de uma vez era por que esse alguém quer alguma coisa com você. Ele lembra do momento em que entrou na biblioteca e viu que sua mesa de sempre estava ocupada por uma garota que parecia ser igual a todas as outras novatas com aquele ar de quem acaba de descobrir que não pode mudar o mundo por que tem muitos trabalhos pra fazer, a diferença é que seu cabelo estava todo bagunçado e ela não parecia se importar com isso, ele achou aquilo divertido e precisava disso depois de terminar um namoro de seis anos por causa da distancia ( e de um cara chamado Lenni cheio de tatuagens e uma moto que leva sua ex namorada na garupa), o problema é que já fazia tempo que ele não fazia isso e pressionado por toda aquela agitação de inicio de aulas, fim de namoro e tentativa de conquistar a novata o seu velho inimigo do tik no olho direito voltou e assim que ele olhou pra ela e percebeu que ela o encarava ele teve que olhar pro lado, na direção dos livros de francês onde uma moça com ar de bibliotecária sorria pra ele, quando voltou a olhar pra outra moça, a que tinha cabelos bagunçados ela continuava a lhe olhar, com um sorriso amigável, uma certa decepção e uma confusão de pensamentos, e foi ai que ele percebeu que a confusão não era por causa do primeiro dia dela, isso fazia parte dela e por isso ela não deveria ser igual as outras e muito menos alguém só pra diversão.

- Depois eu te explico, Agora me diga seus pensamentos.

- Acho que ele não é meu futuro marido.

- E como você chegou a essa conclusão? Estava tão animada quando ele te ligou.

- Ele quer me levar ao boliche e depois quer ir ao cinema.

- E qual o problema?

- Eu não sei jogar boliche e prefiro ir ao cinema sozinha.

- Casais precisam ceder e ir ao cinema pode ser algo romântico

E ele disse isso com um livro de romance que tinha um casal abraçado na capa, ela fez uma careta antes de responder á essa pergunta.

- Odeio romances!

- Você sempre lê romances.

- Eu gosto de ler de tudo um pouco e leio romances para poder dizer que odeio, não se pode criticar algo que não se conhece.

- Você adora clássicos e alguns de seus livros favoritos são romances.

- Eles são diferentes, sem muitos clichês, exageros, casais que se apaixonam á primeira vista, amores obsessivos com homens fortes e brutos com problemas de controle de raiva e que tem ciúmes de tudo e todos, mas que com as namoradas são completamente patéticos.

- Que bela sinopse de romance. Você não quer um cara protetor que vai te salvar dos caras maus?

- Eu faço aulas de defesa pessoal.

- Eu sei, eu dou aula de defesa pessoal pra você todas as terças.

- Melhor professor e melhor aluna.

- Se você não gosta de romances, por que tem feito tantas tentativas?

- Por que eu quero aquilo!

Apontou pra um casal de velhinhos que brigavam pra ver quem tinha mais dor nas costas.

- Você quer brigas na terceira idade?

- Não, eu quero ter com quem brigar na terceira idade.

- Você já briga comigo o tempo todo.

- É diferente, você tem a Soraya e só vai querer brigar com ela quando ficarem velhinhos e eu vou ter que brigar com os 9 gatos e 12 cachorros que peguei na rua pra criar.

- Que exagero, você tem medo de gatos e eu e a Soraya nunca brigamos, quando temos algum problema escrevemos cartas.

- Ridículo isso!

- Não, isso é amor.

- Cada um nomeia como pode

- Qual o seu problema com relacionamentos estáveis, não me lembro de nenhum que tenha durado mais de um mês.

- Eu não sei, acho que eu espero por algo diferente.

- Você devia tentar menos

- Olha só quem fala, você deveria tentar brigar com a Soraya pra ver se ela esquece um pouco da França.

- Ela diz que eu me pareço com um francês.

- Me recuso a comentar isso, por que você me chamou par vir á livraria mesmo?

- A Soraya quer um livro sobre dialogo entre casais.

- E qual o nome desse livro?

- "Casais que conversam e se comunicam não se irritam: evitando uma separação"

- Um livro que aumenta o prazo de validade de uma relação.

- Ela acha que tenho dificuldades em me comunicar.

- Peça á ela pra trocar os filmes mudos franceses por filmes falados dublados e talvez assim o problema de falas acabe.

- Você é sempre tão meiga e prestativa. Pra que esses livros de romance na mão?

- Acho que vou levar.

- Pensei que você não gostasse de romances.

- Estou pensando em dar uma chance para esses aqui, eles me parecem ser diferentes dos livros de romance que eu não gosto.

- Você e sua mania de coisas diferentes.

- Eu nunca fui igual.

- Achei o livro!

- E esses jogos na mão?

- Presentes para você.

- Você esta destruindo o dialogo da nossa relação, melhor pegar um livro desse pra mim.

- Você já fala demais, eu sempre sei o que você esta pensando.

- Sabe nada! Prove e me diga o que eu estou pensando agora!

- Em me mandar pra fila pra você poder ir paquerar aquele cara na parte de livros do Nicholas Sparks.

- Sabe tudo!

Um romance clichêWhere stories live. Discover now