Capítulo 4

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- Você já tomou café aqui??

- Eu sempre tomo chá, mas estou gostando do café

Ela não sabia mentir e pra sorte dela não tinha um espelho lá pra ela ver isso.

- É bom achar alguém com o gosto literário parecido com o meu, adoro romances.

- Eu também, romances são tão românticos.

Ela não era assim, e não entendia por que estava fazendo isso agora, se o Júlio estivesse aqui... O Júlio, ele não estava bem e isso não estava deixando ela bem, ele não escondia nada dela e agora parecia tão distante.

- Eu devo mesmo ser uma péssima companhia.

- Por que você esta dizendo isso??

- Você faz careta sempre que toma o café, e ouvi você dizer pro seu amigo que odeia romances... alem disso eu já perguntei 3 vezes se você quer um pedaço de bolo e você nem respondeu.

- Ah, me desculpa... eu não sei o que esta acontecendo comigo hoje, acho que estou preocupada e estava querendo te agradar.

- Por quê??

- Eu não sei, você me parece um cara legal e eu queria que você gostasse de mim... eu nunca fiz isso...

- Você nunca tomou café com alguém??

- Não é bem isso, mas eu realmente nunca tomei café com outra pessoa, por que eu não tomo café.

- Agora estamos conversando honestamente!

- E eu também não fico mentindo em encontros, geralmente eu mal uso maquiagem em primeiros encontros.

- Por que isso, mulheres amam maquiagens.

- Quando o cara ainda não me conhece pessoalmente, esses encontros as escuras marcados pela Internet ou por amigos com mania de cupido, eu prefiro ir mais natural, se ele me achar bonita desse jeito não tem como dizer que eu enganei ele depois.

- Teoria boa essa e o que esta te preocupando?

- Meu amigo, ele esta preocupado e eu não sei com o que.

- Se você não sabe então não deveria se preocupar, se fosse grave ele te contaria.

- Mas ele sempre me conta tudo.

- Isso é impossível, todo mundo tem segredos.

- Eu e ele não.

- Ele sabe de tudo??

Ela pensou e lembrou... nunca contou pra ele o que pensou no dia em que o viu entrando na biblioteca, no começo por vergonha e depois por que ficou sem importância e também não contou que o autor do livro que ele comprou hoje era conhecido por se divorciar 8 vezes e ser um charlatão no mundo da psicologia.

- Esta vendo, você tem segredos.

- Você tem razão.

- É um dom que eu tenho.

- Que pessoa convencida.

- E então, agora que esta mais verdadeira você quer um pedaço de bolo?

- Sim.

- Ótimo, assim você pode me contar mais desse seu amigo que tanto te preocupa e também vou trocar esse café por um chá.

E ela teve que sorrir, era muita diferença pra uma única pessoa e ao mesmo tempo era muito clichê, talvez ela gostasse do clichê e não sabia disso por que estava sempre fugindo dele, o diferente era o clichê dela e isso ninguém poderia dizer que não era. Mas ela ainda pensava no Júlio e no quanto ele parecia magoado com alguma coisa, eles sempre se ajudavam e era difícil entender o por que de querer fingir que estava tudo bem, não estava e ela tinha certeza disso. Essa situação estava causando uma revolução dentro dela, queria ficar por que nunca foi tão fácil conversar com alguém em um primeiro encontro e também queria ir por que nunca deixou o Júlio sozinho quando ele precisava, com certeza ele estava com problemas em casa e esse deve ter sido o motivo pra ele comprar um livro de auto ajuda, ele repudiava esse tipo de livro. Ela respirou fundo e decidiu ficar, o Júlio teria que resolver seus problemas com a Soraya como um casal e ela teria que aprender a ficar fora disso, focar no que tinha a sua frente... Um bolo de morango com brigadeiro.

No caminho pra casa ele comprou uma arvore Bonsai, achou que isso poderia ser um gesto de paz e que ela enxergasse nesse gesto que ele estava ali e estava tentando fazer o certo. E foi isso que aconteceu, ficou mais feliz ainda quando viu que ele comprou o livro, era uma mulher simples que não precisava de muito, compreensiva, inteligente e madura, chegava ao ponto de ser quase perfeita, não brigava por nada e não reclamava da toalha em cima da cama ou da tampa do banheiro levantada a única coisa que a perturbava era alguém reclamar ou brigar, em casa era proibido levantar a voz e comer carne, ela era budista, era a mulher quase perfeita que exigia algumas perfeições, mas era a mulher que escolheu, ou que o destino escolheu já que nunca contou pra ela que a piscada foi pra mulher errada e que na realidade ele nem estava piscando ou então que nas duas primeiras semanas depois da piscada ele estava apenas sendo educado enquanto ela o perseguia pelos corredores, os 19 esbarrões que ela deu eram propositais e doeram pra caramba, demorou um pouco pra eles namorarem, um ano e alguns meses depois que ele se formou sendo que por um tempo ele pouco a viu já que não estudava mais, foi em uma terça feira em que a Anna estava atrasada para encontra lo na frente da faculdade e ela saiu, trocaram telefones e as coisas começaram a acontecer. Ela dizia exatamente o que queria e entendia todas as suas ironias, ria de suas piadas mais sem graças e mesmo com uma risada forçada ele gostava disso. Não poderia ter duvidas a historia mostrou que ele não piscou pra pessoa errada e agora a que era a garota certa estava tomando café e ele pensou que dessa vez tinha que dar certo pelo bem de todos, eles teriam que aprender a não depender tanto um do outro e deixar que outras pessoas fizessem parte da vida deles.

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Um romance clichêWo Geschichten leben. Entdecke jetzt