Capítulo 9

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Ela não devia ter ligado pro Júlio, como ela iria provar que não precisa dele se na primeira chance que tem já liga pedindo socorro. Não é a primeira vez que ela usa o Júlio como desculpa pra fugir de alguém, uma vez uma amiga da faculdade disse que tinha um primo que viu sua foto no facebook e queria conhece la, ele adicionou ela e eles conversavam sempre por mensagens, mas depois de pouca conversa o cara já começou a falar em relacionamentos sérios, construir família, responsabilidades... era muita informação pra uma semana só e ela decidiu que era melhor nem tentar, explicou pra ele que queria só estudar e trabalhar, se dedicar ao que estava fazendo e não focar em relacionamentos, dois dias depois ele mandou uma mensagem avisando que estava namorando, foi um alivio que não durou muito, já que depois de ver fotos dela abraçada com o Júlio em uma festa ele veio tirar satisfação:

- não entendo você.

- O que você quer entender?

- Você diz que não tem tempo, que esta focada, mas esta indo em festas e saindo em fotos agarrada com vários homens.

- Não era uma festa, era um churrasco e eu estava abraçada com o Júlio. Além disso eu não te devo satisfação de nada do que eu faço.

- Sempre esse Júlio, qual é o seu problema?

- Eu não tenho nenhum problema, gosto de sair e de rir e o Júlio me proporciona os dois.

- Se você gosta tanto de rir por que não namora com um palhaço?

- Já namorei.

- Por isso sua vida amorosa é uma comedia.

- Que não esta disponível para locação.

- Adeus, e não me procure mais.

- Eu estou é correndo de você.

- Muito cuidado com suas escolhas...

E ela ligou pro Júlio, por que teve certeza que o cara era maluco, mesmo com a amiga dizendo que o primo estava em tratamento (ela não tinha garantias de que o tratamento estava funcionando) por isso era melhor fazer as aulas de autodefesa e estar sempre acompanhada (foi uma fase de muitos livros de suspense policial) e o Júlio passou dias andando com ela por todos os lugares e rindo da conversa mais absurda do mundo! E agora o carro dele estava ali na porta e ele não estava rindo, estava com cara de preocupado e o plano dela de não deixar que ele se responsabilizasse por ela foi por água abaixo.

Nenhum dos dois disse nada quando ela entrou no carro, só quando chegou em casa é que ela agradeceu e ele até tentou perguntar o que tinha acontecido, mas antes que ele dissesse alguma coisa ela emendou:

- Prometo que isso não vai se repetir, você não precisa correr pra me salvar e eu não preciso ser salva por você!

- Eu nunca disse isso.

- Não, não disse e nem precisa dizer, obrigada por hoje e me desculpa.

- Tudo bem.

Naquela noite ele ligou e ela não atendeu, o Charles ligou e ela não atendeu e o único que ganhou carinho e teve uma boa noite de sono foi o gato que não estava nem um pouco preocupado com o que se passava a sua volta já que tinha um sofá só pra ele e alguém pra fazer massagem em suas costas depois de um dia exaustivo correndo atras de mosquitos, e ele tinha toda razão em não se preocupar por que o Charles não era um psicopata e o Júlio não se importou nem um pouco em ter que ir busca sua humana, só não podemos dizer o mesmo da Soraya, mas o gato nem sabe quem é a Soraya.

- Você prometeu que não ia mais fazer isso.

- Eu prometi que não passaria tanto tempo com ela.

- Mas foi só ela ligar que você saiu correndo.

- Ela esta com problemas.

- E os nossos problemas?

- Você sempre resolve todos antes mesmo que eu perceba que eles existem.

- Você esta sendo irônico comigo?

- Estou falando sério.

- Foi ela que disse isso pra você

- Não.

Foi sim!

- claro que foi, ela me odeia!

- Ela nunca disse nada e ela não te odeia.

Disse sim e odeia sim!

- não sei se gosto de você agora, amanha resolvemos isso como um casal que se respeita.

- Vamos resolver agora como um casal normal.

- Sua amiga psicóloga falou isso?

- Não.

Não exatamente assim... mas disse sim

- Então amanha conversamos.

- Eu não vou dormir no sofá!

- Nos vamos dormir na cama como um casal.

- Não, eu vou dormir bem longe, fora daqui, preciso de ar e preciso ficar com raiva sem ter que meditar enquanto isso.

- Você vai pra casa dela

- Não.

Ele foi sim.

s:RV;

Um romance clichêWhere stories live. Discover now