Encanto da sereia

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Encarava meu armário, pensativo. Digam-me: que roupa deve-se usar em um luau? Sou tão acostumado a ficar em casa que nem tenho roupa para essas situações em que você... precise sair de casa.

Peguei a primeira roupa que eu vi: Uma blusa azul e uma bermuda marrom, as quais minha mãe me dera no meu aniversário e eu nunca usara. Lembro como se fosse hoje quando cheguei e um embrulho cinza estava em minha cama.

"Use essa roupa algum dia", ela disse, "porque não quero desperdiçar dinheiro e nem te ver trancado em casa!"

Arrumei meu cabelo castanho do mesmo jeito de sempre: um topete desarrumado com um pouco de gel, já que esse é único jeito de meu cabelo não parecer com a penagem de uma cacatua. Passei um perfume só para não passar batido e coloquei meu telefone no bolso.

Zack e eu combinamos de ir juntos. Ele me buscaria em casa de carro às 20:00 horas, já que já fazia autoescola antes mesmo de completar 18 anos. Estava se achando por causa disso, e eu acreditava que, logo, ele iria colocar na cabeça dele a ideia de mudar de casa.

Como previsto, esperei um pouco, já que me arrumo muito rápido, porém o garoto chegou rapidamente na porta de casa e eu entrei no carro de seu pai. Zack não parava de falar um minuto sequer de quanto estava feliz por eu ter ido. Desse modo, percebi que, só por causa de sua companhia, aquele luau já seria bom o suficiente.

Chegamos na praia, e eu pude ver que todos estavam em volta de uma fogueira, sentados na areia, cantando e tocando violão.

Foi a primeira vez que a vi. Aquela menina de olhos verdes, cabelos ruivos de tirar o fôlego, e uma pele corada e macia. Em minha mente, imaginei-a como uma sereia de óculos, cantando e dançando com seu corpo cheio de curvas que me deixou louco.

A vista me impressionara tanto que, agora, a sereia olhava-me intrigada. Sentia-me como se estivesse ouvindo seu canto maravilhoso e descendo para as superfícies do mar, perdendo o ar com tamanho disparar do coração.

Tirando-me do encanto da ruiva, senti uma mão pousar em meu ombro.

-Ei, cara - Zack sussurrou no meu ouvido - Para de babar naquela garota. Tá todo mundo percebendo.

Zack pode ser parabenizado por várias qualidades, mas, o que mais admirava nele era que, diferente da maioria dos extrovertidos, o garoto era discreto quando precisava.

O agradeci silenciosamente e todos foram cumprimentar meu amigo. Zack me apresentou para todo mundo, o que me deixou muito sem graça. Ele sabe que sou muito tímido, mas não faz isso por mal. Talvez seja esse o mal dos populares: querer que todas as pessoas ao seu redor sejam abertas para novas amizades.

Após sorrir para quase todo o Rio de Janeiro, pude constatar que a ruiva não estava mais lá. Fiquei sem saber seu nome e, por isso, naquele instante, agradeci à Deus. Pelo menos minha batalha contra a timidez ficaria para outra hora, e seus encantos me persuadiriam depois.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Kde žijí příběhy. Začni objevovat