Mistério mal contado

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- Stace, o que aconteceu? Você está bem?

- Estou. Eu... levei uma bolada na cara ontem quando joguei vôlei.

- Você me disse que não fazia nenhum esporte... - aquilo parecia uma grande mentira.

- É que eu... fui no clube! Isso! No clube - ela afirmou novamente, tentando acreditar em suas palavras - e joguei vôlei com umas amigas.

- Você disse que não tinha amigas.

Ela parou um tempo, provavelmente tentando formular uma resposta. Então mudou sua expressão de ansiedade para raiva.

- Afinal, o que você tem a ver com isso? O que está fazendo aqui?

- Eu vim aqui saber porque você tinha faltado de aula, te entregar os exercícios de hoje e... Isto - eu entreguei as margaridas para ela.
Ela olhou e deu um sorriso meio torto, passando as mãos pelas flores e sentindo o cheiro delas, parecendo uma princesa da Disney.

- São lindas... São minhas preferidas.

- Que bom que acertei. Agora, posso saber o real motivo de você estar machucada?

Ela deu as costas pra mim, mas não saiu do lugar.

- Por que você se preocupa comigo?

- É o que os amigos fazem. - ou mais que isso também... Espere, o que eu estou pensando?

Ela se virou e deu um sorriso meio triste.

- Não podemos conversar sobre isso aqui... Tem uma lanchonete aqui perto. Posso te contar lá?

- Por mim tudo bem. Mas por que você não pode me contar aqui?

- ... É difícil de explicar. Ninguém da minha família sabe disso. Acho que estou meio louca por querer te contar mas... Acho que posso confiar em você. - olhou para mim e sorriu, já girando a maçaneta.

- Obrigada pela confiança. Não está esquecendo nada? - disse, apontando para seu pijama amarelo de bolinhas rosas.

Ela olhou para seu corpo e começou a rir, pedindo para eu esperar sua troca de roupa.

Enquanto aguardava, coloquei meus cadernos na mesa de centro com os deveres, e tomei a liberdade de ir até a cozinha para pegar um jarro de água, onde colocaria as flores.

- Ficaram lindas nesse jarro. - ela disse, da escada.

Stace estava com uma saia vermelha rodada junto a um suspensório de mesma cor e uma blusa branca de manga curta, além de óculos escuros para disfarçar o olho roxo. De qualquer forma, eu a achava extremamente linda, e tive que desviar o olhar para conseguir assimilar o que ela dizia.

- O-obrigado.

Abri a porta e deixei que ela passasse na frente. Mais um ponto pra mim. Quantos pontos preciso pra zerar esse jogo?
Viu minha bicicleta e disse para irmos nela.

- Acho que não vai dar certo... Ela só tem um banco.

- Confia em mim. Eu e meu irmão vivíamos andando assim quando crianças.

- Se você diz...

Fui primeiro, assumindo o controle, enquanto ela sentou um pouco no banco e um pouco na roda.

- Acho melhor eu me segurar... - afirmou, com a voz falha.

- À vontade.

Eu não sabia que a intenção dela era segurar em mim, mas foi muito melhor do que eu imaginava... Stace abraçou minha cintura de uma forma tão aconchegante que eu quase fiquei ali, parado, sentindo suas mãos em minha barriga. Acelerei, junto às batidas do meu coração.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now