Virei popular?

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Era segunda-feira. Todos me cumprimentavam nos corredores, e eu me sentia um ser humano de verdade, alguém que poderia ser visto. É incrível como a sociedade adolescente se constrói. Para que você seja tratado como gente, precisa ser bonito, dar muitas festas e ir em várias, beber e priorizar, acima de tudo, o contato social. De fato, era a primeira vez que eu me encaixava nesse padrão.

Várias meninas pediram meu número e, devo confessar, todas eram muito bonitas. Os garotos também me procuraram, mas para jogar futebol, exceto Breno, que queria conversar comigo em particular.

- Acho que você é meio novo nessas coisas de festa, né? - Breno deduziu.

Assenti, um pouco constrangido. Há dois dias atrás eu beijara aquele garoto e fora o acontecimento mais estranho de minha vida e, agora, conversávamos como se nada tivesse acontecido.

- Fica tranquilo, ok? Foi só um beijo. Mesmo que você seja bonito, eu não me apaixonaria por você.

- Ah... Tudo bem. - disse, encabulado.

- Mas, se você quiser de novo... - sorriu - Eu pensaria no seu caso.

- E-eu... Eu não gosto de homens, Breno.

O garoto pareceu espantado.

- Não? Bom, sendo assim, podemos ser amigos? - ele estendeu a mão.

Conheci Breno no nono ano e, desde então, nós nunca conversamos. Todos diziam que ele era arrogante e metido, porém o garoto mostrava-se sedento por atenção, por amigos. Breno era apenas um garoto antissocial por ser a única opção que tinha.

Apertei sua mão e sorri.

- Com certeza.

Desde aquele dia, não nos desgrudamos. Todo mundo que sabia sobre o beijo pensava que nós estávamos juntos. Sofri até preconceito por ser heterossexual e, ao mesmo tempo, amigo de um gay, o que era extremamente ridículo.

Stace nunca mais respondeu minhas mensagens e nunca mais atendeu meus telefonemas. Eu não a encontrava na escola. Até que ela foi para a aula na semana seguinte, e eu a encontrei no intervalo junto de seu irmão. Um calafrio na espinha me ocorreu quando vi John olhando em minha direção com uma expressão pouco agradável.

Quando percebi, já era tarde demais. John andava com toda a fúria, pisando duro, punhos cerrados e a cólera visível em seu rosto. Quando estava a um metro de distância de mim, deu um soco em meu rosto.

- O que você pensa que a minha irmã é? Um fantoche que faz suas vontades? - dizia enquanto me socava. Parou de repetir o ato quando teve a brilhante ideia de me erguer do chão a partir de meu pescoço, cravando suas unhas e me machucando - Fique sabendo que você nunca mais será bem-vindo em casa e muito menos na vida dela!

Eu começava a ficar sem ar, por isso, tomei uma medida drástica: chutei entre suas pernas o mais forte que consegui. John me soltou imediatamente. Aproveitei a deixa para dar um soco em sua barriga, o que o deixou meio zonzo.

Eu não percebera antes, mas havia vários estudantes ao nosso redor, incentivando a briga e, de certa forma, me admirando por enfrentar o maior valentão da escola.

Aquela movimentação estranha dos alunos resultou na chegada da diretora que, somente com o olhar, nos mandou para sua sala.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now