Enfeitiçado outra vez

166 16 1
                                    

Finalmente as aulas voltaram, e eu não via a hora de me concentrar nos estudos ao invés de uma inalcançável garota ruiva. Quero dizer, gostava de pensar nela todos os dias, mas...                 
 
Logo na entrada do colégio, vi Zack. Apenas uma semana de passara depois de nos encontrarmos, mas nós dois já estávamos com saudade. Sempre fomos assim: Grudados.

Eu o conhecia desde o berço. Nossos pais foram amigos de faculdade e, mesmo após a morte de meu pai, as duas famílias continuaram unidas. Tia Lúcia foi a única que nos amparou no período da perda. Lembro-me perfeitamente dela aninhando-me no colo enquanto abraçava minha mãe e, por isso, sou eternamente grato pela amizade de Zack.
 
Ele estava conversando com alguns colegas mas, quando me viu, despediu-se educadamente e correu em minha direção, abraçando-me e bagunçando meu cabelo, como ele sempre fazia.
 
Depois de conversarmos um pouco sozinhos e, logo depois, com o grupo que Zack deixara, o sinal tocou, e fomos ver se estávamos na mesma sala. Pela primeira vez, ficamos separados, e eu não gostava nada disso.

Vi que Zack ficou feliz por estar na mesma sala que a maioria dos seus amigos, mas fiquei um pouco triste por não ter nenhum amigo naquela sala. O garoto disse que poderia tentar mudar, mas eu menti, dizendo que ficaria bem e que ele não precisava se preocupar comigo. Sorriu, disse que estava orgulhoso de mim por tentar se enturmar e foi conversar com outro grupo de amigos, dessa vez, com algumas meninas, que estavam perto.
 
Entrei na sala e coloquei o caderno e o estojo de lápis na carteira. Sentei-me e abaixei minha cabeça, tentando descansar até o professor chegar. As férias jogando realmente foram cansativas, visto que eu dormia por poucas horas em função das tentativas de terminar um jogo. Por isso, logo adormeci.
 
Quando acordei, percebi que havia dormido por dois horários seguidos. Entretanto, ninguém sentiu minha falta. O pior de tudo era o fato de que eu nem sabia quais aulas havia perdido.
 
Olhei o relógio: já tinha perdido uns 10 minutos de 30 do intervalo,  por isso, fui guardar meu material no meu armário (sim, minha escola tem armários, e eu realmente achava aquilo muito prático).
 
Guardei meus materiais tranquilamente. Ao fechar a porta do armário, senti que meu coração era a Sapucaí e uma escola de samba desfilava a todo vapor. Se um samba pudesse transmitir o que estava sentindo, com certeza seria "Garota de Ipanema".

Lá estava ela: ruiva, óculos, olhos verdes, pura beleza. A sereia, a menina misteriosa que transbordava meu coração com seus encantos.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora