Bem-vinda, ajuda

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Carine me olhou com um olhar de pena, e aquilo me deixou ainda mais assustado. Suspirou e tomou a fala, escolhendo suas palavras.

- Você sabe que, por causa de sua falta de interesse na aula, eu devia lhe dar uma advertência, mas eu lhe conheço muito bem para saber que você está triste. Afinal, sou sua professora desde o sexto ano. Posso saber o que houve?

Fiquei constrangido. Não queria contar aquilo pra ninguém. Eu já estava mal o suficiente para ter que desabafar com minha professora.

Mesmo com todos esses pontos, resolvi contar tudo. Depois que eu terminei, ela abriu um sorriso.

- Acho que sei como eu posso te ajudar.

- É sério? - não consegui conter minha euforia - Como?

- Você pode ficar amanhã na escola até mais tarde?

- Posso. Por quê?

- Aguarde e verá. É melhor você ir para o intervalo.

Eu a agradeci várias vezes e, sem perceber, lanchei no mesmo lugar. O que eu terminantemente não esperava era encontrá-la sentada debaixo da laranjeira florida, com seus cabelos ruivos voando ao vento.

Fiquei receoso de sentar-me ao lado dela, confesso. Estranho seria se assim eu não fizesse, já que a garota encarava-me de forma mortalmente medonha. Eu, contudo, não tinha escolha: todos os lugares estavam ocupados por várias tribos - ou pessoas que tentam ser de uma. Logo, aquela era minha única opção.

Ela fingiu que não tinha me visto, mesmo que eu tivesse percebido seus olhares radioativos para cima de mim, e continuou a comer sua coxinha. Enquanto isso, eu a admirava sem desviar o olhar, o que incomodou Stace.

- Por que não para de olhar para mim?

Estranhei a pergunta. Ela já sabia a minha resposta. Eu, porém, encabulado, respondi:

-Ah... Desculpa eu me distraí.

- Suponho que você precise ser mais atento.

Constrangido, calei-me por alguns segundos, que pareceram uma eternidade. Quando dei por mim, já estava conversando com ela outra vez:

- Eu não consigo! - me aproximei dela- Você tira meu foco.

Nós estávamos muito perto, o que me fez instintivamente olhar para sua boca. Estávamos ali, parados, olhando nossos lábios. Quando iria me aproximar definitivamente, Stace esquivou seu rosto.

- Se você é distraído o problema não é meu. Vá embora, Thomas.

Fiquei em silêncio por um tempo, pensando realmente em sair depois de tamanha dor no coração. Foi aí que eu entendi: estava gostando de Stace.

- Eu não queria sentar aqui... Quer dizer, eu não queria te deixar irritada. Só fiz isso para comer meu lanche em paz.

- Então por que não o comeu até agora?

Me calei e, triste, mordi meu pão de queijo, agora sem gosto. Logo ela se levantou e foi para a sala, já que o sinal havia tocado. Por alguns minutos, pensei em ir atrás dela, mas me lembrei do que a professora Carine disse: ela iria me ajudar. Tendo tal promessa em vista, acalmei um pouco meus ânimos e não a procurei pelo resto do dia, o que me fez concentrar consideravelmente nas aulas de Língua Portuguesa e Geografia.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Kde žijí příběhy. Začni objevovat