Medo encorajador

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Com essa descoberta, ficamos furiosos - pelo menos Stace assim se sentiu -, gritamos mais uma vez por ajuda e, como antes, ninguém respondeu.

Depois de algumas horas, comecei a suar muito, perder o ar e senti minha pressão abaixando. Minha camisa de manga comprida azul só piorava a situação, por isso, tive que tirá-la.

- O que você está fazendo? - Stace disse enquanto via a cena, muito constrangida porém sem desviar o olhar.

Sem fôlego, disse uma palavra que resumia tudo o que estava sentindo:

- Claustrofobia.

Ela entendeu rapidamente e começou a me abanar com o caderno de Biologia dela, mesmo que aquilo não fosse de muita serventia.

- Eu... Preciso... De... Ar. - aclamei em meio à várias tentativas de puxar o elemento tão precioso.

Minha visão ficou cada vez mais turva, à mesma medida em que eu ouvia os gritos de Stace mais distantes.

Você com certeza já sabe que eu desmaiei. Quando acordei, já anoitecera. Por alguns segundos, pensei que estava sonhando, já que minha primeira visão do incidente fora os lábios de Stace nos meus. Curti aquele momento até que ela percebeu que eu estava acordado, afastando-se rapidamente e, em meio às lágrimas, disse:

- Graças a Deus, você está vivo!

- Onde... O que aconteceu?

- Você ficou desacordado por horas! Eu fiz respiração boca a boca sem parar e você não levantava! Eu começara a achar que você iria...

- Não - Disse em meio aos risos, ainda em transe com tudo o que aconteceu - Estou aqui. Eu acho. Ou será que é um sonho?

- Sonho? Pra mim isso foi um pesadelo!

- Acho que eu só acordei por causa do seu beijo...

Me sentei de frente para ela e passei a mão por sua nuca. Ela me olhou, extremamente constrangida, e virou o rosto, tirando a minha mão.

- Só assim o fiz por obrigação. E eu não te beijei! - ela disse, tentando recuperar a pose.

- Você sabe que agora os médicos não indicam mais a respiração boca a boca, não é? Por causa de várias doenças vi...

- E o que você acha que eu deveria ter feito? Massagem cardíaca?! Não queria me culpar por um acidente que eu cometeria!

- Não era você que, há uns dias atrás, queria me matar?

- Era maneira de falar, né Thomas?!

No impulso, Stace aproximou seu rosto do meu, como se conferisse o meu interior a fim de constatar se eu teria coragem de desafiá-la.

Mas aquela expressão foi se desfazendo, tornando-se um olhar inseguro, como se ela se segurasse para não me beijar (sim, cara, eu adorei dizer isso).

- Que bom. Porque, quando eu disse que queria te mostrar o quanto eu te amo, não era maneira de falar. - eu falei, abrindo um sorriso apaixonado e a puxando pela cintura para um longo beijo.

E lá estávamos nós. Em minha sala de aula, sozinhos, só eu e Stace, beijando-nos carinhosamente mas preocupados com a situação, já que, a qualquer instante, alguém poderia abrir a porta.

Eu não era alguém experiente no quesito "beijo" mas, por sentir que estava com uma pessoa de quem eu gostava muito, a sensação fora inexplicável. Aquele fora o melhor beijo da minha vida.

De repente, uma chave começou a rodar na fechadura da porta, e eu soube que estávamos fritos.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]On viuen les histories. Descobreix ara