Agosto
Faltava apenas um dia para meu aniversário e eu estava na casa de Stace estudando para a prova de Matemática que seria dois dias depois. A garota dizia que não tinha aptidão para a matéria, mas estava enganada.- Por que disse que você é péssima em matemática? - perguntei em um momento.
- Porque eu sou!
- Não é. Você conseguiu fazer todos os exercícios.
- Mas esses exercícios não são do nível das provas do nosso professor.
Isso era verdade. Ricardo sempre era muito exigente, e eu sabia muito bem disso porque vira vários colegas - desde o oitavo ano - sofrerem para estudar matemática.
- Então vamos fazer exercícios de provas antigas. - sorri para ela.
- Mas não temos as provas dos anos passados.
- Você pode não ter, mas John tem. V-você p-pode falar com ele?
- Que foi? Está com medo de John? - ela arqueou uma das sobrancelhas e sorriu.
- Não! Claro que não! É-é p-porque você que... Que está precisando!
- É, você tem razão.
(...)
Terminamos de estudar - felizmente, com as provas de John, que repetira por três anos o terceiro ano - e fomos assistir a um filme. Estávamos abraçados e eu fazia carinho em seus cabelos. De repente, Stace me perguntou:
- Thomas, o que nós somos?
- Seres humanos, oras!
- Não, seu bobo! - ela bateu levemente em meu braço - Nós somos amigos, namorados, ficantes?
Eu não tinha parado para pensar naquelas rotulações. Aliás, eu só me importava em estar com Stace, e um mero status de relacionamento não era o fundamental para mim. Disse isso para a ruiva, que cessou esse tipo de cobrança.
Queria muito ser o namorado de Stace, mas eu não sabia como era namorar. Eu tinha dezessete anos e não sabia namorar. Pode parecer patético mas, em minhas condições, eu achara que chegara rápido demais, e tinha medo de machucá-la em um relacionamento.
Quando estávamos sentados naquele banco debaixo da laranjeira, no dia de meu aniversário, perguntei a Stace se ela já tivera tal experiência. A resposta fora negativa.
- É p-por isso que e-eu... Estou inseguro de te pedir em namoro. T-também seria m-meu primeiro.
Provavelmente vocês perceberam que eu estava muito nervoso. Isso deve-se ao fato de que eu tomava todo o cuidado para lidar com as palavras certas e que ela compreendesse com delicadeza.
- A-acho que você tem razão. - era a primeira vez que eu a ouvia gaguejando, por isso, fiquei mais nervoso ainda.
- Eu... Vou ao banheiro. - beijei suavemente seus lábios e saí, correndo.
(...)
- Filho! - minha mãe disse, do sofá, quando eu entrei - Temos que pensar na sua festa de aniversário! Por que você não chamou ninguém?
Elisa nos olhava, esperando uma resposta. Desde que voltou para o Rio, fica mais aqui em casa do que em sua própria.
- Mãe, você sabe que ninguém virá. Não quero ter que esperar o inesperado por mais um ano.
- Eu iria no seu aniversário. - assumiu Elisa - E acredito que Zack também.
- Então está decidido. Chame seus amigos e eu organizarei uma festa no sábado.
Joguei-me na cama, prevendo o pior aniversário de todos os tempos.
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Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]
Genç KurguEm todos os livros de romance, vemos uma garota narrando sua grande paixão de colegial. Mas já pensaram se, em algumas dessas histórias, o garoto narrasse seu amor? Thomas é um garoto tímido, introvertido, inteligente e dedicado, ou simplesmente um...