Armaram para nós

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Provavelmente você já imaginou o meu nível de ansiedade com a manhã seguinte, especialmente o horário vago depois da aula. Por isso, dormi muito mal e acordei atrasado, de modo que, enquanto andava em minha bicicleta, comia meu café da manhã ao mesmo tempo, praticamente engolindo meu sanduíche. Foi quando eu avistei um anjo na portaria. Mas não era um anjo qualquer. Um anjo ruivo e bravo, que me olhou e voou pelos corredores da escola, mesmo que parecesse que estava me esperando.

Stace sentou-se na mesma carteira do dia anterior e eu, atrás dela. No mesmo instante, a ruiva se direcionou para o fundo da sala. O professor, entretanto, a impediu de continuar. O que dava aulas de História, denominado José (ou Zé, como nós, alunos, carinhosamente o chamávamos)
piscou para mim, o que me deixou confuso e pensando se aquela ação não seria um engano.

Os horários passavam lentamente e, cada vez mais, eu ficava mais ansioso para saber o que minha professora de Biologia estava aprontando. Saindo da sala, quando o último sinal tocou, vi Stace e Carine conversando na ala dos armários e resolvi não me intrometer, por mais que eu estivesse curioso. Não sou como essas garotas fofoqueiras!

Depois da conversa, a professora me chamou e me pediu para ir para sala, pois um aluno que precisava de reforço em Biologia me esperava. Não entendi o que estava acontecendo, mas resolvi não contestar.

Quando sentei na primeira carteira, me lembrei que eu não pegara meus materiais de Biologia. Como ajudaria o aluno se não obtivesse meus registros? Caminhava para a saída da sala quando alguém chegou.

- Ah, tá de brincadeira comigo! - Foram as 5 palavras de Stace que me fizeram voltar para meu lugar de origem. Estava extremamente brava e, por isso, deu meia volta. Um vulto, porém, fechou a porta. A menina correu para tentar abrir, mas a mesma estava trancada.

Stace me encarou com uma expressão de quem odiasse estar no mesmo recinto que eu, o que me fez querer um esconderijo de onde eu jamais saísse.

- Foi você que aprontou, isso não foi? - Ela me repreende mais do que pergunta, suas mãos tensas e seu rosto excedendo a cólera.

- Eu? Eu não tenho nada a ver com isso! Eu tenho claustrofobia! Nunca faria uma coisa dessas!

Olhou-me de cima a baixo, como um juíz faz com seu réu, e murmurou sozinha. Logo depois, sacudiu a porta e gritou por ajuda, em vão. Tudo estava muito estranho. Nenhuma faxineira trabalhando naquela hora? Por que aquela parte do colégio estava tão silenciosa?

Foi quando tudo se encaixou. A aula de José me veio à mente, o que me fez enxergar que toda a escola estava envolvida naquilo. Agora, eu não conseguiria dizer se aquele planejamento fora uma boa ou uma péssima ideia.

Stace sentou-se encostada na parede, respirando pausadamente para não perder a paciência.

- Por que você veio para cá? Você é boa em Biologia. Lembro muito bem quando eu fui na sua casa... - disse, tentando quebrar o gelo e confirmar minha teoria.

Olhou-me meio assustada.

- Peraí... A Carine me falou que precisava de alguém para substituí-la nessa sala, já que tinha um aluno precisando de entender a matéria dela.

Amor nos olhos azuis [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now