Até logo

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- Não sei, o que acha de irmos ao Harbourfront?

- O que é isso?

- Vou te mostrar, fica perto do Rogers Centre - Shawn disse, começando a caminhar - Vamos?

- Sim! - Ana ficou mais animada.

Ana ficou impressionada com a vista do local. Shawn a proporcionou um grande dia.

- Acho que temos que voltar - ele disse, olhando para o relógio.

- É mesmo, está na hora - ela o abraçou.

Ao chegarem no prédio, Shawn perguntou se poderia passar mais tempo com Ana até o momento em que embarcasse de volta para o Brasil.

- Vamos subir, preciso checar se deixei alguma coisa fora das malas. Última chance - Ana deu de ombros, desapontada por ter que retornar.

- É bom que posso te ajudar se precisar.

Com as malas prontas e a mochila da bagagem de mão fechada, ambos desceram para o lobby esperando pelo transporte que os levaria até o aeroporto. Um silêncio profundo se instalou entre Shawn e Ana e cada um pensava em uma forma de quebrar aquela fina parede de gelo que se formou, mas não sabiam o que dizer.

Quando o ônibus saiu, Shawn estava sentado ao lado de Ana, imaginando quais palavras usar quando fosse se despedir dela. Seria um até logo ou um adeus? A cabeça do garoto estava a mil.

- Ana, temos que nos despedir - ele disse, com uma cara triste.

- Não queria ter que fazer isso - Ana respondeu, olhando para baixo.

- Foi um prazer te conhecer, de verdade! E muito obrigado por ter aceitado sair comigo todas essas vezes no final da sua viagem. Não sei nem como te agradecer - ele disse, abraçando-a.

- Estou feliz por tudo isso, infelizmente preciso voltar. Aqui eu quase não tinha problemas ou coisas ruins, mas a vida que me espera lá agora... é totalmente incerta. E vou ter que enfrentar tudo isso - ela disse, chorando.

- Você vai se sair bem nisso, tenho certeza! Qualquer coisa que precisar pode me mandar uma mensagem. As coisas vão mudar para você, eu sei. Mas não tenha medo de enfrentar tudo. Vai dar certo! - ele sorriu e Ana desejou que aquele momento nunca tivesse que passar. Mas ela sabia que em algumas horas a distância entre os dois machucaria até o mais forte dos indivíduos.

- Passei três dias maravilhosos com você. Foi muito bom! Obrigada por tudo e principalmente por ter me apresentado tantas coisas em tão pouco tempo. Espero que dê tudo certo sobre a proposta da qual o Cameron falou com você. Sempre que precisar, também estarei por aí... quem sabe a gente não se esbarra de novo? - Ana sorriu, mas por dentro se sentia em pedaços. Ela havia se apegado a Shawn.

- Comigo você nunca vai precisar esconder as coisas. Eu sei que não quer se despedir porque é isso que também estou sentindo - ele disse, segurando a mão da garota.

- Shawn, o pessoal está me esperando para despachar as malas. Tenho que ir - Ana disse, aproximando-se de suas bagagens.

- Espera um pouco... - Shawn tirou um pedaço de papel do bolso e a entregou - leia quando for a hora. Você vai sentir qual é o momento para abrir esse papel. Guarde no seu coração o que está escrito aí.

- Obrigada - Ana pegou o papel e o colocou em sua carteira.

- E agora tenho outra coisa... - Shawn beijou a testa da garota, envolvendo-a em um caloroso abraço - nós ainda vamos nos reencontrar, tenho certeza disso.

- Shawn, eu... - Ana soluçava em meio às lágrimas. O garoto se aproximou de seu rosto e depois recuou.

- Boa viagem Ana. Estou sempre com você. Lembre-se do garoto de Union Station sempre que precisar.

- Mas você não ia...?

- Teremos outras oportunidades para isso. Você vai ver. Quando chegar no Brasil me avisa!

- Tudo bem Shawn, obrigada mais uma vez por tudo. Até logo - ela disse, enquanto pegava suas malas e ia em direção à fila.

- Foi um prazer. Até logo - o garoto se virou e foi embora.

Shawn se sentou em frente à grade, de onde dava para ver o avião decolando. E ali ficou até que o avião em que Ana estava levantasse voo em direção ao Brasil. Chorou quando não pôde mais vê-lo no céu. "Droga. Idiota. Era para ter beijado, mas travei. Logo com ela! Burro! E se eu nunca mais vê-la? E se esse até logo for um adeus?" O garoto tampou o rosto com as mãos e continuou a pensar na garota. Seu celular tocou.

"Oi Cameron".

"E aí amigão? Como você está? Que voz de choro é essa?"

"Está tudo bem".

"Pensou sobre a proposta? Preciso que venha para os Estados Unidos, eles querem marcar uma reunião em Los Angeles sobre tudo".

"Cam, não consigo pensar em nada agora... pode ser amanhã? Preciso conversar com meus pais primeiro, temos que nos organizar aqui".

"Tudo bem, eu falo para eles que você vai dar a resposta amanhã. Mas pense bem, é uma oportunidade muito boa fazer parte desse grupo".

"Eu sei, eu sei. Amanhã conversamos sobre isso".

"Se precisar de alguma coisa, estou aqui".

"Obrigado Cam, boa noite".

Shawn desligou e procurou um ônibus para ir embora. Levou duas horas para chegar em casa e só queria dormir. Estava devastado.

- Boa noite filho - Karen disse, ao perceber que o filho havia chegado.

- Oi mãe - ele respondeu, entrando na cozinha.

- Quer jantar? - o pai perguntou.

- Sim, por favor - Shawn sorriu.

- Estava chorando? - Karen perguntou.

- Sim mãe, mas está tudo bem... coisas da vida - ele disse, atravessando a cozinha - Oi meu amor - Shawn passou a mão na cabeça da irmã.

- Tudo bem - Karen mudou de assunto - Filho, o Cameron ligou. Comentou sobre uma proposta de participar da convenção e eu acho melhor que o Andrew auxilie nessa decisão.

- Sim, vamos decidir isso - Shawn disse, começando a comer.

Depois do jantar, o garoto se despediu dos pais e da irmã e foi para o seu quarto. Deitou na cama e começou a pensar. Em breve teria uma carreira. E havia acabado de perder uma chance de ter beijado a melhor garota que já conheceu. Nada fazia sentido. "Preciso focar nas próximas decisões, senão não vou conseguir fazer nada". E então pensou na situação. Magcon, música, gravadora, tudo o que mais queria. Mas ainda assim aconteceria muito rápido e ele tinha que se adaptar.

Shawn decidiu fazer tudo. Era tudo ou nada. Magcon, música, era o futuro em jogo e todo o seu trabalho poderia enfim ser lançado. Conversaria com Andrew e tratariam sobre tudo para que não desse errado.

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O jantar era servido no avião enquanto Ana ouvia alguns dos covers de Shawn que havia baixado no celular. Uma dúvida martelava em sua cabeça desde o embarque: o garoto travou antes de beijá-la ou desistiu de fazer isso?

Luisa estava sentada ao seu lado, dormindo. Era só estalar os dedos que acordaria para falar sem parar. Então Ana preferiu ser o mais silenciosa possível. Lá fora no céu, só se viam as luzes da asa do avião piscando em meio às nuvens. O resto era escuro total.

Horas depois, o avião pousou no Rio de Janeiro. A garota não conseguiu dormir durante o voo, pois ficou pensando se Shawn havia desistido ou estava tímido demais. Acabou não avisando ao garoto que havia chegado ao Brasil, se distraiu com o tanto que usou o celular no avião e acabou ficando sem bateria.

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"Ela não me avisou que chegou... e agora?" Shawn ficou preocupado. O celular de Ana estava fora de área, como imaginava. O garoto ficou esperando que ela entrasse em contato para que se sentisse mais tranquilo. Nem café da manhã tomou.

Depois, Ana enviou uma mensagem dizendo que havia chegado e pediu desculpas por ter ficado sem bateria. Andrew chegaria em Toronto no fim da manhã para que tomassem as decisões sobre sua carreira.

Blinding Lights | Shawn MendesWhere stories live. Discover now