Retribuição

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- Cameron! - o garoto gritou.

- Shawn! - gritou em resposta.

- Por que está correndo tanto?

- Existe um motivo para o qual vim para Toronto. Esse momento, no carro, correndo. Respire fundo.

Cameron entrou na contramão da estrada e Shawn ficou sem reação.

- Cara... por que vai fazer isso? Sabe que vai morrer também.

- Ninguém mais se importa comigo. Ninguém mais quer saber quem é Cameron Dallas. Ninguém liga. Eu não estou valendo mais para as pessoas... e você ajudou a causar isso. Te ver na frente das câmeras, dando entrevistas, passando por aí sendo notado e aparecendo nos grandes portais... isso me deixa com raiva... muita raiva. Ninguém se importa. Ninguém se importa - o garoto repetia, enquanto afundava o pé no acelerador.

- Eu me importo! Cameron, eu me importo.

- Não! Você abandonou tudo. Quer levar essa vida nova e esqueceu de tudo o que lhe trouxe até aqui.

- Eu não esqueci. Só estou sem tempo. Lembra de quando você estava lá com o coração partido e eu comprei sorvete? Nós nos divertíamos muito.

Cameron começou a pensar em todos os momentos bons que passou com Shawn e percebeu que o amigo estava ali o tempo todo. Mesmo sem tempo, enviava mensagens e demonstrava preocupação. Cego de ódio, só conseguiu perceber o quanto o problema estava em si e não nos outros.

Tentou virar o volante para a direita mas era tarde demais. Tudo ficou escuro.

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Shawn acordou em um quarto. Tentou olhar à sua volta mas as fortes dores não permitiam. Apertou o botão que havia na lateral da cama.

- Senhor Mendes - uma enfermeira entrou - como está se sentindo?

- Não sinto minhas pernas. O que aconteceu? Ai - o garoto travou o maxilar.

- Vou chamar o médico. Ele vai dizer tudo detalhadamente.

Minutos depois o senhor entrou com uma prancheta.

- Doutor, o que aconteceu comigo?

- Bom, você teve muitas lesões graves, algumas perfurações e quebrou ossos. A equipe de resgate teve muita dificuldade para retirá-lo das ferragens. Ficou preso.

- E o Cameron?

- Seu amigo foi para outro hospital. O caso dele é mais grave.

- E como ele está?

- Não sabemos.

- E então... é normal não sentir as pernas?

- Não. Podemos ver o que aconteceu.

- Quanto tempo eu dormi?

- Cinco dias. Estamos sedando você para que não sinta muitas dores. Só vamos saber o que aconteceu com as suas pernas se retirarmos a sedação.

- Eu estou sedado? Parece que não... ainda assim sinto dor...

- Daqui a pouco vamos levá-lo para fazer uma ressonância. A última detectou inchaço cerebral.

Cada detalhe da situação após o acidente fazia com que Shawn quisesse chorar. A dor estava forte e a preocupação com Cameron incomodava ainda mais. Após os exames o garoto retornou para o quarto e recebeu mais sedativos. À noite, recebeu a visita da família.

- Meu Deus - Karen começou a chorar.

- Fique calma, ele precisa de nós - Manuel disse, abraçando-a.

Blinding Lights | Shawn MendesWhere stories live. Discover now