Confusão

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Ana chegou em casa e haviam duas malas na sala. Assustou-se quando viu Maria chorando.

- O que aconteceu? - a garota perguntou, abraçando-a.

- Seu pai voltou - Maria respondeu, fechando a bolsa.

- E por que você está com suas coisas aqui na sala?

- Ele me mandou embora...

- Como assim?

- É só eu viajar e a casa vira uma bagunça! - o pai apareceu, furioso - Festa com drogas, bebidas e ainda tomou uma surra? Bom para aprender a dar em cima dos outros!

- Quem foi que te contou essa história? Porque claramente não falou a verdade. E aliás, por que você está se preocupando? Desde que viajou a trabalho eu nunca mais te vi. Depois que a minha mãe morreu resolveu se afastar? O que aconteceu que te fez mudar de ideia? Quando me ligou contando sobre o estado dela disse que passaríamos por isso juntos. E agora? - Ana perguntou, com lágrimas nos olhos.

- Você não vai fazer chantagem emocional. Não vai! - Fernando gritou.

- Não estou fazendo isso. Você está se importando tanto comigo que não sabe o que passo há muito tempo. Não sabe o que estou sentindo agora. Não sabe de NADA!

- Sou seu pai e você vai comigo para a Austrália. Isso é uma ordem. Arrume suas coisas. E Maria, você vai encontrar uma quantia suficiente para continuar a sua vida no nordeste.

- Você não vai tirar a Maria de mim! E eu não vou para a Austrália. Quero ficar aqui! Não é hora de perder mais coisas...

- Pois é, mas eu que mando, sabe como é - Fernando se sentou no sofá - Você tem duas horas para arrumar as coisas. Não me faça esperar.

- Senão o que? Vai me arrastar à força para fora do país?

- Exatamente isso. Não há escolha.

Ana subiu para o quarto e chorou. Não queria ir embora, gostava de sua casa e de sua vida ali. Afastar-se de Maria era algo inimaginável.

- Tenho o testamento da sua mãe. Acho que já está na hora de te entregar - a senhora se aproximou, depositando o envelope em cima da cama.

A garota começou a ler e se emocionou. Estava devidamente assinado e registrado em cartório. No texto, a mãe previu a mudança de comportamento do pai de Ana - e citou que Maria não poderia ser demitida, a menos que a garota desejasse.

- Mas em que mundo eu iria dispensar uma pessoa que ajudou a me criar?

- Seu pai que manda...

- Ele não manda nada. Sempre foi a minha mãe que cuidou mais de mim, você sabe disso. Alguém ligou para ele e falou essas coisas.

- Pois é, será que foi aquela Letícia?

- 100% de chance.

- E agora? Como você vai fazer?

- Meu pai pode fazer o que quiser, mas não vai me tirar daqui.

- Mas bater de frente com ele pode te dar uma dor de cabeça...

- Se eu não fizer isso, ninguém vai fazer... não há outra saída.

Ana desceu e mostrou o testamento ao pai.

- Minha mãe gostava tanto de você que só citou seu nome no texto para avisar do seu comportamento. Então acho bom voltar para seu amado país Austrália e me deixar em paz aqui. Por mais que eu goste de você, vai ser melhor para nós dois...

- Você não pode fazer isso!

- Você que não pode fazer isso! - Ana retrucou - Se fosse me levar para lá com o propósito de viver uma vida diferente, pai e filha, iria com o maior prazer. Mas você prefere confiar nas palavras de uma pessoa que nem conhece, seu julgamento está muito deturpado.

Blinding Lights | Shawn MendesWhere stories live. Discover now