Capítulo 6

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Lauren agachou na beirada da cama e acariciou os cabelos da mais nova. Tinha o semblante tranquilo, mas o nariz estava vermelho de tanto chorar. A morena sentiu um aperto no coração. "Meu Deus o que é isso!? To ficando louca!" Tanto alisou os cabelos de Camila que ela acordou.


- Lauren... - seus olhos encheram de lágrimas.
- Oi meu anjo, calma. Eu estou aqui. - abraçou-a aconchegando-a em seu colo. - Quem fez isso com você? Te machucaram?
- Não. Mas levaram meu dinheiro. Eu não percebi o garoto se aproximando, tinha acabado de falar com minha mãe no telefone, estava distraída. Eu não... - recomeçou o choro.
- Calma, não chore. - Lauren beijava o topo de sua cabeça. - Pelo menos você está bem, isso é o importante. - a afastou um pouco e falou sério. - Você viu quem fez isso?
- Não, ele saiu correndo, só depois que achei minha bolsa jogada no chão.
- Se eu pego um filho da puta desses, não sobra nem a alma pra ir pro inferno.

Camila voltou a chorar e Lauren a abraçou.

- Quer sair pra dar uma volta?

Camila hesitou e Lauren insistiu.

- Vamos, você distrai e daqui a pouco esquece. Prometo te trazer de volta sã e salva.

Camila ouviu vozes do lado de fora e perguntou:
- Quem está lá fora?
- Os meninos e sua amiga Normani.

A pianista se surpreendeu, ainda mais por Lauren estar dentro do quarto dela. Pensou no que Normani estaria achando disso.

- Vamos? Vou te levar pra um lugar bem legal que conheço, tenho certeza que vai gostar.

Camila se levantou e esfregou os olhos parecendo uma criança. Olhou para o espelho:
- Nossa, eu to horrível!
- Está linda. Troque só de roupa, porque sair de pijama não seria uma boa. Apesar de eu achar que está uma graça. - Lauren se referia ao pijama rosa com borboletinhas que Camila usava. - Vou me virar e você troca de roupa, pode deixar que eu não olho.

A mais nova ficou desconfiada, mas escolheu um vestidinho prático e rapidamente trocou pelo pijama. As duas saíram do quarto e Camila foi recebida com sorriso pelos garotos.

- Ah, acordou a bela adormecida. Eu desconfiei que Normani tivesse te dado um chá de apagão. Você não acordava mais. - Drew brincou.
- Eu dei foi água com açúcar mesmo.
- E aí Camila, se sente melhor? - Wesley perguntou.
- É, vai passar, não tem mesmo o que fazer. - respondeu triste.
- Tenho certeza que você recupera o dinheiro rapidinho. Damos graças a Deus que você está bem, isso é o que importa. - Tyler também falou.
- É verdade. Nessa violência que está o Rio hoje em dia, sair e voltar vivo pra casa já é muito bom. E a tendência é só piorar, já que as autoridades não fazem seu devido papel. - Lauren falava indignada.
- É... - a pianista baixou a cabeça novamente.
- Vou levá-la pra dar uma volta. Assim ela se distrai e esquece isso. Mais tarde eu a trago de volta Normani, pode ficar tranquila.
- Tá bom, só quero que ela fique bem. - olhou desconfiada.
- Vai ficar. - Lauren beijou o topo da cabeça de Camila.

As duas saíram e Normani ficou intrigada. - Qual é a da sua prima com Camila? - se dirigiu a Tyler.
- Nada, por quê?
- Vir aqui, querer levá-la pra dar uma volta.
- Que tem isso?
- Não sei, parece que está interessada nela.

Drew até engasgou.

- Se tiver, tem algum problema? - ele perguntou.
- Não... Não... Só achei esquisito.
- Você tem preconceito? - o rapaz indagou.
- Eu não. Na verdade nunca tive um amigo gay, mas não vejo problema. Convivo numa boa. - falou sem olhar direito pra eles.
- Bom saber. - Tyler falou sério.

Dentro do carro Lauren sorriu e falou animada.

- Vamos dar um passeio.
- Você não tinha que estar trabalhando?
- Tinha, mas isso eu vejo depois. Posso faltar um dia ao meu escritório, dou um duro danado naquilo lá, não é possível que não possa tirar meio dia de folga.
- Obrigada. - Camila falou baixinho.
- O que disse?
- Estou agradecendo por estar ao meu lado.
- Não me agradeça, estou fazendo com interesses a parte.
- Interesse?
- Sim, te levo pra dar uma volta e passo mais um tempo ao seu lado. Também estou me beneficiando com isso. - Piscou o olho para a pianista, que sorriu em troca.

Lauren a levou até a Pedra Bonita, aonde as pessoas iam para saltar de asa delta ou pular de paraglider.

- Nossa que legal aqui. Você gosta de lugares altos.
- Por que diz isso?
- Seu apartamento é no décimo quinto andar.

Lauren achou graça.

- Vem, senta aqui para poder ver a paisagem.

Lauren a puxou e sentaram em uma pedra próxima à plataforma de saltos. A morena sentou primeiro e puxou Camila, fazendo-a sentar entre suas pernas, de costas pra ela. A mais nova encostou a cabeça no colo de Lauren e sentiu o vento bater no rosto. Talvez Lauren não soubesse, mas aquele passeio estava sendo mais que especial para ela naquele dia. Tinha a sensação de que o tempo havia parado.

- Está gostando?
- Sim, parece que estou voando de asa delta.
- Quer voar?
- Não! - Camila abriu rapidamente os olhos.
- Tem medo?
- Acho que teria.
- Nunca viajou de avião?
- Não. - Disse envergonhada.
- Pois vai um dia, eu tenho certeza.
- Não ligo pra isso. As pessoas têm a intenção de ter muito dinheiro, fazer muitas viagens, comprar muitas coisas. Eu só quero ter uma vida estável, morar num lugar meu e ajudar minha família. Não desejo ser rica.
- Quando eu tinha sua idade, desejava somente ter uma casa pra morar, pois morávamos de aluguel. Hoje tenho muito mais do que desejei ter.
- Você se esforçou, sua mãe te ajudou e com o apoio dela você venceu na vida. Admiro muito isso nas pessoas. Se você tem o que tem é porque provavelmente é uma merecedora de tudo isso, pois é uma boa pessoa.
- Será mesmo que sou?
- Eu aposto que sim.
- Quer fazer outra aposta?
- De que?
- De que você muda de ideia em pouco tempo.
- Não mudarei.
- Estamos apostadas.
- Por que está dizendo isso?
- Porque não sou uma pessoa perfeita.
- Ninguém é. - Camila virou o rosto e com uma das mãos tocou o rosto de Lauren. - Temos que aprender a gostar das pessoas como são e entendê-las sem julgar. É difícil isso, mas é valido tentar.
- Você realmente é uma pessoa ímpar.
- Estou procurando virar par, não quero ficar ímpar a vida toda. - A pianista brincou.
- Você vai achar alguém que a faça feliz.

Aquelas palavras incomodaram Camila. Por que Lauren não poderia ser esse alguém? Ficaram um bom tempo ainda apreciando a paisagem e se curtindo, parecia até um namoro. Ao entardecer Camila disse que precisava voltar pra casa.

- Normani deve estar preocupada.
- Ela ta é com o namorado dela.
- Ah isso é.
- Está com fome?
- Um pouco, não almocei.
- Então agora é a outra parte do passeio.

As duas levantaram e entraram no carro. Antes de dar partida Lauren se virou para Camila e falou baixinho.

- Faz mais de uma hora que eu quero te dar um beijo, posso fazer isso agora?

Camila sorriu.
- Acho que estou precisando mesmo de um beijo seu.

Lauren apertou um botão no painel do carro, reclinou o banco de Camila e o dela, dando espaço para que chegasse mais perto. Segurou o rosto de Camila e a beijou com toda delicadeza que pode. Sentiu as lágrimas descerem pelo rosto dela. Parou o beijo e viu um par de olhos castanhos marejados.

- Que foi meu anjo?
- Nada, ainda estou triste. Desculpa, você está fazendo tudo para me alegrar e eu aqui chorando feito uma idiota.
- Isso vai passar. Só não estou gostando de ver esse rosto lindo, vermelho. Que eu posso fazer pra melhorar essa carinha? Se eu contar uma piada, será que você vai rir?
Camila sorriu franzindo o nariz.
- Adoro quando ri assim.
- Assim como?
- Franzindo o nariz, dá vontade de morder. Pode?

Camila riu meio de lado.
- Pode.
- Hum... - Lauren mordeu o queixo, depois as bochechas, a ponta do nariz e desceu para o lábio inferior, mordendo e chupando no final.

Sem querer Camila soltou um gemido baixinho. Aquilo acendeu os instintos de Lauren. Começou a subir uma das mãos, que estava na cintura, foi até o seio, mas sentiu a mão de Camila a impedindo, então recuou. Começou a morder o pescoço da mais nova, o lóbulo da orelha, depois desceu até o colo e tentou baixar a alça do vestido, mas também foi impedida. Camila puxou seu rosto e beijou sua boca, passando a língua devagar nos lábios de Lauren.

Melodia Where stories live. Discover now