Capítulo 71

4.3K 139 6
                                    


No decorrer das semanas Camila ficou engajada na montagem do repertório e fazendo os arranjos para a orquestra. Lauren ficou por conta do processo que envolveu o filho do empresário em São Paulo, estava marcado para duas semanas posteriores e ela teria de viajar pra lá. Parisa acompanhou de perto e gostou muito da acusação que a promotora tinha elaborado.

- Nossa, ele não vai ter chance. Se a família do garoto que morreu estiver presente isso será um álibi para que eles ganhem na justiça.
- Nem a CNH desse garoto foi apreendida, achei isso um absurdo, mas se depender de mim ele só vai dirigir por mais duas semaninhas e que aproveite bem seus últimos dias de motorista.
Mais perto da data de ir à São Paulo, Lauren chamou Camila para ir com ela, assim passariam uns dias em Jaú se ela quisesse.
- Não sei amor, estou com esse projeto da orquestra, não posso interromper. :br> - Não pode ou não quer?
- Ah, os dois. – Camila se desconsertou.
- Poxa, não dá pra ir nem por poucos dias?
- Vou conversar com Ana então, ela está tão empolgada que dar uma pausa seria jogar um balde de água fria nela.
- Água fria em mim! Vim toda contente convidar e você recusa. – falou chateada.
- Não estou recusando Lauren, estou dizendo que vou pensar.
- Ta bom.

Lauren não conseguia disfarçar quando ficava chateada, achava que era uma forma de sinalizar seus sentimentos. Camila conversou com Dinah e mais a tarde com Ana combinando uma data para retornarem ao trabalho. Ana a principio ficou um pouco triste, mas não se opôs.

- Ta certa, tem que ver sua família, fica sempre longe deles. – falou sendo simpática.
- Aproveito e falo com Justin, não o vejo faz tempo. Ele correndo e eu também. Será quase uma viagem de negócios, mas Lauren também quer ir a Jaú, está insistindo.
- Quem é Lauren? – Ana perguntou curiosa.
- Minha esposa. – respondeu com naturalidade enquanto fazia anotações em uma partitura.

Percebeu que Ana deu um sorriso sem graça, mas nem ligou.

- Não sabia que era casada.
- Me casei mesmo faz pouco tempo, mas namoro há muitos anos.
- Por acaso é a mesma da faculdade?
- Como assim, mesma da faculdade? – Camila se endireitou olhando diretamente para Ana.
- Quando você estudava rolou um boato de que estava namorando uma mulher, depois esse boato se confirmou.
- Quem confirmou? – Camila estava intrigada.
- Acho que alguém da sua sala ou que estudava com você, aquela menina que estava sempre do seu lado, uma de cabelos cacheados.
- Normani?! – era mais uma constatação que uma dúvida. – Não acredito que ela tenha feito isso comigo.
- O que eu ouvi na época era que você tinha uma namorada, mais velha e que sempre levava você pra faculdade, como eu nunca vi, também nunca acreditei, mas um amigo meu desconfiou e disse que essa garota havia falado. Essa fofoca circulava entre os alunos somente, os professores eu acho que não sabiam.
- Não acredito, ela era minha amiga.
- Imagina se não fosse. – Ana ironizou.

Camila ficou muito aborrecida, Normani tinha se revelado para ela, não imaginou que fizesse uma coisa dessas. Passou a tarde toda chateada e pensando no assunto. Despediu-se de Ana ao sair do estúdio e deixou combinado de voltarem daí duas semanas mais ou menos.

Chegou em casa e arrumou suas malas e as de Lauren, a pedido dela. Tomou banho e a esperou para pegarem o avião. Drew as levaria até o aeroporto. No caminho Lauren notou o silêncio damais nova, mas nada falou na frente de Drew.

- Mocinhas, boa viagem e quando voltarem me liguem. Se quiser eu venho buscá-las. Dinah mandou um abraço, não pode vir porque está numa reunião da escola de Sarah.
- Obrigada Drew, mande um beijo pra elas. – Lauren falou.
- Diz pra ela que eu ligo amanhã de manhã. – Camila o abraçou também. – Ah Drew, pede a Dinah para marcar médico pra mim, ela sabe o que é.
- Sem problema.
- Está sentindo alguma coisa? – Lauren perguntou.
- Não é só revisão que faço todo ano. – falou despreocupando a morena.

Assim que entraram no avião e Lauren se acomodou, olhou para Camila. Ela observava o movimento pela janela, parecia distraída.

- Amor, o que aconteceu? – pôs a mão em seu braço.

Camila virou a cabeça com um sorriso murcho, olhou para Lauren e tentou melhorar o ânimo.

- Lembra quando eu estudava ainda? Conversamos sobre um boato na faculdade onde falavam que eu era gay?
- Lembro, você ficou um pouco cismada, até procuramos disfarçar.

Camila deu um sorriso irônico.

- Pelo visto não adiantou nada, todo mundo sabia. Os alunos, no caso, viviam comentando pelas minhas costas.
- Sabiam como? Não entendi...
- Eles sabiam que eu namorava você, porque Normani fez questão de confirmar o boato. Sempre que alguém perguntava, ela confirmava e assim foi espalhando a fofoca pela faculdade inteira. Enquanto eu achava que conseguia esconder, ela escancarava pra todo mundo.
- Que mulher idiota! – Lauren se revoltou. – Eu não consigo acreditar que ela tenha feito uma canalhice dessas com você. Como ficou sabendo disso?
- Hoje, conversando com Ana, comentei de nossa viagem e disse que ia com você, ela perguntou quem era e eu falei que era minha esposa. Daí ela perguntou se era a mesma daquela época. Fiquei curiosa e perguntei o que era da mesma época e ela me contou tudo. – baixou a cabeça fazendo um gesto negativo.
- Não ligue minha linda. – pegou as mãos de Camila. – Isso tudo já passou e quem falou pelas suas costas foram covardes, mais ainda Normani que além de falar, fez isso se passando por sua amiga.
- Ela ainda esteve na minha casa, não faz muito tempo.
- Fingida e dissimulada, além de interesseira é claro, mas deixa ela.
- Na hora fiquei chateada, acho que ainda estou. – fez um bico se sentindo chateada.
- Ah não fique. – Lauren a puxou para que deitasse a cabeça em seu ombro. – Não devemos nada a ninguém mais e Normani está bem longe de nossas vidas.

Lauren preferiu não prolongar o assunto, para que Camila não se chateasse mais. A viagem foi rápida e chegaram ao hotel sem maiores engarrafamentos.

Estavam se preparando para dormir quando Camila olhou para Lauren e perguntou de repente.

- Você já se arrependeu de alguma coisa na sua vida?

A morena, que dobrava uma blusa e colocava na mala até se assustou com a pergunta.

- Está fazendo essa pergunta pra mim?! – olhou para ela expressivamente.
- Ah amor, desculpa! Não estou falando daquilo. Eu pergunto se você já pensou em fazer uma coisa e na verdade era outra ou se teve expectativa sobre algo que não aconteceu.
- Claro, já tive minhas frustrações, decepções...
- Eu achava que iria pra faculdade, me tornaria uma pianista e trabalharia com Normani, ela era uma irmã pra mim. – Camila sentou na cama e ficou passando os dedos sobre o bordado da colcha. – Pensava que seríamos uma dupla imbatível, sempre nos demos tão bem, desde criança. Será que o tempo todo ela foi falsa comigo? – falou quase chorando.
- Ô amor, não fique assim. – Lauren correu para abraçá-la. – Sabe... eu acho que Normani se perdeu um pouco. Ambas chegaram ao Rio com ideais, mas você não perdeu o foco e ela sim. Depois que começou a namorar com Liam, as coisas mudaram. Aí veio o nosso relacionamento e convenhamos, ela não aceitou muito bem. Tentou, fingiu, mas forçou muito. E nas entrelinhas fazia suas piadinhas. Só que mesmo com um relacionamento "anticonvencional" – fez aspas com as mãos. – Você progrediu, melhorou e se destacou mais que ela, essas coisas causam inveja.
- Nunca pensei que ela faria isso... – baixou o olhar.
- Mas fez e perdeu muito. – Lauren deitou e abraçou Camila. – Olha onde você está agora e olha onde ela está, a diferença é notável. Enquanto você batalhava, estudava madrugada a fora e se empenhava, ela fazia fofoca. Adianta agora a fofoca que ela fez? Estamos felizes do mesmo jeito, com fofoca ou sem. E ela?

Camila não respondeu.

- Não acho que tenha feito por maldade completamente. – Lauren continuou. – De repente foi imaturidade.
- É pode ser... – Camila se virou para ela. – Deixa pra lá, já passou e realmente as coisas estão muito melhores. Eu tenho você! – deu um sorriso lindo.
- E eu a você. – Lauren a beijou na boca. – Nem acredito que é minha esposa. – beijou novamente.
- Você fala que somos casadas?
- Na verdade nunca me perguntaram, mas eu sempre mencionei você como minha namorada ou noiva, agora não será diferente.

Camila lhe deu um abraço apertado e foi se aconchegando nos braços dela.

- Não quero vê-la chateada viu? – Lauren beijou o topo da cabeça dela. – Tudo já passou, estamos melhor que nunca agora e não é uma fofoca velha que vai atrapalhar nossa felicidade.

Continuaram abraçadas até dormir.



Como de costume, Lauren alugou um carro para facilitar a locomoção delas e antes de ir para o fórum, passou no estúdio de Camila para conhecer. Justin estava em sua sala quando as duas chegaram.

- Quem é vivo sempre aparece. Essa é a sócia mais ausente que conheço. – brincou.
- Sou sua única sócia, seu bobo. – Camila o abraçou.
- Sentem-se. Camila, tenho novidades, acho que agora a produtora sai.
- Verdade? Que ótimo Justin!
- Depois te conto mais detalhes, agora me fale sobre os projetos no Rio.

Camila contou tudo e depois mostrou o estúdio à Lauren, em seguida ela logo foi embora deixando a empresária por conta das novidades no trabalho. Justin deixou Camila a par de tudo e aproveitando a presença dela pediu que monitorasse algumas gravações.

- Vou explorar um pouco, sabe que tem músico que pergunta por você. Eu digo que está no Rio e eles ficam chateados, não têm mais a moreninha de olhoschocolate por aqui.

Camila deu uma gargalhada.

- Esse pessoal é que não sabe que você é bem melhor que eu.
- Você é perfeccionista, por isso eles te querem. Estou pensando em enviar algumas gravações, pelo menos às do pessoal que perguntar por você, assim dá uma revisada e me fala.
- Sem problema, farei com o maior prazer.

Passaram o dia revisando gravações e olhando os novos projetos. Camila só se deu conta da hora quando Lauren ligou para buscá-la.

- Gente, o tempo passou voando. Bom demais ficar aqui Justin, nem vi a hora passar e adorei o dia.
- Está se sentindo sozinha no Rio não é?
- Na hora de gravar um pouco, Diogo é mais sério, mas eu não comento isso, claro. Ele é muito bom no que faz, só que eu sou mais descontraída.
- Vamos trocar de lugar então.
- De jeito nenhum, eu adoro o Rio. Gostava daqui também, mas prefiro lá e além do mais agora já tenho minha vida estabelecida.
- Casada...
- É... – olhou a aliança. – E muito feliz.

Neste instante a atendente anunciou que Lauren havia chegado.

- Pede a ela para entrar. – Justin falou. – Você merece ser feliz, aqui você era só profissional, mas eu via que não estava contente com tudo.
- A melhor coisa que fiz foi voltar para o Rio.
- Eu também acho. – Lauren falou entrando na sala. – Desculpa, não pude deixar de ouvir.
- Oi amor, como foi lá? – beijaram-se.
- Amanhã tem a audiência final.
- Lauren é promotora no caso do filho daquele empresário de turismo.
- Ih eu to sabendo desse lance, mulher você não sabe a repercussão que está dando esse caso.
- Imagino.
- A população está revoltada porque até agora não aconteceu nada com o playboy.
- Até agora, porque eu cheguei pra colocá-lo na cadeia.
- Quase uma heroína. – Justin brincou, fazendo as duas rirem.
- Vamos indo? – Camila se levantou. – Estou morrendo de fome, só lanchamos hoje.
- Não almoçou?
- Ai não, é que nos entretemos aqui e quando vi já estava tarde.
- Menina, menina... – a olhou como se chamasse a atenção. - Justin, vamos indo então. Vou levar esta mocinha faminta para jantar.
- Te vejo amanhã Camila? – Justin perguntou.

A empresaria olhou para Lauren.

- Temos alguma coisa de manhã?
- Não, minha audiência começa à tarde. Gostaria que fosse comigo.
- Então eu venho de manhã.
- Ótimo, é bom que assim, você assiste alguns ensaios.

Lauren escolheu um bistrô famoso em São Paulo para levar Camila. Sentaram numa mesa bem reservada, onde tinha pouco movimento.

- Acho que como o cardápio inteiro.
- Eita, você não fez ao menos um lanche?
- Comi uns biscoitos e tomei um suco.
- Amor, assim não pode, como se descuidou? Você não é assim;
- É que eu me empolguei, eu gosto de trabalhar com Justin, estava sentindo falta disso. – segurou a mão dela.
- Hum... sente falta daqui?
- Só do trabalho, lá no Rio me sinto mais sozinha nesse aspecto.
- Estou pensando em vir mais para cá ou negociar de Justin ir mais ao Rio, assim acho que o trabalho rende até mais. Estamos com muitas campanhas publicitárias e Justin é ótimo nisso.
- Vou ter que dividir minha mulher com a ponte aérea. – Lauren colocou os cotovelos na mesa e apoiou o queixo.
- Não amor, será só de vez em quando. – Camila acariciou o rosto dela.

O jantar chegou e elas comeram conversando sobre a semana em São Paulo. No dia seguinte seria a finalização do julgamento e Lauren queria Camila perto dela.

A porta do fórum estava lotada, muitos repórteres, imprensa de todo o país. Lauren chegou e foi logo cercada por vários deles, mas não disse muitas palavras. Um segurança ajudou a se livrar da confusão, depois entrou em uma sala destinada a ela. Camila estava ao seu lado sempre de mãos dadas.

- Meu Deus! Isso tomou uma repercussão maior do que eu imaginei.
- Vai dar mais ibope depois que sair a sentença. – Lauren vestia a roupa que usava nos tribunais.
- Está nervosa? – Camila se aproximou ajeitando a vestimenta.
- Não, estou ansiosa, quero logo que termine pra ver a cara daquele playboyzinho. – envolveu a cintura da com os braços. – Queria muito você aqui comigo. – beijou-a - E sempre quis me ver num tribunal. Ainda mais com júri popular, fica mais emocionante.
- Hoje é um dia de muitas decisões.
- É... no fundo eu tenho pena é da família, quem sofre mais são os pais.
- Verdade.

Bateram na porta e chamaram por Lauren, ela deu um beijo rápido em Camila e saiu. Assim que todos estavam presentes o julgamento começou. Primeiro falou o advogado de defesa, depois algumas testemunhas a favor do réu e por último entrou Lauren praticamente despejando informações e provas contra o rapaz. Ela tinha filmagens de câmeras de segurança, depoimentos de pessoas que moravam perto do local do acidente, um recibo comprovando a venda de bebida alcoólica para o jovem poucas horas antes do acidente, dentre outras coisas mais relevantes.

- De acordo com essas provas aqui mostradas, posso constatar que a versão contada pela defesa e pelo próprio réu tem divergência com o que realmente aconteceu. Divergências essas que favorecem o réu. Eu gostaria de saber se os jurados aqui presentes têm filhos e mesmo que não o tenham, provavelmente têm sobrinhos ou conhecidos próximos na faixa etária do jovem Igor, falecido no acidente. Sua vida foi interrompida por imprudência de um motorista que não teve consideração pelas vidas que levava em seu carro. Quando estudamos para tirar nossa Carteira Nacional de Habilitação o que mais nos ensinam é ser responsável e defensivo na direção. Não estou aqui para avaliar todos os jovens, mas os tempos mudaram e a juventude do século XXI é muito mais inconsequente comparada às anteriores. Não quero somente mostrar o motivo para uma condenação, mas conscientizar o jovem de suas atitudes desregradas. E que elas têm consequências fatais e devem ser punidas, para que casos assim aconteçam cada vez menos. - Lauren olhou para os jurados expressivamente e depois se sentou. Seus olhos se cruzaram com os de Camila e a morena ganhou um lindo sorriso de admiração.

O juiz releu alguns papéis ficando em silêncio por vários minutos, o júri também deu seu veredicto e após um tempo que pareceu uma eternidade o juiz se pronunciou.

- Diante dos fatos apresentados e por unanimidade do júri aqui presente, eu declaro o réu Ricardo de Souza culpado. – bateu o martelo.

Todos que assistiam ficaram de pé para bater palma, mas o juiz ainda não tinha terminado, então foi pedido silêncio.

- Ele cumprirá pena em regime fechado por vinte e seis anos. E em virtude de mais acusações, estas feitas pela família de uma das vítimas, o próximo julgamento acontecerá amanhã, mas não vai alterar a pena estabelecida pelo julgamento de hoje.

Lauren saiu se sentindo vitoriosa, a família do garoto que havia morrido foi procurá-la e ela lhes deu algumas orientações a respeito da audiência do dia seguinte.

- Estão no caminho certo e a justiça está do lado de vocês. – falou segurando a mão da avó do rapaz.

Camila veio se aproximando, Lauren pediu licença e as duas foram para a sala da promotoria.

- Meu amor você foi o máximo! – Camila a abraçou envolvendo os braços em sua cintura.
- Gostou mesmo? Por um momento achei que estava entediada.
- Não! De certo a parte que o advogado de defesa falou me deixou com sono. – riu. – Fiquei mais enojada eu acho.
- Eles são assim mesmo, afinal têm que defender, estão sendo pagos e muito bem por sinal.
- Mas você foi brilhante, fiquei tão orgulhosa. – mexia nos cabelos dela. – Sabia que fica muito sexy com essa roupa? – Camila deu um sorriso sem vergonha.
- Menina, posso te prender por falar uma coisa assim. – a morena a olhou com malícia.

As duas estavam num momento mais carinhoso quando a porta foi aberta de repente.

- Sabia que estava aqui!

Camila custou a acreditar no que estava vendo, estava de mãos dadas com Lauren e a morena sentiu quando ela apertou deus dedos.

- Lauren, divina como sempre! – Alexa falou. – Quando li que era você a promotora deste caso, pensei logo, esse moleque vai pegar no mínimo vinte e cinco anos de prisão, errei por um ano só. – falava como se fosse íntima. – Sabe que estou no caso do mafioso, sim? Pois se tiver que escolher com quem vou trabalhar, minha melhor opção é você.

Lauren olhava para Alexa como quem olha para uma parede, já Camila tinha os olhos fixos na juíza e mal conseguia respirar.

- Quem autorizou sua entrada aqui? – Lauren tentou manter a calma, ao mesmo tempo em que abraçou Camila como se quisesse protegê-la.
- Não preciso de autorização para entrar em lugar algum.
- Tudo bem, assim como eu não preciso tolerar você, vamos Camila. – ia saindo puxando a mais nova consigo.
- Camila!? Ainda é a mesma? Menina você é mesmo muito insistente e corajosa. – olhou para Camila com o desprezo de sempre.

As duas já saíam pela porta quando Camila resolveu voltar.

- Espere! – voltou-se para Alexa e falou tentando ser o mais segura de si. – Eu sou sim insistente e corajosa, primeiro porque eu acredito no amor e tenho mesmo que ter coragem para lidar com pessoas ridículas e medíocres como você. Não será alguém inferior que vai acabar com a minha felicidade.
- Cuidado com o que fala garota, posso te prender, afinal eu sou uma juíza e você não é nada mais do que...
- A mulher que eu amo. – Lauren interrompeu Alexa. – Camila é minha esposa, é a pessoa que escolhi para ser feliz e se precisar passar por cima de você para protegê-la eu farei. Alexa, não se rebaixe, coloque-se no seu lugar miserável de sempre e me deixe viver com quem eu amo de verdade.

As duas viraram as costas e largaram a juíza sozinha na sala. Depois que entraram no carro Camila colocou as mãos no rosto tentando botar os pensamentos em ordem.

- Como essa mulher entrou na minha sala? – Lauren deu um soco no volante. – Não acredito que isso tenha acontecido.
Camila tirou as mãos do rosto e olhou para ela.
- Ela mesma disse que entra em qualquer lugar.
- Nunca imaginei que isso aconteceria amor, me perdoe. – falou totalmente envergonhada.
- Lauren... – segurou suas mãos. – A culpa não é sua. – beijou-as – Conhecendo bem Alexa eu sim pensei que hora ou outra ela faria algo do tipo. E ainda acho que ela não vai sossegar. – fechou os olhos e respirou fundo. – Eu confio em você, plenamente. Só queria saber se posso ficar tranquila quanto a minha confiança.
- Claro que pode amor. Não duvide nunca do meu amor, eu não passei o que passei para perder sua confiança de novo. Eu te amo. – beijou a boca da mais nova. – Amo muito! – beijou de novo. – Não sei mais viver sem você. – dessa vez o beijo foi mais apaixonado.

No final do beijo a morena falou invocada:
- Esse traste tinha que voltar pro Acre.

Camila sorria ao mesmo tempo em que a beijava.

Melodia Where stories live. Discover now