Capítulo 59

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Depois do banho relaxante voltaram pra cama e só saíram do quarto no dia seguinte cedo, nem tomaram o café da pousada. Assim que chegaram em casa foram para o quarto dormir. Clara acordou e preparou o café, logo Dinah e Sarah acordaram também e as três comeram juntas. Estavam de conversa na cozinha quando ouviram passos e risadas.

- Você roncou que eu ouvi. Desde quando começou a roncar? – Lauren falava.
- Eu não ronco, você deve ter sonhado.
- Não, o sonho era muito real. – fazia cócegas em Camila. – Mas tudo bem, eu te amo mesmo assim. – abraçou-a por trás. – Ainda que ronque alto. – mordeu o pescoço dela.
- Para! Eu não ronco.

Chegaram a cozinha ainda abraçadas.

- Claro que ronca. – Dinah falou com cara séria.
- O que? Está demitida por justa causa. Inventar um absurdo desses.

Lauren morreu de rir.

- Você ronca sim, quando dorme de barriga pra cima.
- Eu já ouvi. – Sarah falou.
- Segunda-feira vou ao médico, nunca que vou roncar a noite.
- Não ligo, eu viro você pra não roncar. – Lauren a soltou e beijou a mãe. – Bom dia mãe.
- Bom dia filha.
- Estou com fome. Vamos comer porque vou levar Sarah na toca da Raposa.
- Que é isso? – a menina perguntou.
- Uma cachoeira muito famosa que tem aqui.
- Gente isso não é perigoso? – Dinah perguntou.
- Não, pode ficar tranquila. Vamos todas fazer um piquenique.
- Hum, boa idéia. – Camila sorriu.

Tomaram o café e prepararam tudo para o passeio. Sarah ficou encantada quando viu a cachoeira.

- Nossa, eu posso nadar?
- Naquela parte ali pode, que é mais rasa. – Lauren mostrou.

O céu estava limpo e o sol convidava a entrar na água. Camila não quis se molhar, assim como Clara. Dinah, Lauren e Sarah aproveitaram a água, nadaram um bom tempo. Camila ficou conversando com Clara e ao mesmo tempo observando Lauren e como ela chamava a atenção das pessoas que estavam por ali. Não tinha quem não olhasse para ela. O biquíni preto e o corpo esguio eram uma combinação perfeita.

- Lauren parou de malhar, precisa voltar a se exercitar. – Clara comentou.
- Ela me contou que começou a fumar. Fiquei horrorizada!
- Imagina eu?! Nunca suportei cigarro. Ela está tentando parar e me prometeu se esforçar.
- A mim também, tenho acompanhado isso. Não tanto quanto gostaria, mas já disse que não quero ela fumando perto de mim.
- Não precisa ser tão rígida, ela vai conseguir parar. Tenha paciência.

Camila ficou envergonhada com o comentário e de ter sido repreendida. Clara não era puxa-saco da filha, pelo contrário, era sempre justa. Parecendo adivinhar os pensamentos de Camila ela ainda falou.

- Lauren é a melhor filha do mundo. E não é porque é a minha filha, mas porque é carinhosa, esforçada, batalhadora. Enveredou por caminhos mais complicados, mas quer se endireitar. Como mãe eu só faço ajudar, porque sem ela não sei o que seria da minha vida. – falava e olhava para a filha. – Sei que é teimosa, geniosa, mas é também muito honesta e dedicada quando quer, às vezes se frustra e por isso faz escolhas erradas.
- Eu... – Camila olhou para cima. – Eu a amo. Não consigo dizer isso a ela ainda, mas a amo com todas as minhas forças. Tenho mágoa pelo passado, mas vou superar. Sei que não a tenho tratado como ela gostaria ou esperava.
- Te entendo, é difícil confiar em alguém quando há traição. O que ela fez não justifica nada, mas se arrependeu. Lauren sofreu tanto com a separação de vocês e sei que não foi diferente pra você. Dê uma chance a ela.
- Estou dando essa chance.
- Mas trate-a com respeito só assim vão se acertar.

Camila entendeu o recado, não tratava Lauren melhor, pois era a forma que viu de punir o que ela havia feito, mas se estava com ela deveria melhorar esse tratamento. As três voltaram da água e o assunto mudou.

- Estou com fome. – Sarah falou.
- Bom, aqui tem fruta, sanduíches, suco, biscoitos. – Clara abriu a cesta mostrando.
- Quando vamos comer fondue?
- Sarah, quer se acalmar, o mundo não vai acabar hoje. – Dinah a repreendeu. – Se enxuga que esse vento ta meio frio.
- De noite a gente sai pra comer o fondue. – Lauren falou se sentando em cima da enorme toalha que haviam colocado no chão.
- Podemos ir naquele aqui perto? – Camila perguntou estendendo uma toalha pra ela.
- Claro linda. – sorriu. - Ta frio mesmo. – falou se arrepiando.
- Veste a blusa meu bem. – Camila estendeu a blusa de frio.

Lauren olhou achando estranho aquele tratamento, imaginou que tinha dedo da mãe no meio. Colocou a blusa e tirou a parte de cima do biquíni por dentro dela, para que não molhasse o moletom. Camila pegou um morango e o mordeu.

- Quer? – ofereceu a ela, que aceitou pegando das mãos da mais nova. – Esse morango ta docinho.
- Hum, achei que eram seus dedos. – Lauren falou baixinho só para Camila ouvir.

Ela sorriu timidamente. A morena aproveitou a posição que estava e aconchegou Camila entre suas pernas, sentada de costas. Ela encostou a cabeça no ombro de Lauren e passou o braço dela em sua cintura.

- Sentindo frio? – a morena falou em seu ouvido.
- Um pouco. – encolheu os ombros.
- Vem cá. – Lauren a abraçou mais.
- Adorei esse lugar! Vou tirar horrores de fotos pra colocar no meu blog. – Dinah falou.
- Você tem blog? – Lauren perguntou.
- Ai, ai, ela e esse blog. – Camila revirou os olhos. – Se deixar ela vira a noite mexendo naquilo.
- Não me critique ok? Porque o seu blog bomba na internet e é única e exclusivamente por minha causa e nem peço hora extra para atualizá-lo.
- Onde você arrumou essa peça rara? – Lauren perguntou sobre Dinah.
- Achei num mercado de pulgas. – Camila riu fazendo o resto gargalhar. – Somos inseparáveis, na verdade eu não consigo fazer mais nada sem Dinah por perto. Ela quem cuida da minha agenda pessoal e profissional. Eu fico por conta de trabalhar. Se espirro ela já ta procurando médico, se preciso viajar as passagens já estão compradas.
- Eficiência não é pra todo mundo. – Dinah falou com orgulho.
- Humildade também não. – Lauren mexeu com ela.
- Eu dou até palpite no trabalho de Camila.
- Isso é verdade, você ainda não me deu palpite na campanha da empresa de energia.

Camila contou sobre a campanha e falou que eles queriam algo que atingisse mais os jovens. Lauren ouvia com atenção as duas conversarem e sentia orgulho de Camila. Ainda não tinha visto a mais nova trabalhar, mas sabia que era competente. Distraiu-se da conversa e ficou cantarolando uma melodia enquanto comia um pedaço de pão.

- Que música é essa? – Camila perguntou só pra ela ouvir.
- Não sei, devo ter escutado em algum lugar.
- Tenho boa memória e posso dizer que nunca ouvi essa musiquinha aí. E até gostei do ritmo. – cantarolou junto com Lauren. – Me vende ela. – Camila sorriu.
- Vai custar caro hein. – levantou uma sobrancelha.
- Quem sabe uma negociação... – Camila apertou a coxa da morena.
- Ui.

Passaram a tarde na cachoeira e nem almoçaram, ficaram só com o lanche que haviam levado. Passearam pelo local e fizeram uma caminhada ecológica. Voltaram para tomar banho e descansar um pouco. Depois saíram para comer o fondue prometido a Sarah. Quando o garçom veio trazendo a carne crua Sarah logo arregalou os olhos.

- Vou comer esse troço cru?

Não teve quem ficou sério na mesa.

- Não Sarah, primeiro você coloca a carne aqui. – Camila mostrou a cumbuca de óleo quente. – Aí quando ela fritar você molha no queijo.

Lauren voltou no tempo, lembrando da primeira vez que a empresaria havia comido fondue. Sorriu ao lembrar e olhou para Camila que explicava para a menina. Passou o braço em volta da sua cintura, fazendo a mais nova olhar para ela. Beijou sua cabeça e sorriu.

- Será que ela aguenta o doce? – Lauren perguntou.
- Se não aguentar que fique bem claro que eu vou comer fondue doce ainda hoje. – Camila logo se manifestou.

Saíram do restaurante de madrugada, nem repararam na hora de tanto que conversaram cotando casos e histórias engraçadas.

Em casa, Lauren se jogou na cama, se sentia cansada. Bocejou e espreguiçou antes de falar com Camila.

- O dia hoje foi cheio, minhas pernas estão doendo.
- Você já foi mais animada. – Camila falou enquanto tirava a roupa.
- Eu já fui mais nova, isso sim.
- Que nada, também estou mais velha e não me sinto cansada.

Lauren riu.

- Você não fuma, não sabe os males que o cigarro traz.
- É, não sei. – olhou para Lauren. – E você também não saberá mais.
- Sim, sim... nada de cigarros. – falou levantando os braços.

Camila tirou a roupa, ficando somente de calcinha e uma blusa fina de malha. Pegou uma bolsa e entrou no banheiro, depois voltou. Lauren continuava deitada, Camila sentou ao lado dela e alisou seu braço.

- Está querendo alguma coisa. – Lauren falou olhando para ela.
- Adivinha?! – Camila sorriu como uma criança sapeca.

A morena puxou para que ela deitasse em cima dela.

- O que está querendo hein mocinha?

Camila abriu a calça de Lauren e foi puxando para baixo com a ajuda dela, deixando-a sem nada, apenas com a blusa. Depois subiu novamente ficando sentada em cima do púbis de Lauren.

- Quero fazer uma coisa.
- O que?

Camila esticou o braço e pegou um pênis de borracha com uma cinta.

- Usar isso.

Lauren sorriu e o pegou das mãos dela, sentou na cama e quando ia se preparar para colocar a mais nova interrompeu.

- Não, eu quero usar. – tomou das mãos dela.
- Por quê?
- Porque sim ué.
- Mas... eu...
- Achou que usaria em mim? Se me der uma explicação plausível para eu não usar em você, até aceito.
- Não vai usar isso em mim. – Lauren se levantou da cama.
- Por que não? Isso é preconceito sabia?
- Não é. É que você sempre...
- Sempre fui a mulherzinha? Lauren não seja machista, tenho horror disso.
- Por acaso sabe usar isso? – levantou a sobrancelha.
- Claro que sei.
- Então já usou antes.

Camila olhou para o lado, para ela, ficou sem jeito para falar.

- Já, já usei antes sim. Tem problema pra você?
- Tem. – Lauren entrou no banheiro e bateu a porta.

Camila ficou imóvel, não sabia o que falar ou fazer. Levantou e foi até a porta do banheiro, mas estava trancada.

- Lauren, abra a porta.
- Não. Vai dormir, me deixe quieta aqui.
- Vai dormir no banheiro? – riu.
- Vou, me deixe.
- Não faça isso; saia, vamos conversar. – falou com voz doce.

Melodia Where stories live. Discover now