Capítulo 54

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Passaram o final de semana uma pensando na outra. Camila trancada no quarto e Lauren em Mauá chorando no colo da mãe.

- Eu disse que teria de se preparar para um não. – Clara consolava a filha. – Ela é teimosa e tem orgulho, não é fácil perdoar uma traição.
- Achei que poderia mudar as coisas. Ela me magoou com aquelas palavras.
- Não depende só de você filha. E você também a magoou e não com palavras, mas atitudes.

Lauren estava desolada e sem esperança. Nada parecia amolecer o coração de Camila. Passou o final de semana fazendo caminhada, pensando na vida e meditando sobre suas atitudes. Deveria deixar Camila de lado então e seguir seu rumo, parar de pensar nela seria o melhor a fazer. E ficaria o resto da vida sozinha, não queria mais ninguém.


Na segunda a tarde Camila foi para o estúdio cedo, conversou com os dois novos funcionários e deu instruções de como deveriam trabalhar. Depois foi para sua sala e também fez uns acertos com os dois garotos que havia chamado para a experiência como operadores de som.

- Temos uma gravação na semana que vem. A banda é do Rio mesmo e o cantor é bem enjoado com relação à altura dos instrumentos, costuma pedir pra repassar várias vezes, então fiquem atentos. Serão supervisionados por Diogo. Por essa semana estamos ainda com o movimento menor, está sendo tudo marcado para mais adiante, enquanto isso podem se familiarizar com os equipamentos.
- Agradecemos a oportunidade dona Camila, estamos empolgados em começar. – falou um dos rapazes.
- Se quiserem continuar trabalhando aqui, me chame de Camila. – a empresaria falou sério e depois riu. – Se me chamar de dona mais uma vez serei obrigada a chamar o segurança e te colocar pra fora. – brincou. – Nem fiz trinta ainda rapaz.

Os rapazes estavam animados com a oportunidade e ainda de trabalhar com Diogo que era um músico muito conceituado. Camila saía do estúdio para almoçar e viu Bernardo se aproximando.

- Boa tarde senhorita Camila. – ele vinha acompanhado de mais dois homens. – Viemos interditar esse botequim.
- O que? – Camila assustou.
- Disse que não ia deixar por menos e trouxe um engenheiro e um Policial para que esse muquifo seja fechado. Eu disse que não queria músicos neste prédio e continuo não querendo. Vá montar suas tralhas em outro lugar. Eu não trabalho no mesmo lugar que essa ralé. – falava alto e debochado.
- Pra fazer isso terá de passar por cima de mim.

Assim que ela falou os dois atendentes vieram lhe dar apoio moral.

- Isso será moleza.

Bernardo foi com os dois homens para cima de Camila e os atendentes, a empresaria tentava manter a firmeza, mas por dentro se sentia frágil como uma criança. Mais dois seguranças apareceram para reforçar o comboio que o advogado trazia. Quando pegou no braço dela sentiu uma mão em seu pescoço.

- Seus pais não lhe ensinaram que é feio agredir uma mulher? – Lauren falou por trás dele. – É claro que não aprendeu isso, você não tem pais, deve ser de uma chocadeira.

Lauren apareceu com um delegado e um jornalista, conhecidos dela.

- Eu prometi a mim mesma que se encostasse um dedo nela eu não responderia por meu juízo. Posso saber com que direito você está importunando minha cliente? Tem algum documento plausível que justifique sua atitude boçal? – apertava o pescoço dele.

Bernardo se desvencilhou.

- Lauren! Eu não vou admitir que um estúdio seja montado neste prédio onde só tem escritórios de renome. Aqui não é lugar de bagunça e música é coisa de gente que não tem o que fazer, ao contrário das pessoas que trabalham aqui.
- Acho que não conhece minha cliente. É dona de um dos maiores estúdios desse país e é dele que saem os melhores artistas que a mídia divulga. Admitir é um verbo muito pessoal não é meu caro? Já que sua tolerância para com o próximo é bem curta.
- Se quiser, eu tiro esse estúdio daqui.
- Tira mesmo? – falou o delegado. – Meu nome é Francisco, sou delegado. Gostaria de saber se tem algum tipo de mandato ou qualquer documento que impeça o funcionamento do local.
- Eu tenho... eu consegui um embargo e ainda assim eles insistiram. – Bernardo já gaguejava e pegava o celular para ligar para alguém. – Vou falar com meu...
- Seu pai? – Lauren o interrompeu. – Sim, ligue pra ele e diga que a imprensa está aqui e vai adorar revê-lo.

Melodia Where stories live. Discover now