Capítulo 43

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No dia seguinte Clara levantou cedo e bateu na porta, viu as duas dormindo abraçadas.

"Mas é uma falta de juízo mesmo." Chegou perto de Lauren e a chamou baixinho.

- Minha filha, acorde.

Lauren abriu os olhos com dificuldade.

- Que foi mãe? Quantas horas?
- É cedo, eu que acordei pra beber água e passei por aqui. Não pode ficar assim com Camila, já pensou se os pais dela abrem a porta e as vêem assim?
- Eu nem me dei conta. – falou se desvencilhando de Camila bem devagar para não acordá-la. – Dormi tarde, estou com sono ainda.
- O que houve? – Clara se ajoelhou perto do sofá-cama.
- Camila não gostou do que aconteceu ontem no restaurante.
- Deve ter ficado cismada, com razão, aquela mulher é inconveniente.
- Alexa é meu maior castigo. – esfregou os olhos.
- Vá dormir então, eu vou fechar a porta e dizer que vocês dormiram tarde e estão cansadas. Vou tentar distraí-los.

Clara fechou a porta e Lauren voltou a dormir abraçada com Camila. Cheirou seus cabelos, seu pescoço sentindo seu perfume suave e dormiu. Acordaram horas depois, as duas juntas, pois Camila se remexeu e assustou Lauren. Ficaram se olhando como que desconcertadas.

- Bom dia. – Lauren acariciou o rosto da mais nova.
- Bom dia. – Camila baixou os olhos.
- Se eu não vou te buscar, você iria dormir na varanda.
- É, estou me perguntando como vim parar aqui.
- Não consegui dormir e fui lá te ver, você estava encolhidinha na cadeira. – beijou sua testa. – Aí te peguei no colo, trouxe para cá, tirei sua roupa e cobri você. Fiquei velando seu sono até que dormi também. – Lauren respirou fundo e olhou nos olhos de Camila. – Perdoe amor pelo inconveniente de ontem. Eu queria que sua noite tivesse sido a mais especial, infelizmente não pude lhe proporcionar isso, eu...
- Shii... – Camila colocou o dedo nos lábios dela. – Você não tem culpa da falta de bom senso daquela mulher. Ela me incomoda sim, não vou negar, mas preciso trabalhar isso dentro de mim, me sentir mais segura. Tenho a sensação de que ela vai me prejudicar. Bobeira minha eu sei, mas espero que passe.
- Não quero que pense em Alexa, ela não vale um segundo da sua atenção.

Camila baixou os olhos, tinha o olhar ainda perdido.

- Olha pra mim. – Lauren levantou seu queixo. – Eu te amo e nenhuma pessoa nesse mundo pode mudar isso. Te ver chateada me deixa sem reação, fico completamente desnorteada a ponto de não conseguir dormir como ontem.
- Lauren... – Camila a olhou seriamente. – Se um dia se cansar de mim ou se me trair, por favor, me diga, quero ser a primeira a saber. Não suportaria ser enganada por você.

Lauren puxou Camila contra seu corpo e a abraçou tão forte como se quisesse fundir seus corpos. Chorou silenciosamente, de remorso, de culpa, de vergonha, era um misto de sentimentos. Não soube o que dizer, apenas se agarrou a pianista. Camila foi quem interrompeu o abraço.

- Peraí! Eu estou somente de roupas íntimas? Lauren você não me vestiu? Dormimos assim?

Lauren a olhou com uma cara safada.

- Pare de rir! – Camila fez um bico. – Já pensou se meus pais abrem essa porta? – levantou procurando a roupa de dormir e a vestiu rapidamente. – Sua sem-vergonha, não tem um pingo de juízo.

A morena continuava a olhando divertida.

- Já entraram aqui. – falou num sorriso contido.
- O que? E eu estava assim?

Lauren caiu na gargalhada.

- Foi minha mãe sua boba. – puxou Camila fazendo cair em seu colo. – Ela fechou a porta e disse que ia distrair seus pais. Eles nem devem estar em casa.
- Humpf. – Camila estava emburrada.
- Não emburra senão vou ter que recorrer às minhas habilidades.
- Que habilidades?

Lauren começou a fazer cócegas em Camila, mordendo e beijando ao mesmo tempo.

- Para amor... – ria – Por favor. – mais cócegas.
- Só se disser que me ama. Ainda não ouvi hoje. – Lauren parou por um momento.

Camila a olhou com ternura, sorriu franzindo o nariz.

- Eu te amo sua sem juízo. – beijou-lhe os lábios.

As duas estavam namorando quando a porta se abriu de repente, era Sofia entrando puxando uma centopéia que tocava uma musiquinha.

- Cristo Deus, que susto Sofi!
- Titiiii! – veio sorrindo.
- Bom dia neném. – Camila a pegou no colo. – Você está acordada a toda já né? Dá bom dia pra tia Lauren.

Sofia mexeu as mãozinhas e sorriu para Lauren, tentou falar o nome dela, mas não conseguiu.

- Fala assim: Bom dia tia Lauren! – Camila a ensinava.
- Lo... Lo... – Sorriu. – Lolooo...
- Ih... já ganhou um apelido.

Lauren sorria para ela.

- Essa menina é muito especial, nunca vi uma criança tão feliz.

Sofia esticou os bracinhos para que Lauren a pegasse e ficaram brincando com ela até Perrie chegar na porta.

- Ela já esta amolando vocês? Sofia, vem aqui minha filha.
- Deixa ela, estamos brincando. – Lauren sorriu.
- Onde está minha mãe e meu pai? – Camila perguntou.
- Saíram com Clara para dar uma volta.
- Faz tempo?
- Não, eu acordei agora pouco e eles estavam saindo. Voltam para definir o almoço.
- Podíamos almoçar na Urca, naquele restaurante perto do Pão de açúcar. – Lauren sugeriu.
- É uma boa. Esperamos eles voltarem então.
- Vem Sofia, vamos trocar de roupa.

Perrie saiu com a menina deixando Lauren e Camila a sós novamente.

- Vamos nos trocar também? – Camila perguntou.
- Que tal darmos uma volta na praia, levamos Sofia, será que sua cunhada deixa?
- Deixa sim, vou pedir a ela.

As duas se arrumaram e encontraram com Zayn e Perrie na sala.

- Gente, vamos descer um pouco e ver se encontramos o pessoal. Querem ir?
- Ah eu to com preguiça. – Zayn falou. – Ainda mais com esse sol.

Perrie não se manifestou, não parecia ter vontade também.

- Posso levar Sofia então? – Camila pediu.
- Claro, só passa filtro solar nela. – Zayn recomendou.

Depois de prontas as três desceram. Na calçada Camila e Lauren davam a mão a Sofia que andava feliz. Foram na praia, deixaram a menina andar descalça na areia e brincar com as ondas, depois lavaram os pés e caminharam até uma sorveteria. Sofia ficou agitada quando viu a quantidade de cores e brinquedinhos que tinha no lugar.

- Nossa ela vai ficar maluquinha. – Camila riu.

Lauren pegou uma taça grande e colocou sorvete para as três, encheu de guloseimas e calda de chocolate e voltou para a mesa.

- Isso é pra acabar com nosso almoço, sim? – Camila apontou para a taça.
- Ah, mas ta com uma cara ótima.

Os olhos de Sofia brilharam quando viram a taça em cima da mesa. Lauren tirou um pouco e deu a ela, que lhe sorriu como se agradecesse.

- Ela gosta de você. – Camila falou. – E você me surpreende com o jeito que a trata, pensava que não tinha muita paciência com crianças.
- É que eu cuido de um neném todo dia. – Lauren sorriu.

Camila demorou um pouco pra entender.

- Ahh, eu nem sou neném. – falou limpando a boca de Sofia, que estava sentada em seu colo. – Você acha? – pareceu preocupada.
- Acho que é a neném mais linda que já vi. – Lauren cochichou e ofereceu sorvete para Camila. – Se bem que sorvete me lembra o que meu neném fez uma vez...
- Pra você ver que esse seu neném, quando quer é bem sem-vergonha.

Tomaram o sorvete e voltaram a caminhar. Lauren quis entrar num pequeno shopping só para comprar um brinquedo para Sofia.

- Você está estragando a minha sobrinha. – Camila a repreendeu.
- E você também não faz isso?
- Faço. – Camila fez uma cara de criança levada.

Escolheram um mini notebook, para crianças, tocava música, falava inglês, entre outras coisas.

- Acho que ela não vai aproveitar muito agora, meu bem. – Camila olhava para o brinquedo.
- Agora não, mas ela é esperta e logo vai fuçar nesse negócio. – Lauren estava animada.

Saíram da loja com Sofia carregando a sacola do próprio brinquedo.

- Olha quem vem ali. – Camila mostrou a menina.

A menina foi correndo de encontro aos avós.

- Sofia, está passeando? Seus pais não têm vergonha, largaram você com Camila pra tomar conta. E ainda amolando Lauren.
- Que nada, Sofia é uma criança muito boa. Tomar conta dela é um prazer.
- Onde estavam?
- Tomando sorvete.
- É, foi uma bolinha só. – Camila completou rindo.
- Zayn e Perrie não vieram por quê?
- Quiseram descansar mais.
- Deixa eles, os dois têm trabalhado muito. Perrie só pôde vir porque conseguiu folga da loja.
- Lauren, onde vamos almoçar? – Clara perguntou.
- Pensei naquele restaurante da Urca. De lá já subimos no pão de açúcar.
- Então vamos, senão não dá tempo de conhecer os lugares.

Se dividiram nos carros como no dia em que chegaram e seguiram para o restaurante. Almoçaram sem muita demora e subiram para o Pão de Açúcar. Tiraram fotos e deram boas risadas da cara que Sinuhe fazia dentro do bondinho por conta da altura. Depois que desceram foram ao Corcovado, ainda passaram pela Confeitaria Colombo já era quase noite. Marcaram de ir ao bondinho de Santa Terezinha no dia seguinte e ao Jardim Botânico.

À noite Sofia estava elétrica e deixando todos agitados na casa, Lauren pediu para levá-la ao parquinho do prédio, surpreendendo totalmente Camila. Estavam descendo pelo elevador e Camila ainda a olhava.

- Está gostando mesmo do ofício de babá. – sorriu para Lauren.
- Estou treinando, sabe como é, sou noiva e vai que minha noiva engravida a qualquer momento.

Camila deu uma gargalhada.

- Nem pense nisso, ainda estou estudando, filho só depois da faculdade. Isso se eu tiver condições de ter um.
- Quer ter filhos mesmo?
- Não sei te dizer. Às vezes eu tenho vontade, mas me acho muito imatura ainda. Sei que se tiver saberei cuidar, mas não quero me precipitar.
- Tem razão, filho é um compromisso para a vida toda.
- Porque a gente sempre quer dar a eles o melhor do melhor. Educação, viagens, estrutura e tudo mais. Não gostaria de não poder proporcionar isso a um filho meu.

Ficaram sentadas num banco próximo e deixaram Sofia se esbaldar no parquinho. Depois foram no balanço, escorregador e até num pequeno carrossel. Só voltaram quando notaram que a menina estava cansada.

- Está sujinha neném. – Lauren falou.
- Nossa, acho que o banho dela vai sobrar pra mim, ela estava limpinha quando desceu.
- Mas eu to falando de você. Olha a sua roupa. – Lauren riu.
- Você não está muito fora disso viu.

Quando entraram no apartamento Lauren colocou Sofia no chão e ela foi sujando a casa toda de areia.

- Minha nossa senhora! Sofia! Está sujando tudo. – Sinu veio correndo para pegá-la.
- Deixa ela, brincamos muito. Agora acho que ela dorme. – Lauren falou.

Sinuhe pegou a menina e ela mesma deu banho. Camila e Lauren também tomaram banho, separadamente claro e foram deitar, pois já estava tarde.



No dia seguinte fizeram como combinado e a última parada foi o Jardim Botânico. Acabaram por almoçar ali perto. A última parada foi na praia de Copacabana e depois voltaram para o apartamento. Sinuhe arrumava as coisas para irem embora no dia seguinte e Camila já se mostrava triste. Parou na porta do quarto onde estavam os pais e ficou olhando.

- Filha, quando vai para São Paulo?
- Não sei mãe, vou esperar um brecha das apresentações. Talvez vá até mesmo no meio da semana. Porque final de semana está complicando e não posso deixar de tocar.
- Ta certo.

Alejandro se aproximou e entregou um pequeno envelope.

- Camila, isso é pra ajudar nas despesas, ficamos aqui todos esses dias e não gastamos um centavo.
- Não precisa pai, eu que fiz questão.
- Mas demos despesas à moça dona da casa.
- Ela quem ofereceu de vocês ficarem. Por favor, não se incomode com isso, foi um convite. Guarde pra quando eu for e a gente faz uma viagem ali por perto.
- Podemos ir para Brotas, você gosta de lá.
- Isso. Combinado!

Camila deixou os pais e se recolheu, quando entrou no escritório Lauren estava lendo e viu que seus olhos estavam vermelhos.

- Meu amor, não chora. Daqui pouco tempo você vai visitá-los.
- Eu sei, sou uma chorona mesmo. – Camila se aproximou.

Lauren a pegou pela mão e fez sentar no seu colo.

- Vem cá, não fica assim. Olha, acho que daqui um mês terei de ir a São Paulo, você vai comigo e de lá vai para Jaú. De avião vai mais rápido, você fica lá uns dias e volta quando eu voltar.
- De repente dá certo né? Obrigada por me consolar e me aguentar.
- Eu adoro te aguentar. – Lauren a beijou no rosto. 

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