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Adriana sempre achou bonito como a luz do sol transformava a água do mar em pequenos diamantes, mas voar no espaço em direção aos diamantes que povoavam o céu noturno era incomparável.

Ainda assim ela acariciou a pulseira de conchas e lançou um último olhar a seu planeta natal.

A temperatura começou a cair rapidamente quando a nave se distanciou da atmosfera. Os pelos dos braços de Adriana se arrepiaram, então ela ativou o piloto automático e foi até os fundos da nave, buscar algo mais quente para vestir.

O compartimento de carga fora transformado num acampamento, ou quarto improvisado, com tudo que a jovem trouxera. De uma mala deixada junto à parede, tirou um casaquinho de manga comprida, uma das poucas peças de roupas de frio que tinha. Caramuru, da mesma forma que a América Latina, possuía clima predominantemente tropical, sendo mais frio perto dos polos, com um pouco de granizo ocasionalmente. Isso fazia roupas pesadas serem desnecessárias.

Porém, fora de casa as regras eram outras. Talvez fosse preciso comprar vestimentas para todas as temperaturas, vai saber os climas dos planetas que visitava.

-- Mestre Adriana, nessa velocidade, chegaremos ao planeta habitado mais próximo em um mês.

-- Certo, Luny – ela vestiu o casaco – Tem certeza que a hipervelocidade está funcionando?

-- A 100%, senhorita.

-- Então vamos lá – voltou para a cabine.

Com a hipervelocidade acionada, só demorou uma hora e meia para a nave chegar na órbita de Hope, um planeta amarelo esverdeado com quatro luas, colonizado pelos países do Canadá e quase todos do Reino Unido. Falava-se principalmente inglês lá.

Felizmente Adriana falava esperanto fluentemente. Como membro da nobreza, era seu dever ser capaz de se comunicar com estrangeiros para o caso de guerra ou transações formais com embaixadores, e o esperanto era a língua geral, ensinada em todas as escolas.

Ao descer pela atmosfera, a jovem se sentiu como que mergulhando em uma nave desconhecida: um frio no estômago por descer a um ambiente e profundidade novos, com um pouco de medo do que pode haver lá embaixo ao mesmo tempo que animação pela aventura.

Ao se aproximar do espaçoporto, uma voz saiu do comunicador da nave, falando em esperanto:

-- Nave CM107562, identifique-se.

-- Aqui é a nave CM107562, solicito permissão para aterrissar.

-- O que a traz a Hope?

-- Turismo. Não trago nenhuma carga ou passageiro.

A voz ficou em silêncio por alguns instantes antes de voltar:

-- Nave CM107562, tem permissão para aterrissar.

Adriana tomou o maior cuidado para pousar, com Luny tagarelando sem parar no seu ouvido:

-- Agora desligue os propulsores laterais e acione os traseiros. Não esqueça de baixar os pés da nave. E aterrisse no limite da faixa!

Em terra firme e com os motores desligados, Adriana pensou em algo que se esquecera completamente com o estresse dos últimos tempos.

-- Luny, eu esqueci de batizar a nave.

-- É verdade.

-- Deixe-me ver... Eu queria um nome de pássaro, uma ave da nossa terra.

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