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A manhã seguinte foi gasta contatando todos que Adriana conhecera desde o começo da viagem. Conseguir sinal num sistema tão afastado exigiu toda a habilidade da jovem para aumentar o alcance do comunicador, mas valeu a pena. Quando começou a transmitir mensagens, não parou por horas seguidas.

Primeiro chamou Hope e contou que tinha neve ali, depois mandou holovídeos para Haru, Nyela e Samir, e por último Eduardo e Juan. A mensagem era basicamente a mesma: o planeta Terra estava bem, capaz de sustentar vida, e poderia receber pessoas. Os humanos poderiam voltar a viver juntos.

As respostas de Nyela e Samir foram quase idênticas, animadas e com a promessa de conseguir ajuda para trazer mais aliados para a causa. Hope disse que iria o mais rápido possível e Eduardo ficou feliz por sua conquista, embora desse para notar que tentava esconder algo.

-- Isso quer dizer que você não vai voltar para casa? – ele perguntou. Adriana suspirou.

-- Ainda tenho muito o que fazer aqui, Edu. Quero ajudar nessa campanha de recolonização, e isso pode levar muito tempo.

A conversa terminou com uma despedida com certa tristeza fingida. Felizmente a alegria de Juan tirou isso de sua cabeça.

-- Como é ser a única pessoa num planeta fantasma?

-- Isto aqui não tem nada de fantasma. À noite chega a dar medo os barulhos que eu ouço na floresta. E além disso, não ficarei sozinha por muito tempo, porque tem gente trabalhando para trazer pessoas de volta.

-- Sério? Quer dizer levar pessoas de Caramuru para aí?

-- Não só de Caramuru, de qualquer planeta.

-- Nossa – ele assoviou – Se eu conseguir convencer minha mãe que as naves não são perigosas de viajar, eu vou te fazer companhia.

No resto do dia Adriana colheu amostras do solo e vegetais que ali cresciam para saber se fazer plantações ali seria possível, só gostaria de pegar um pouco de sangue animal, mas isso era evidentemente improvável de acontecer.

O filtro da água da nave foi muito útil, Adriana o modificou para analisar as impurezas da terra e das plantas e usou para descobrir que estava tudo limpo. Menos um obstáculo para os humanos morarem ali. Parecia que o maior problema seria a construção das casas.

-- Os humanos são dotados de grande capacidade de adaptação. Construir casas numa área selvagem não representará um empecilho tão grande – Luny disse quando a jovem expressou sua preocupação – Lembre-se que na época da colonização espacial foi desse jeito também.

Adriana estava se preparando para dormir quando seu despertador tocou, e ao atender, se deparou com o holograma de uma Nyela sorridente.

-- Tenho ótimas notícias. Convenci alguns senadores a averiguar a situação da Terra. Faremos uma expedição dentro de dois dias.

-- Que demais! – Adriana exclamou – Eu posso mostrar as análises de água e solo que consegui.

-- Sim, é perfeito! Se você nos receber e mostrar as informações que coletou, pode ajudar muito. Quando estivermos chegando entro em contanto para você ligar o sistema de radar da sua nave, aí poderemos te localizar.

-- Certo. Até lá então.

Adriana pensou que os dois dias sem companhia nem nada para fazer passariam se arrastando, mas na manhã do primeiro dia teve uma surpresa ao ver uma nave modelo EP de luxo cruzar o céu. Tinha o logo da IWC desenhada na lateral.

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