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Tentou se levantar, ainda tinha que levar o cara para interrogatório. Com esforço ergueu a cabeça e viu com os olhos turvos pela dor alguém de uniforme avançar com uma metralhadora em punho.

Ela (era uma mulher) postou-se em frente a Adriana, atirando nos Jaguares próximos.

-- Sargento Kaolim! Recue! – gritou uma voz ao longe.

-- Senhor, não senhor! – ela gritou de volta – Alguém ajude!

Outros dois soldados chegaram e puxaram Adriana para longe. Ela conseguiu articular, rouca:

-- O Jaguar. Peguem-no, ele deve ser interrogado.

-- Sim, senhora, nós cuidados disso.

O mundo pareceu oscilar por um segundo, e quando Adriana percebeu, já tinham chegado à barricada. Apesar de toda a dor que sentia, ela não aceitaria que a levantassem para que passasse por cima do muro, então usou o que restava de força para ficar de pé e pular, embora precisasse de ajuda.

-- Chamem uma equipe médica! – o comandante gritou.

Logo veio uma equipe de enfermeiros que deitou Adriana numa maca e seguiram para a enfermaria.

*

O analgésico que o enfermeiro chefe deu para Adriana a mergulhou num sono profundo e sem sonhos, e ao acordar seu ombro e sua cintura estavam enfaixados. Alisha, Kantu e o chefe de enfermagem estavam ao lado da cama.

-- Como se sente, Adriana? Dói em algum lugar ou está tonta? – ele perguntou examinando seus olhos com uma lanterninha.

-- Não, tudo bem.

-- Você teve muita sorte, nem precisou de cirurgia – Kantu informou – Vai poder sair em poucos dias.

-- E o soldado Jaguar que eu atingi? Onde ele está?

Os dois se entreolharam, sem saber o que dizer. A princesa falou hesitante:

-- É melhor não se preocupar com isso agora. Descanse um pouco.

Mas Adriana não queria dormir de novo. Só ficou deitada, ouvindo o som repetido dos monitores cardíacos de outros pacientes, que não eram poucos.

Felizmente as visitas não demoraram a chegar. Juan e Haru foram os primeiros, seguidos por um Luny histérico.

-- Oh, mestre Adriana, a senhorita está bem! Não perdeu muito sangue, não é? Se precisar de qualquer coisa, faço o que for necessário para...

-- Calma, Luny, está tudo bem.

Haru parabenizou Adriana por seu tiro.

-- Conseguiu acertar um alvo pequeno em movimento. Foi incrível.

-- Tive um bom professor.

-- Mas da próxima vez que correr pro meio do campo de batalha durante um tiroteio, lembre pelo menos de tirar o uniforme de general para não dar tanto na vista. Ou vestir um colete à prova de balas.

-- Ah – Adriana se sentiu uma idiota por ter se esquecido de algo tão óbvio – Acho que foi a pressa e a emoção.

-- E como recompensa ganhou duas cicatrizes de batalha – Haru comentou.

Pelo menos não foram no rosto, daria para esconder se a imperatriz de Caramuru lhe desse uma medalha.

-- Onde está o soldado em quem eu atirei? Ele não está aqui, está sendo interrogado?

Juan e Haru se entreolharam da mesma forma que Alisha e Kantu. Adriana questionou:

-- O que aconteceu?

-- Ele – Juan hesitou – está morto.

-- Morto?! – ela quase gritou, se sentando – Quando? Como? Eu o acertei só no joelho!

-- Calma, não se agite demais ou vai arrebentar os pontos – Haru a empurrou gentilmente até que se recostasse nos travesseiros – Seu tiro não o matou, ele foi atingido por outro projétil.

-- Quem atirou nele?

-- Ao que tudo indica, um sniper atirou a certou a cabeça dele à distância quando nossos soldados o traziam para a barricada.

-- Que sniper? Um dos nossos?

-- Não – Juan tinha uma expressão sombria – Foi fogo amigo.

-- Um dos aliados dele o matou? – Adriana ficou boquiaberta. Haru assentiu.

-- Provavelmente para evitar que fosse interrogado e revelasse alguma coisa para nós. Os líderes parecem bem determinados a se manter ocultos.

-- E dispostos a sacrificar os soldados para isso – a jovem disse com desprezo. Juan falou:

-- Vamos parar de falar em assuntos de guerra. A Adriana precisa descansar.

-- Se eu descansar tanto quanto me mandam, vou atrofiar minhas pernas.

Juan riu.

-- No seu lugar eu relaxaria. A guerra está perto de acabar, não é?

Nyela e Samir vieram pouco depois, e Hope trouxe um comunicador através do qual Aiden desejou melhoras holograficamente.

Em dois dias Adriana se sentia perfeitamente bem para andar, mas o braço continuava na tipoia. Estava testando a flexibilidade dos dedos e do pulso quando alguém entrou na enfermaria. A general não acreditou no que viu.

-- Edu?! – exclamou.

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