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Juan enviava mensagens para Adriana regularmente com atualizações do caso. Às vezes exagerava nos detalhes e usava palavras técnicas que ela não compreendia, mas era bom estar a par das investigações.

Porém, após algumas semanas, as mensagens cessaram por dias. Adriana achou estranho Juan parar de repente e foi até a delegacia falar com ele. Naturalmente sua chegada ali causou certo alvoroço, mas ela não ligou para as caras surpresas e foi direto ao recepcionista.

-- Juan Salazar está aqui? – perguntou ao senhor de bigode e cabelo grisalho que só olhou para ela de boca aberta. Adriana suspirou e falou mais duramente, com sua "voz de imperatriz" – Ei, estou procurando por Juan Salazar. Ele trabalha aqui, não é?

-- Sim, sim, trabalha, majestade – ele se sobressaltou – Mas ele não está aqui no momento.

-- Sem problema, onde posso espera-lo?

-- Na sala dele, majestade. Por ali – o homem indicou uma porta no fim do corredor. Adriana agradeceu e seguiu para lá.

Dois seguranças que mais pareciam armários a acompanhavam, mas ela os mandou comer algo na cantina, com a justificativa e não poder estar mais segura que em uma delegacia, cercada de policiais.

Adriana achou impressionante Juan ter uma sala com menos de cinco anos de trabalho. Ele devia ser realmente muito bom no que fazia, ou sua posição como filho de um conde lhe rendeu um privilégio aqui e acolá.

A sala não era muito grande, mas estava bem organizada, com fotos e lembretes colados a um quadro e pastas de arquivos empilhadas em cima a mesa, ao lado de dois porta-retratos. O primeiro era de Juan com os pais, e o segundo era com Adriana e Eduardo. Fora a própria Adriana quem dera aquela foto para ele, achou que todos ficaram tão bem nela que os rapazes mereciam uma cópia para cada.

Era muito legal que ainda tivesse aquela foto, embora soubesse que só o fazia por ela, porque com certeza não fora por Edu.

A pasta no topo da pequena pilha tinha o nome "família real", e Adriana a abriu. Não quis olhar as fotos da cena do crime e foi direto para os relatórios, nos quais reconheceu as informações que Juan lhe contava. As últimas páginas, no entanto, eram novidade, a partir daquele ponto ele parara com as mensagens.

Adriana correu os olhos pelas anotações das últimas páginas e uma palavra chamou sua atenção. A frase fora escrita à mão numa letra que não era de Juan, provavelmente de algum colega que também estava no caso. "Temos razões para acreditar que a organização conhecida como Irmandade Jaguar é a responsável pelos assassinatos".

As mãos de Adriana apertaram o papel, abarrotando-o, a raiva começando a crescer.

-- Adriana! – Juan entrou, e a expressão de surpresa mudou ao reparar o que ela tinha em mãos – Você leu isso?

-- Eu vim te perguntar por que não tenho notícias suas há mais de uma semana, e isso aqui diz que foram os Jaguares que assassinaram minha família – ela devolveu a pasta à mesa com as mãos trêmulas e olhou acusadoramente para Juan – Está escondendo isso de mim?

-- Não, eu nunca esconderia algo tão importante de você. É que não há confirmação ainda, só suspeitas, eu queria apurar as informações e isso está demorando mais que o previsto. Mas juro que ia te contar assim que tivesse certeza.

Adriana inspirou fundo e disse com a voz trêmula:

-- Por favor, vá ao palácio assim que tiver a mínima certeza que for, não quero ouvir por mensagem.

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