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No planeta povoado pelos judeus israelenses, a jovem teve uma surpresa. No espaçoporto, em frente à porta do salão de embarque, havia um rapaz pouco mais velho que ela segurando uma plaquinha com seu nome.

Confusa, Adriana se dirigiu a ele, e ao se aproximar o rapaz perguntou:

-- Señorita Adriana de Caramuru?

-- Sim. Quem é você?

-- Meu nome é Samir – ele estendeu a mão e ela a apertou – Você deve conhecer minha amiga de ShakaZulu, a senadora Nyela.

-- Ah, sim, ela falou sobre você.

-- Ela me ligou depois de você partir e pediu que eu a recebesse. Também é a favor da "recolonização", certo?

-- Sim, me parece uma boa ideia.

-- E o que a levou a sair de casa por essa ideia?

-- Minha mãe sempre se interessou pela História da humanidade, e me passou esse interesse. Eu costumava mergulhar na praia e entrar em naves afundadas para procurar coisas esquecidas.

Nessa altura da conversa eles saíram do espaçoporto. O céu não tinha nenhuma nuvem e um vento quente soprava, fazendo Adriana se sentir dentro de um forno, mas Samir, já acostumado, não demonstrava quase nenhum incômodo. Ele perguntou confuso:

-- Naves afundadas? Como isso aconteceu?

-- Foi quando os primeiros colonos chegaram. Muitas naves se perderam nos conflitos pela posse de terras, e depois também, quando as cidades flutuantes surgiram, naves antigas foram descartadas e deixadas no mar para virarem recifes.

-- Eu gostaria que tivesse mais água aqui – Samir comentou – Acho que nós temos em deserto o que Caramuru tem em mar.

-- Pelo menos dá para andar no deserto, construir casas sem ter primeiro que fazer sua base.

-- Que é possível fazer casas no deserto é, mas ninguém ia querer morar lá – Samir a conduziu ao que parecia uma sorveteria e abriu a porta – Você vai gostar daqui, tem um monte de sabores exóticos para escolher.

Adriana gostou só de entrar na sorveteria, o ar-condicionado foi um grande alívio depois de tanto calor. Ela e Samir sentaram-se à uma mesa circular, e quando uma moça de vestido do mesmo amarelo das paredes se aproximou, o rapaz falou num idioma que Adriana não entendia.

-- Que sabor você quer? – voltou-se para ela.

-- Tangerina.

A garçonete anotou o pedido que Samir traduziu e se afastou, trazendo duas pequenas taças de metal minutos depois. O sorvete era cítrico e azedinho como uma tangerina de verdade. Adriana estava quase terminando quando um senhor de cabelos e barba brancos se aproximou.

-- Com licença. Você é de Caramuru? – ele perguntou num espanhol hesitante e carregado de sotaque. Adriana respondeu em esperanto.

-- Sim, eu sou de Caramuru.

-- Onde comprou essa máquina? – apontou o dedo enrugado para Luny.

-- Em lugar nenhum, eu o construí em casa.

As sobrancelhas do homem se arquearam de surpresa e ele perguntou:

-- E existe tanta tecnologia assim em Caramuru?

ImigrantesWhere stories live. Discover now