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Anahí, Potira e Kaolin estavam olhando para Tacira como se ela tivesse dito que o céu é roxo, e não azul.

Enigma? — repetiu Kaolin, incrédula. — Eu... espera aí — pousou as mãos sobre a superfície da mesa, os dedos espalmados pelo vidro. — Você está nos dizendo que, durante a cerimônia, Raoni encontrou um enigma que revela a localização do Elemento Água?

  Tacira cruzou os braços na frente do corpo e respirou fundo antes de responder.

— Eu sei o quê isso deve parecer a vocês...

— É loucura — murmurou Potira.

— Bem, após ver Tacira levitando terra pelo ar e seres com asas projetadas das costas, eu sinceramente não me surpreendo mais com nada desse mundo — comentou Anahí. O cabelo agora estava traçado em duas tranças laterais que desciam pelos seus ombros, as sardas salpicadas pelo rosto.

  Jaci enxergou, pelo canto do olho, Endi sorrir ao ouvir o comentário de Anahí, mas ele não comentou nada.

— Acredite em mim, Anahí, quando digo que ainda há muitas coisas para se surpreender — disse Raoni, que estava examinando as prateleiras da sala. Virou-se para eles, olhando com receio para Tacira e Endi. — Há algo... uma coisa, um detalhe que ainda não contamos a vocês.

— Queríamos ter explicado nos primeiros dias, mas Yara nos alertou — emendou Tacira, que estava com o papel do enigma em mãos, remexendo-o entre os dedos. — Ela nos pediu para ficarmos calados porque achou que iríamos assustá-las com tantas informações. Mas agora todas as quatro sabem sobre o enigma, então acho importante dizer que nós sabemos quem roubou os elementos.

— Vocês o quê? — Jaci inclinou-se para frente, arregalando os olhos. Sua voz saiu muito fina, quase como um esquilo. — Vocês sempre souberam? Esse tempo todo?

— Não, não esse tempo todo! — Endi apressou-se em dizer, balançando as mãos no ar. — Bem, talvez um pouquinho — e ao enxergar o olhar incrédulo de Jaci, ele coçou a nuca. — Todos nós, inclusive a Ordem, desconfiávamos de um grupo de pessoas... não, não são pessoas. Não exatamente.

— Mas que diabos? — Kaolin franziu o cenho. — Eu não estou entendendo nada. Será que vocês podem explicar com clareza?

  Foi Raoni quem deu um passo para frente, arqueando os ombros. Sua clavícula estava muito acentuada, mais um detalhe do seu corpo magro.

— Escondemos um detalhe bobo durante a explicação no dia em que chegaram em Ephdam — começou a dizer, o tom de voz nada receoso – na verdade, estava bem firme. — Nós dissemos que os Doze Deuses criaram os seres mágicos, principalmente os bruxos, para protegerem os Elementos Sagrados. Bem, isso não foi mentira — coçou a nuca, afastando os cachos. —, mas também não contamos que existem outros seres fora de Ephdam, seres mágicos que não foram criados para protegerem os elementos.

  As quatro irmãs encararam Raoni, extremamente confusas. Anahí piscou.

— Existem Demogorgons? — perguntou, os olhos verdes brilhando em esperança.

Anahí — Jaci revirou os olhos, enfiando o rosto na palma das mãos.

— O quê... deixa pra lá — Raoni balançou a cabeça, franzindo o cenho. Aparentemente, até ele já havia entendido como lidar com os comentários repletos de referências de Anahí. — De qualquer jeito, não, não são Demo-sei-lá-o-quê. Na verdade, são vampiros e metamorfos.

  Kaolin arregalou os olhos.

— O quê você acabou de dizer?

— Entre os Doze Deuses, havia Escorpião, deusa da morte e do Submundo, que nunca concordou na criação dos elementos ou do mundo — continuou Tacira, carregando um livro muito pesado e depositando-o em cima da mesa. Havia pinturas ali; uma mulher muito alta, praticamente giganta, com cabelos feitos de metal e olhos degradê. A aparência dela pareceu tão familiar à Jaci que ela sentiu um desconforto repentino na boca do estômago. — Escorpião acreditava que a raça dos deuses era pura e celestial demais para se misturar aos seres comuns, seres mundanos. Ela era explicitamente contra qualquer criação que viesse deles.

Elemento Água - Série Witches (I)Where stories live. Discover now