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  05 de novembro, Escritório do Líder dos metamorfos.

— Você está atrasado.

A voz de Agrahamon, o Líder dos metamorfos, ecoou por todo o ambiente. Allan Barth fechou a porta atrás de si e cruzou os braços sobre o peito estufado, erguendo os cantos da boca em um sorriso cínico.

— Desculpe-me, senhor — disse, adentrando ainda mais o escritório. — Eu tive alguns imprevistos, mas isso não vai mais se repetir.

  O metamorfo apoiou o braço sobre a poltrona, respirando fundo. Sua pele de couro reluziu o fogo crepitante na lareira e seus olhos vazios examinaram o vampiro de cima a baixo.

— Imagino que você esteja muito cansado, Allan. Não quer se sentar um pouco?

— Na verdade, não — respondeu ele, virando o pescoço minunciosamente para observar ao redor. — Por acaso, você teria...?

— Sangue? — emendou Agrahamon, soltando uma risada abafada que mais soou como o solo do Inferno partindo-se ao meio. — Há uma jarra em cima da mesa de centro especialmente para você.

  Allan moveu-se em uma velocidade surpreendentemente veloz, agarrando a jarra e depositando seu conteúdo escuro em uma taça de cristal; ele levou a borda do objeto aos lábios, sentindo o gosto de sangue invadir sua garganta.

— Ah — o vampiro soltou um gemido, esvaziando a taça. — Sangue humano e fresco; o meu favorito. — virou-se com um ar de curiosidade para Agrahamon. — Como o senhor conseguiu?

— Isso não vem ao caso — o metamorfo descartou a indagação com um balançar de mãos. — Eu gostaria de conversar sobre o quê ocorreu no esconderijo dos vampiros dias atrás. Ouvi alguns boatos, mas não tenho certeza se são verídicos.

— Bem, meu senhor, tudo ocorreu como planejado — Allan encheu novamente a taça, sentando-se na poltrona posta na frente de Agrahamon. — Os três bruxos adolescentes invadiram o lugar e logo depois alguns membros da Ordem também surgiram.

— Mas você os deixou ir?

— Como o senhor pediu.

O metamorfo encarou o fogo crepitante na lareira por alguns instantes.

— E as quatro irmãs bruxas, Allan? — seu tom de voz soou muito baixo, um mero sussurro. — As filhas de Mair Fernandes. As Herdeiras de Escorpião.

Allan fez uma careta ao ouvir o nome da deusa que o criou, posicionando a taça sobre a mesa de centro em um tintilar agudo.

— Elas permaneceram intocadas pelos meus súditos — respondeu, em um tom seco. Seus olhos vermelhos brilharam em união ao fogo na lareira. — Eu sei como são importantes para o nosso plano, Agrahamon, sei como são a chave fundamental para que ele funcione. — cruzou as pernas delicadamente, cada movimento atuando como uma minúcia premeditada. — Eu fiz tudo o quê você mandou, meu senhor. Onde está o meu pagamento?

Agrahamon encarou-o calculadamente.

— Tudo tem o seu tempo, Allan.

— Eu não ligo para o tempo. — o vampiro levantou-se da poltrona, cerrando os punhos ao lado do corpo. — Você me prometeu litros e litros de sangue puro e fresco, Agrahamon. Onde está o meu pagamento? — repetiu, semicerrando os olhos.

Agrahamon também se levantou da poltrona; seus olhos, apesar de vazios, estavam vidrados em Allan, e nada além dele.

— Você não tem o direito de exigir nada de mim — sibilou, a língua bifurcada balançando entre os dentes afiados como uma cobra sendo hipnotizada. —, pois eu sou o Líder e você é apenas o meu servo, e há de ser assim para sempre — o sorriso que surgiu em seus lábios cinzentos baqueou o ar, enquanto a cabeça inclinava suavemente para o lado, como um pêndulo. — Não entende, Filho da Noite? Desde o seu nascimento, desde o início de todas as coisas que você fez, eu o carrego na palma da minha mão.

O corpo de Allan moveu-se lépido como um flash na escuridão; a mão pálida e ossuda adentrou o interior da bota e removeu uma adaga prateada, e após um salto sobre a mesa de centro — derrubando a taça e a jarra e manchando o gigante tapete valioso com o líquido vermelho —, o vampiro enfiou a lâmina no peito do metamorfo, abrindo um longo corte sobre o dorso frontal.

O monstro gritou com horror, caindo de joelhos sobre o chão em um estrondo terrível; o barulho que cortou a noite e rompeu o Universo fez Allan Barth gargalhar em completo júbilo, debruçando-se sobre o cadáver.

Elemento Água - Série Witches (I)Where stories live. Discover now