∂єʑєssєis.

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— Muito bem — Jaci mordeu os lábios, pensativa. — Eu nunca pintei o cabelo.

— Merda! — exclamou Kaolin, abaixando um dos dedos de sua mão estendida. — Vocês lembram que eu tinha quatorze anos e estava louca para ficar parecida com a Demi Lovato? — então, fez uma careta, balançando a cabeça. — Eu queria poder apagar todas as coisas que fiz antes de completar dezesseis anos.

— Minha vez! — em um rápido movimento, Potira enrolou o cabelo castanho em um coque frouxo. — Eu nunca tentei cozinhar.

— Eu já — murmurou Anahí, abaixando mais um dedo.

  Jaci olhou de soslaio para a irmã.

— Aquele frango que você cozinhou ficou com gosto de metal.

— É verdade — concordou Potira. — Eu nunca agradeci tanto na vida por ser vegetariana.

  Anahí revirou os olhos, mas havia um sorriso repuxando seus lábios.

— Eu sei, eu sei — estendeu as mãos para o alto. — Eu disse que tentei cozinhar, não que consegui.

  Os cachos de Kaolin balançaram devido ao vento.

— Acho que é a minha vez; eu nunca...

  O grito de Jaci irrompeu pelo ambiente ao ser puxada violentamente para trás, caindo de costas no chão de pedra. Havia um grande peso em seu peito, sufocando-a e arrancando o ar de seus pulmões, e garrafas afiadas apertaram o pescoço de garota enquanto ela se esperneava para fugir, gritando tão alto que a própria voz arranhou o interior da garganta. Jaci enxergou de relance dentes vindo em sua direção e lançou os braços para frente, protegendo o próprio rosto...

  Em uma fração de segundos, o peso em seu peito desapareceu como fumaça, deixando nada mais que um odor terrível para trás. Água jorrava da ponta de seus dedos, Jaci percebeu com atraso, e rapidamente tentou controlar a magia, pressionando uma palma contra a outra até que a água desaparecesse. Jaci se debruçou contra o chão, ofegante. Um metamorfo. O quê um metamorfo estaria fazendo ali...

— Socorro! — uma voz familiar fez ela se levantar em um pulo, olhando ao redor; era Anahí caída no chão, e um metamorfo pressionava o próprio corpo contra o dela, as garras fincadas no braço sardento da garota.

  Jaci correu naquela direção e, sem saber como, uma luz violeta faiscou entre seus dedos antes que água jorrasse deles, atacando o metamorfo; como ácido, o líquido transparente corroeu a pele dele, fazendo-o gritar de extrema dor até que desaparecesse. Tacira havia dito que os poderes eram sagrados; celestiais, uma obra dos Deuses. 

  Anahí contorceu-se no chão, apertando o braço que estava sangrando — o líquido vermelho vazava entre seus dedos abertos, encharcando o suéter. Havia outros metamorfos correndo na direção delas, os olhos vazios e as línguas bifurcadas sibilando em busca de sangue. Jaci ficou em pé na frente de Anahí, protegendo a irmã ferida.

  Subitamente, um show de luzes cintilou sobre os olhos dela e Jaci foi lançada contra o chão, ao lado de Anahí. Ela protegeu os olhos com os braços, e apenas os abriu quando a claridade excessiva desapareceu, trazendo o silêncio de volta.

  Kaolin e Potira também estavam no chão, há alguns metros de Jaci e Anahí. Os metamorfos haviam desaparecido como em um passe de mágica; o odor estava muito, muito mais forte, como se tivesse impregnado o ar do Forte do Castelo. Apesar disso, o ambiente permanecia silente e calmo, o vento zunindo pelos ouvidos de Jaci e a água do rio batendo contra o concreto.

  Então, um grupo de pessoas surgiu em seu campo de visão — vestiam roupas escuras e as mãos brilhavam em luzes faiscantes, iluminando a noite. Eram homens e mulheres adultas de diferentes cores e características faciais, entretanto, com as Marcações de Fogo, Água, Terra e Ar cintilando no ombro. Yara deu um passo à frente, o cabelo vermelho como sangue preso em um rabo de cavalo firme na nuca, os olhos dourados como ouro. Ao seu lado, havia um homem de cabelos louros espalhados pela testa, tão familiar à Jaci quanto as batidas do próprio coração.

Elemento Água - Série Witches (I)Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin