— Jaci?
Mair bateu novamente à porta, respirando fundo. Não havia visto nenhuma das filhas no dia anterior e aquilo fez seu coração se apertar; além disso, nenhum dos jovens na Sede parecia saber o paradeiro das garotas, apesar de ele ter quase certeza que elas não conseguiriam fugir de Ephdam sozinhas. Ou conseguiriam?
— Jaci, você está aí? — chamou, apoiando a testa contra a porta, sentindo a textura da madeira fria. O nascer do sol infiltrava-se pela vidraçaria que cobria certa parte do corredor e iluminava o local em tons de roxo e rosa, entrelaçando-se com amarelo. — Meninas? Alguma de vocês está aí?
Após o silêncio como resposta, Mair impulsionou-se para trás e chutou a porta, abrindo-a imediatamente; o ato revelou o quarto de Jaci vazio e escuro por conta das janelas camufladas pelas cortinas, a mala que ele havia trazido de Belém aberta sobre os lençóis emaranhados da cama, alguns livros empilhados ao lado da parede e um bilhete sobre os travesseiros, chamando atenção como um cone de trânsito. Ao lado do bilhete havia a fotografia que Jaci removera do seu mural, a superfície da imagem marcada por impressões digitais e as bordas curvadas devido ao manuseio constante. Mair esticou a mão e agarrou os dois papéis, lendo e relendo um milhão de vezes as palavras rabiscadas em um deles;
Beleza nesse lugar você encontrará,
Onde o belo rio está cheio de barcos a passear.
Onde os turistas, fascinados, brincam à beira da morte
Sem imaginar que logo abaixo de seu nariz
Encontra-se o lugar dos mortos, a corte.
Uma semana para encontrar o que procuram, senão
Para sempre as bruxas e bruxos
O Elemento Água, perderão.
Ele encarou a fotografia e a poesia, intercalando entre as duas e sentindo as engrenagens em seu cérebro movimentarem-se rapidamente — algo cintilou em sua mente como uma descoberta, algo surpreendente.
— Malditos adolescentes — murmurou enquanto enfiava os dois papéis nos bolsos do casaco, virando-se para fechar a porta atrás de si antes de caminhar em direção à Belém.
O vento uivava contra a copa das árvores no momento em que eles chegaram ao Forte do Castelo.
O cabelo de Jaci dançou em ondas na frente do seu rosto, e ela afastou as mechas para observar a lua cintilante em eterno contraste à escuridão do céu. Apesar de alguns urubus e pombos que sobrevoavam pelo céu, o lugar estava vazio e invadido pelo som da água do rio batendo contra o concreto da terra firme e o remar de pescadores voltando ao cais; em circunstâncias normais, ela e as irmãs teriam ido à feira e sentado em banquinhos ao redor de uma barraca, comendo e conversando sobre o futuro da faculdade, mas estavam ali para um propósito contrário e muito, muito maior.
Jaci perguntou a si mesma qual seria a próxima vez que faria algo que uma adolescente normal faria; algo que não envolvesse mundos paralelos, curar pessoas com magia ou lutar com monstros de línguas bifurcadas.
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Elemento Água - Série Witches (I)
Fantasy''Você fala 'bruxa' como se fosse algo ruim. Mas não entende? Somos feitas de gelo e aço, e não nascemos para nos curvarmos a você; nascemos para andar sob o fogo.'' Indiferentes a um mundo mágico criado pelos Doze Deuses que se mantém repleto de...