Sua Voz*

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CATHERINE

O silêncio da casa era estrondoso e apenas as visitas que eu tinha a meu pai, me ajudavam a não acabar sozinha e perdida pelos cantos. Já se fazia vinte dias desde sua viagem misteriosa e na qual eu não tinha nem mesmo o destino, tinha acontecido, ele tinha ido para não voltar? Várias questões me enlouqueciam, eu não conseguia entender o porquê de está sentindo falta daquele miserável, nem porque está tão preocupada com alguém que só me queria mal.

-Ainda sozinha? -Não me assustei quando Baltazar sentou ao meu lado na cozinha, eu estava me acostumando com sua presença muito melhor do que o próprio Remy.

-Eu prefiro ficar aqui... é o lugar com mais barulho que achei, não gosto de me sentir só no silêncio.

-Eu posso imaginar, minhas filhas moram em São Francisco com a mãe, se não as traria aqui, elas quase tem a mesma idade que você.

-Eu gostaria muito de conhecê-las, pra falar a verdade eu nunca tive amigas, não conheci tantas pessoas assim, fui educada em casa por uma professora e só conheci tudo isso quando tudo começou.

-Eu posso imaginar.

-Falando em filhos, Remy não teve irmãos?

-Não que eu saiba, foi sempre ele desde que Sasha conheceu Rubens, ela era uma Stripper em Las Vegas, mais sempre uma grande mãe pelo que me lembro, Rubens é um homem justo, mais com pouco amor dentro de si, não deixou que ela educasse Remy, ele só recebeu aquilo que o pai deu, sem o carinho que uma mãe precisa dar.

-Sinto-me com mais nojo desse homem, como alguém pode ser tão ruim? E Sasha, como fugiu?

-Eu não sei, era apenas um motorista naquela época, pelo que Rubens conta, ela foi embora, mais só ele viu. Depois que tudo desmoronou não restou muito ao seu lado.

-Isso é o que ele diz, e você? Porque ficou ao lado dele?

-Minha esposa naquela época precisava de cuidados médicos, e eu sendo um simples motorista não podia arcar com nada, temendo perder meu emprego mais pensando em minha esposa, eu falei com ele e contei tudo, pedi dinheiro e disse que trabalharia até pagar cada centavo.

-Ele ajudou você? -Perguntei incrédula com aquela história.

-Sim e nunca me cobrou nenhum centavo.

-Nossa... é difícil de acreditar.

-Mais é a verdade, mesmo não parecendo.

-Baltazar. Para onde Remy foi? -Ele me olhou com o que parecia um sorriso pequeno, eu não entedia o porquê é nem perguntaria claro.

-Eu sei, mais não posso dizer, Saudades dele? -Ele riu me deixando completamente com o rosto corado.

-Deus me livre! De onde tirou isso? Eu só queria saber para me preparar para aquele humor de cão dele. Deus me livre, eu espero que ele demore bastante e se quiser pode ficar lá.

-Claro, claro. Eu já volto, vou ao banheiro, pode, por favor, pegar um pouco de chá para mim querida?

-Claro, é um prazer. -Sorri para ele quando levantamos juntos. Eu quase cai da cadeira depois daquela conversa estranha e de seu sorriso debochado. Peguei o bule e o pus no balcão vendo seu telefone lá, ele tinha esquecido mais como voltaria logo, resolvi deixar onde estava. Foram apenas alguns segundos antes do aparelho vibrar sobre a mesa e o nome "garoto" aparecer, poderia ser importante e Baltazar era tão bom comigo que não podia deixar tocar, o peguei, atendendo antes de me arrepender por minha intromissão.

MARIDO & MULHERWhere stories live. Discover now