BÔNUS*

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RUBENS

Pela primeira vez em anos vi meu filho na dúvida por algo que não deveria ser, vi seus olhos perdidos com a menção da morte e do fim que há muito tempo estava planejado dentro de minha mente. Eu gostava de ver dor, de machucar e apenas para meu prazer eu acabaria com Júlio, meu ódio por ele estava muito mais concentrado em sua filha agora, eu a machucaria, com a arma que ela mais amava apenas para aprender que ninguém poderia me desafiar.

-Ligou para o segurança? O que ele disse?

-Nada ainda, não deu para ver o sexo da criança, talvez na próxima. Intriga-me esse seu interesse repentino na criança agora, não iria matar? -Sorri para Basílio naquele momento, eu tinha grandes planos para ele.

-Se for homem o que eu acredito que seja já que nossa linhagem sempre gerou meninos, ficará conosco, pensei melhor e será muito bom ter mais um Falcão na família.

-Vovô Rubens?

-Pode se dizer que sim.

-Não acredito que a mãe irá deixar muito menos Remy.

-Eu mando em Remy, ele acatará sem dizer uma só palavra. Já a vadia vai morrer de qualquer jeito, não importará muito.

-E se acontecer de ser menina?

-Não vou querer, para que serve uma Falcão mulher? Nada. Não tem serventia alguma, vai pro buraco junto com a mãe, ninguém vai nem dar falta.

-É seu sangue.

-E o que tem demais? Agora ligue para aquele médico e mande o acelerar o processo, Júlio não vai mais falar não? Preciso dele falando e logo.

-Pode deixar. -Girei em minha cadeira com um sorriso, faltava muito pouco para tudo acabar. Muito pouco.


CATHERINE

Com muito custo eu tinha convencido Remy a sairmos juntos, era um passeio simples perto de casa, mais era algo que eu permiti aproveitar ao seu lado. Remy segurava minha mão e na outra um saco cheio de algodão doce, eu estava viciada naquelas nuvens com gosto de açúcar e como era um desejo fixo em mim, ele tinha comprado.

-Olha. -Apontei para uma casa a venda no final da rua, ela era diferente das outras, porém muito linda.

-O quem tem demais?

-Ela é tão bonita, só precisa de uns retoques mais é perfeita, tem até uma casa na árvore. -Falei encantada imaginando uma história ali, nós poderíamos viver ali como uma verdadeira família.

-É apenas uma casa, não tem nada demais e nem estruturas grandiosas. Ninguém iria comprar algo assim.

-Eu compraria, nosso bebê poderia brincar na árvore junto aos seus irmãos, enquanto eu estivesse plantando as lindas flores naquele jardim acabado.

-Irmãos? -Ele me perguntou com um meio sorriso cheio de perguntas.

-Sim três.

-Você decidiu isso já?

-Aham. -O alcancei nas pontas dos pés dando um beijo em seu rosto.

-Porque não há compra Remy?

-Pra que? Já tenho casa e não me interesso em nada por algo assim.

-Para nossos filhos Remy, pensa vai, é tão linda e eu imagino tantas coisas nela, por favor.

-Não me diga que isso é outro desejo seu? -Ri agarrada a ele.

-Podemos dizer que é, vai pelo menos pensa querido, eu gostei tanto, por favor.

-Não sei.

-Só pensa, procura o proprietário e pergunta o preço, ela é perfeita nos meus olhos. Promete? -Pedi com meus olhos implorando. Aproveitei seu bom humor.

-Eu vou pensar.

-O que isso significa?

-Que irei pensar, é melhor do que dizer não, não acha? -Continuamos andando e na minha cabeça parecia melhor do que não.

-Mais liga antes para o proprietário Remy, alguém pode querer também e comprar em um piscar de olhos.

-Quem vai querer isso aí? Está aí há anos e ninguém nunca comprou, não se preocupe.

-Como eu me interessei, outro também pode.

-Ok Catherine, ok. -Sorri feliz, ele não me ignorava mais, e sorria muito mais alegre em meio às nossas conversas, ele estava vendo o que poderíamos ter. no fundo, tudo caminhava para o que sempre quis.


ANASTÁCIA

-Vou te levar para cortar esse cabelo, está muito grande. -Arrumei os fios e beijei seu rosto, minha menina estava cada dia mais linda, perfeita e feliz, mesmo da sua maneira.

-Te agradeço muito Anastácia, esqueci completamente de mim, só quero comprar coisas pro bebê sem parar.

-Eu sei. -Sorri e meus olhos capturaram seu colar, ele estava sempre ali.

-Você por algum momento imaginou seus pais e o porquê de tudo? -Sussurrei me aproximando mais ao seu lado.

-Muitas vezes, eu fui deixada de uma forma horrível, eu poderia ter morrido e não entra na minha cabeça o porquê de minha mãe ter me deixado.Como?

-Sua mãe não te deixou. -Falei rápido demais, eu não poderia culpá-la de pensar assim, nunca.

-Se não foi ela então quem?

-Um dia você terá a chance de tirar todas suas dúvidas, de ter suas repostas.

-Será que eles me procuram, como é minha mãe? Meu pai? -Seus olhos abaixaram e imaginei Damião, ele tinha sido meu primeiro amor e meu maior erro, mesmo depois de tê-la procurado arrependido por todos os lugares, eu não pude o perdoar e jamais o faria.

-Eu sei que tudo vai se resolver minha filha, acredite em mim, agora me abrace, com muita força, muita. -Nos agarramos ali e eu pude sorrir ao sentir o bebê chutar.

-Acredite que ele chuta toda vez que Remy se aproxima? Ele escuta a voz dele de longe.

-Olha só, também tentando conquistar o papai não é? E como vai vocês dois?

-Bem, melhor do que antes, ele continua um grosso, mais cuidadoso com nós dois. Não fala muito sobre a história que envolve nossas famílias mais está bem.

-Olha, você sabe o que faz e como eu já te disse antes, se as coisas não derem certo e ficarem duras demais, a minha casa sempre será sua, eu estarei de braços abertos para você e toda sua família, eu te amo minha filha, amo muito mais do que você possa imaginar. Entendeu? -Limpei as lágrimas de seus olhos tão emocionados como os meus.

-Obrigada, eu também amo você Anastácia, é como uma mãe pra mim.

-E você é minha filha, ninguém nunca vai mudar isso entendeu? Nunca. -Nos abraçamos com um grande sorriso no rosto, eu tinha tudo que alguém poderia ter, e teria muito mais quando tudo se resolvesse.



DAMIÃO

Eu olhava para a casa onde minha vida estava, eu chorava há vinte anos por tudo que perdi tudo que abri mão. Eu não era ninguém e amais teria a felicidade que um dia existia em mim. Eu era o culpado e isso jamais iria mudar.

-Vai esperar ela aparecer de novo? -Não olhei para meu sobrinho quando ele falou, eu continuava com a esperança de vê-la mesmo de longe.

-Precisamos voltar, eu ainda não enchi o tanque.

-Eu perdi meu grande amor há anos Jorge, anos. Vê-la feliz é meu grande castigo depois do que fiz a minha própria filha.

-Eu sinto muito, talvez um dia ela possa te perdoar.

-Eu duvido muito, eu sei que ela não vai, e não há culpo. Vamos. -Fechei meus olhos dando mais uma vez adeus ao seu sorriso, há vinte anos eu vivia arrependido de uma decisão onde tudo tinha mudado, onde eu tinha perdido minha família.


MARIDO & MULHERWhere stories live. Discover now