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Maggie Dove era magrela e acuada. Usava o cabelo castanho preso num coque e tinha olhos escuros e fundos, que pareciam mais escuros ainda quando usava aquele vestido longo e preto. Não era o tipo de pessoa que se podia dizer que tomava conta de dezesseis meninas.

Naquele exato momento Maggie Dove estava longe o bastante de um hospital, como havia dito as suas garotas. Apertava as mãos de maneira impaciente, enquanto esperava na sombra de uma árvore na esquina de uma rua pouco movimentada naquele horário.

Ao fundo os navios cargueiros e seus funcionários trabalhavam ao sol à pino e não havia sinal de uma alma viva dentro daqueles barracões industriais.

― Achei que ia demorar mais. ― Ironizou, quando uma sombra pairou atrás de si.

― Você sabe muito bem que estão monitorando os portais. ― Disse a voz autoritária. ― Não ouse se virar.

Maggie Dove parou de girar o anel de prata que carregava no dedo anelar e trincou o maxilar. A situação piorava a cada dia.

― Você conseguiu? ― Perguntou em tom urgente. ― Eu fiz tudo como me pediu e tentei segurar ao máximo.

― Nosso emissário estava quase lá, mas foi interceptado. Haviam protetores no local e nossas fontes disseram que Helena fugiu.

― Dez anos de esforço para no final vocês não conseguirem fazer a parte de vocês. ― Reclamou. ― Você tem noção do que é cuidar de dezesseis adolescentes, enquanto lida com uma irmã cruel? Agora, Helena está desaparecida.

― Estamos fazendo o nosso melhor. ― Disse. ― Você ainda tem um trabalho à cumprir. Volte para as suas garotas e haja normalmente. Vão querer falar com você em breve.

Maggie Dove concordou sem entusiasmo. Pouco antes da sombra desaparecer, ela não se conteve e se virou.

― O que vai acontecer com ela se não a encontrarmos logo?

― Algo me diz que mais cedo ou mais tarde ela virá até nós. Não se preocupe Maggie, Helena ficará bem, ela é forte.

A sombra despareceu, deixando Maggie Dove, que havia voltado a brincar com o seu anel de prata anelar, sozinha com os seus próprios pensamentos.

― Eu espero que seja. ― Ela disse para si mesma. 

As Raças IrmãsOnde histórias criam vida. Descubra agora