Part 14

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Os dias de trabalho passam muito rápido. Agora além de eu treinar as minhas habilidades todos os dias, estou na tentativa de colocar algumas meninas que queiram aprender a lutar num conjunto para serem treinadas pelo Jake que foi quem se ofereceu. Não está a ser fácil mas acredito que consiga. Só quem aqui é mulher sabe aquilo que é sofrer. Nada aqui pode ser diferente que já é considerado mau. Uma mulher como eu que viva no povo, a não ser que tenha sorte assim como eu tive, está morta pela inquisição. Desde bruxas a infiéis. Nunca percebi isso afinal o homem faz tudo igual ou pior e não é considerado nada mas as mulheres já são caçadas e mortas por pessoas que acham ser superiores que também são homens. Nunca vi uma mulher no meio deles a dizer algo. Nem sequer vi uma mulher a dar a opinião dela acerca de algo, a única que conta é a do marido. Eu pergunto-me se algum dia a sociedade vai mudar. Se um dia as mulheres vão poder ser livres, vão poder mostrar a sua opinião sem serem reprimidas, vão poder mostrar os seus valores e o seu empenho em algo que não seja apenas o marido e os filhos. Muitos homens apenas me dizem que eu falo assim porque acho que sou melhor quando na realidade eu tenho falta de um marido para me "por na linha". Não preciso de marido nenhum. Preciso de poder mostrar aquilo que penso e preciso de ser dona do meu próprio futuro. Não quero ver mulheres a casarem-se mal nascem com homens que elas não amam e muitas vezes as tratam mal. Elas também deviam ser donas dos seus próprio futuros. Nenhuma vê aquilo que eu vejo. Talvez por já serem criadas para isso mas acho estranho elas não pensarem um pouco no porque de ter de ser assim. No porque de elas terem de casar, ter filhos e viver fechada em casa.

Desde que aqui cheguei ainda não parei para explorar o castelo. Eu estive muito focada naquilo que eu tinha de fazer ali. Apesar de todas as confusões eu fui obrigada a continuar a viver no castelo. Segundo o rei é demasiado perigoso para mim viver fora do castelo. Eu preferia ter saído, ia ter mais liberdade. Mas já que estou aqui pelo menos conheço um pouco melhor o castelo.

Os corredores do castelo já me eram conhecidos mas houve um que sempre me intrigou. A cor dele muda para um pouco mais claro durante o dia. Não está totalmente perceptível mas, com um pouco de atenção consegue-se perceber. Sempre me perguntei o que causará essa mudança de cor. Pode ser uma sala secreta. Mesmo vendo do lado de fora não se nota nada de diferente. Hoje não tenho nada de importante para fazer vou aproveitar e matar a minha curiosidade.

O corredor está completamente vazio. Ele fica num canto mais longínquo do castelo. E como sempre aquela parte da parede está um pouco mais clara.

Ao chegar próximo consegui ver um raios de luz a sair entre as fendas da parede. Mas este corredor fica numa zona onde não tem como a luz do sol chegar aqui. Só uma janela lateral faria chegar luz mas aquilo é um corredor, não tem como colocar uma janela.

Isto está a tornar-se um mistério. Já estou farta de olhar e não ver mais nada além daquela estranha luz a passar entre a parede. Se calhar tem algum archote ligado do outro lado e a parede aqui como está mias fraca passa a luz. Eu estou apenas a ver coisas onde elas não existem. Não deve ter nada do outro lado.

Quando estou para ir embora tropecei no vestido que me forçaram a vestir hoje de manhã e tive de me segurar na parede. Quando lhe toquei era como se tivesse a carregar num fecho para abrir alguma coisa. Eu fiz um pouco de mais força e a parede que eu sempre achei estranha abre bem na minha frente. Aquilo era uma passagem para algum lugar e agora eu não tinha duvidas disso.

Eu não tenho nada a perder então vou entrar mesmo. A passagem era estreita mas arejada. Tinha um cheiro a perfume de flores e notava-se que era usado. No final da mesma tinha uma sala. Uma grande sala também verde como o resto do castelo, cheia de instrumentos musicais. Parecia ser uma sala onde alguém da família real vinha tocar para ocupar o seu tempo.

Quando ainda vivia na corte do reino onde nasci, eu aprendi a tocar arpa. A musica sempre fez diferença mas como eu era um a princesa ou escolhia entre ir ao cabeleireiro ou ter aulas de musica. Escolhi as aulas, era bem mais divertido. Já não toco a imenso tempo mas acho que ainda me lembro.

Está uma arpa linda na minha frente. Ela é um verde mais escuro e está toda enfeitada. Vou tocar um pouco. Tocar sempre me acalmou e me fez ver as coisas com mais leveza.

Enquanto tocava não me apercebi que alguém estava a entrar na sala. Era o rei. Ele não passou da porta para dentro, apenas se encostou a ouvir-me tocar. Quando me apercebi assustei-me e quase deixei a arpa cair no chão.

- Não sabia que tocavas.

- Aprendi quando era mais pequena majestade. Eu peço desculpa mas eu fiquei curiosa acerca daquele corredor.

-Já estava a espera disso. És muito atenta a tudo. Podes vir cá a vontade mas agora preciso de ti. Acompanha-me.

Eu obedeci e acompanhei em passos rápidos o rei. Nós dirigíamos-nos para uma sala onde eu nunca entrei. Pelo que eu sei ela faz parte das salas do governo do reino.

- Majestade esta sala não era suposto ser proibida para a minha entrada?

- Não, agora és mais que necessária aqui.

Quando entrei estavam um monte de gente sentada em volta de uma grande mesa. Eu sentei-me ao lado do rei e esperei que ele começasse a falar. Já vi que isto é uma reunião de governo, só não percebi o que eu estou aqui a fazer.

- Todos vocês foram chamados a esta sala por um motivo.- O rei começou a falar.- Temos um assunto muito importante para tratar. A minha filha, Princesa Amélia Green Emerald, Foi dada hoje, pela guarda real, como desaparecida.

Ninguém disse nada. Todos ficamos da mesma forma, em choque. A guarda real é extremamente organizada e rígida. Como é que alguém passou? Nem eu consegui. Também não tentei mas pronto. Quem fez isto tem um objectivo muito concreto e eu vou descobrir qual é. 

A Princesa Da MorteWhere stories live. Discover now