part 29

7 0 0
                                    


Depois de alguns meses tudo está no sitio certo. A rainha Matilde está quase a ter a criança segundo aquilo que as parteiras dizem quando a vem aqui ver mas não tem como prever quando é que aquela criança vai querer sair da barriga da mãe.

Muitas pessoas me perguntam o que vou fazer com a criança depois que ela nascer e eu já decidi. Eu vou ficar com ela aqui e ela vai receber a educação que merece ter. Querendo ou não ela é sangue do meu sangue e vai sair da mesma barriga por onde eu um dia passei. Ela não é culpada de nada do que aconteceu depois que ela foi descoberta.

O reino está exactamente como todos os dias. As pessoas trabalham atarefadas e quando eu passo cumprimentam-me. Algumas ainda tem medo de me olhar de frente. Agora as crianças brincam na rua e correm para lá e para cá enquanto as mães, tarefadas a costurar vestidos das nobres ou a colocar as frutas no lugar, gritam pelos seus nomes para eles não fugirem para longe. A alegria aqui é contagiante e fico muito feliz por ver as pessoas felizes quando sou eu a rainha deste lugar magnifico.

-Majestade! Majestade!

Uma das minhas criadas, não gosto de as ter mas é necessário. Depois de ter passado algum tempo sem elas descobri que elas fazem mais falta do que o ar que respiro. Sozinha nunca encontro nada mas elas parece que sabem o lugar de tudo e mais alguma coisa porque é só começarem a procurar que encontram.

- Diga.

- A rainha Matilde esta a dar à luz. As parteiras já estão com ela nos aposentos.

Não pensei duas vezes e segui a senhora que me chamou. Já era uma senhora idosa. Ela começou a trabalhar no castelo depois que o marido morreu e ela não quis ficar em casa sozinha. Os filhos todos tinham casado e apenas um vivia aqui no reino. O que cá vivia não falava com ela então ela decidiu usar as suas habilidades e trabalhar para mim. O trabalho dela é fantástico.

Quando cheguei no castelo tudo estava silencioso. Quanto mais perto estávamos dos aposentos começava-se a ouvir gritos da rainha Matilde. A criança ia nascer e pelos gritos dela acredito que já não demore muito mais.

- A rainha está lá dentro com as parteiras. Ela quis ficar sozinha.

- Ela não vai ficar sozinha. Quero um guarda lá dentro. Ricardo! Entra nos aposentos e fica de olho na rainha.

' O guarda foi. Não sei o que se passa mas algo me diz que deixar aquela mulher sozinha com a criança dentro do quarto não é boa ideia então não vou deixar.

Não demorou muito as parteiras saíram dos aposentos. Fizeram uma pequena vénia e foram embora.

Não esperei mais e entrei no quarto. O guarda estava encostado a parede de olho na mulher que segurava um bebé no colo.

- Helena que bom que chegas-te. Esta é a tua irmã Amora.

Era uma linda bebé com os olhos mais bonitos que já vi na minha vida. Era bem gorducha e parecia estar assustadinha.

- Criada leve a bebé para o quarto que eu mandei preparar para a sua chegada nos meus aposentos.

A criada tirou a bebé a força das mãos daquela mulher imunda. Não tenho qualquer sentimento por ela. Não preciso disso. Só a quero ver bem longe daqui. Bem longe de mim. Bem longe de nós.

- Helena o que estás a fazer?

- A Amora vai ficar comigo. Guardas acompanhem a rainha Matilde ás fronteiras do reino. A partir de hoje ela será banida do nosso reino e se ela entrar dentro do mesmo é para ser morta.

-Não podes fazer isso. Ela precisa de mim. Ela precisa do meu leite. Ela vai morrer de fome.

- Ela não vai morrer por estar sem ti. Eu sei cuidar muito bem dela não te preocupes com isso. Além disso estas a falar em leite mas não tens qualquer leite para lhe dar. Agora levem-na e não a quero ver mais.

Ela foi arrastada pelos guardas até aos portões do castelo. Os seus gritos a pedir para que eu voltasse atrás com a minha decisão chamaram a atenção de todos aqueles que estavam por ali perto. Não quis saber apenas mandei que a retirassem independentemente dos seus gritos.

Quando entrei no quarto a doce menina dormia em cima das mantinhas mais grossas que mandei meter. Não está frio mas, segundo aquilo que eu descobri com as mulheres que já tiveram filhos, os bebés precisam de estar sempre bem quentinhos porque podem ficar facilmente doentes e morrer. Eu não quero que ela morra. Pela primeira vez eu não quero que uma pessoa morra. Eu tenho o Jake e o Alexander mas eu sei que um dia eles vão morrer e que, se eu ainda estiver viva, eu vou ter de aceitar a morte deles. Mas ela eu não quero ter de aceitar a sua morte.

- Posso entrar Helena?

- Entra Amélia.

-Já nasceu?

- Como podes ver.

- Ela é tão linda. Como se chama?

- Amora e eu tenho de te contar umas coisas acerca dela.

- Que coisas?

- Ela também é tua irmã. O teu pai envolveu-se com a Rainha Matilde e dai nasceu a pequena Amora. Peço-te que não a trates mal porque ela não tem culpa daquilo que o teu pai fez.

- Nossa. Eu... Eu acho que vou mesmo ficar por aqui. Vaia precisar de ajuda com ela não vais.

- Se quiseres ficar ficas. A decisão é tua.

- Eu vou ficar.

Eu fui trabalhar dentro dos meus aposentos mesmo. Tinha uma zona de trabalho fantástica lá dentro que eu mesma tinha mandado fazer e eu dali tinha visão para tudo.

A Amélia brincava com a Amora que estava agora acordada. Daqui a pouco chegava a criada para lhe dar de comer.

- Majestade o Rei Edward está cá.

- Já vou lá fora. Amélia fica aqui com a Amora.

Ao sair de dentro dos meus aposentos já vi que o castelo estava um caos completo. As criadas corriam de um lado para o outro e conseguia-se ouvir gritos

- Eu quero falar com a vossa rainha.

- Estou aqui Edward o que é que queres?

- A criança. Onde é que ela está?

- Ela está muito bem de saúde obrigada por perguntares. Agora que já sabes podes ir embora.

- Eu quero essa criança.

- Também eu quero muita coisa e ainda não tenho.

- Eu sou o pai dela e além disso essa criança só nos vai dar problemas. Ela tem de morrer. Ela é a única coisa que prova o erro que cometi no passado. Um erro que tem de ser apagado Helena. As pessoas não podem saber que algum dia tudo isto aconteceu. A minha reputação vai acabar com essa criança indesejada.

- Não me importo. pensasses nisso mais cedo. Ninguém te forçou a ir para a cama com a rainha Matilde que eu saiba. A criança não tem culpa dos erros cometidos pelo pai e por isso não vai ser punida por algo que não tem culpa. Não a vais levar daqui e muito menos mata-la. E escusas de tentar. Acredito que saibas daquilo que sou capaz. Guardas acompanhem o Rei Edward até as fronteiras por favor.

Ele foi levado assim como a rainha. Com certeza foi ela que lhe falou o que tinha acontecido.

- Isto não vai ficar assim. Eu vou matá-la Helena. Eu juro que a vou matar! Essa criança vai destruir tudo o que eu conquistei e eu vou matá-la por isso. Eu vou matá-la por tudo aquilo que me fez mas não vai ser agora. Ela vai sofrer nas minhas mãos e vai ser na tua frente Helena

 Ele dizia o meu nome com nojo. Isso não me importou muito. Eu já tinha comprado guerra com ele antes mesmo da existência da pequena Amora. Mas há uma coisa que eu tenho a certeza :Não não vais ou eu não me chamo Helena Black Emerald.

A Princesa Da MorteWhere stories live. Discover now