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Gabe

Meu coração deu uma vacilada ao ver uma Émili entristecida sair pela porta branca da Sunshine. Corri até ela, nervoso.
Parece até que era eu quem tinha feito uma entrevista.
  - E aí? Como foi?
  - Não consigo...
Fiz uma cara triste, abraçando-o rapidamente - Não consigo parar de sorrir, PORQUE AGORA EU TRABALHO NA SUNSHINE! UHUUUU! - Abriu os braços e um sorriso, dando vários pulinhos.
  - Sério? - Sorri, mostrando os dentes.
  - É, toca aqui! - Ela pediu e mostrou as palmas da mão. Fizemos um toque e eu carreguei ela, rodando-a no ar.
Rimos e eu soltei a mesma que parecia meio tonta.
  - Wow - Disse e quase caiu, sorrindo - Parece até que foi você quem conseguiu em emprego.
Senti meu coração disparar: nós pensamos exatamente a mesma coisa.
Disfarcei.
  - É que... Eu to mesmo feliz por você.
Ela sorriu e foi a coisa mais linda que eu já vi: um sorriso sincero de Émili.
  - Você... Perdeu a aula por causa de mim? - Perguntou de um jeito tímido e eu sorri imediatamente, sem pensar.
Dei de ombros.
  - Você não sabe atravessar uma rua sozinha, Émili.
Dessa vez foi ela quem deu de ombros.
Nós tínhamos hábitos parecidos.
Estava na cara: nós combinavamos juntos.
Era um fato.
  - Então... Agora... O que a gente faz?
  - Bom, tenho certeza que minha mãe não liga se eu passar o dia com você.
Eu acho que minha mãe estava no serviço, sei lá.
  - Também tenho certeza que minha avó não liga - Ela disse e sorriu - Onde vamos?
  - Émili, você tem alguns trocados?
  - Hm... - Ela conferiu nos bolsos - Talvez.
  - Nós vamos sair.

***

Nós passamos numa sorveteria e depois Émili decidiu que queria um piquenique.
Rindo, nós estávamos sentados na grama de um parquinho, comendo pão com queijo e tomando vários copos de danone de morango.
Ela ria tanto, seu rosto corado e as mãos na barriga.
Era a cena mais fofa e...
  - Por que tá me olhando desse jeito? - Perguntou, depois que parou de rir e limpou o canto dos olhos.
Desviei o olhar pro chão, sem graça e sorri, dando de ombros.
  - Você nunca responde o que eu te pergunto, né?
  - Não é desse jeito... - Sorri de lado, pegando um pão e comendo.
  - É sim...
  - Me pergunte o que quiser e eu responderei... - Disse e abri os braços.
Rimos.
  - Ah é?
  - Ah é - Concordei.
  - Hm... - O sorriso dela aumentou - Qualquer pergunta?
  - Qualquer pergunta.
  - Qualquer coisa?
  - Já estou mudando de idéia...
  - NÃO! CALMA! - Ri do desespero dela e ela me acompanhou, arrumando o cabelo atrás da orelha - Tenho uma pergunta.
  - Então faça, Émili. Sem enrolação.
  - Okay... Então, érr... Hm, de quem você gosta?
Aquilo me pegou de surpresa.
Olhei pra mesma esperando encontrá-la com expressões tímidas, mas os olhos estavam atentos em mim, como se a minha resposta fosse crucial a algo pra ela, como se ela quisesse algo mais.
Só que eu não entendia direito.
De alguma forma, era bom ter a total atenção da Mil.
  - Confesso que não penso nisso por um tempo - Cocei a cabeça e a encarei.
  - Qual é? Não tem ninguém no seu coraçãozinho gótico?
  - Pela milésima vez, Émili: eu não sou gótico!
Rimos.
  - Você... Ainda não superou? Digo, sua última... namorada...
Meu sorriso se desfez e Mil olhou pra baixo, culpada.
  - Me desculpa, isso foi muito indelicado. Você tem razão: eu sou uma tagarela enchirida.
  - Não, que isso - Coloquei a mão no ombro dela, atraindo novamente seu olhar que transbordava culpa - Eu só... Não gosto de falar sobre isso.
  - Olha, tudo bem me contar as coisas - Deu de ombros - Sou sua amiga, Gabe. E... Me preocupo com você, então estou aqui se precisar. Quando eu precisei eu te contei sobre o Tony... Confio em você. Pode confiar em mim - Sorriu de um jeito fofo, sem mostrar os dentes. Era um sorriso reconfortante.
Aquilo me fez abrir o jogo.
  - Não, é que... Eu tenho alguém em mente.
O sorriso dela aumentou e não sei se ficava feliz por ela se preocupar comigo, ou se ficava triste por ela não demonstrar nem um pingo de ciúmes por eu supostamente estar interessado por alguém.
Émili era alguém difícil de se entender.
Mas eu estava disposto a tentar.
  - Fico feliz por você - Disse, mas algo em sua voz não soava como felicidade.
  - E você? Tem... Alguém ou ainda está na do Tony?
Ela riu.
  - Eu seria uma péssima pessoa se invertisse no Tony...
Okay, ela está uma caixinha de surpresas hoje.
  - Por que? Ele não é tão ruim assim... - Não acredito que disse isso. Ele era ruim sim, e eu estava feliz por ela pensar o mesmo.
Sem chance pra você, Tonyzinho.
Ela sorriu sem graça.
  - Irmandade... Você não entenderia, de qualquer forma. Não quero sair nas ruas e ser tachada de talarica ou corna - Ela disse e caímos na risada.
Porque os momentos ao lado de Émili eram assim: bons, cheios de risadas e conversas furadas. Mas que, faziam bem e eram importantes.
Não dava pra entender, só pra sentir.
  - Fico feliz por você - Disse e rimos pela décima vez.
  - Fico feliz que eu não seja uma garota tola típica da lista dele.
  - Também fico feliz por isso. Assim, outros podem ter a chance.
  - Outros? - Perguntou e ergueu uma sobrancelha - Sabe de algo que não sei, Émili?
  - Que você é bem lerdinha nós dois sabemos.
  - AAAAA, ME CONTA! -  Balançou meu ombro e eu a empurrei de leve. Ela me empurrou de volta e eu fingi cair no chão.
  - Sua grossa! - Estávamos rindo, então não dava pra levar a sério.
Ela se inclinou, ficando em cima de mim para me examinar.
Devo ressaltar que isso fez meu coração lembrar da existência dele, porque as batidas estavam mais que rápidas. Estavam tipo arrastão: bem rápido.
  - Você tá bem? - Perguntou e se apoiou com o mão na grama, ao lado do meu rosto.
Paramos de rir, sorrindo e depois diminuindo o sorriso, até estar nos encarando.
Nossos momentos sempre acabavam assim: um encarando o outro de um jeito intenso, como se pudéssemos nos entender pelo olhar, nos conectar.
Como se ela pudesse olhar no fundo dos meus olhos e me entender, sem eu dizer sequer uma palavra.
  - Seu rosto tá sujo - Eu disse e ela corou de leve.
  - Onde? - Perguntou, um tanto abalada.
  - No canto da boca - Eu disse e ri baixinho quando a mesma tentou lamber o canto de sua boca, tentando limpar o local, sem sucesso.
  - Eu faço isso, Émili - Levei minha mão até lá, passando o polegar delicadamente.
Senti pequenos choques e meu coração disparou ainda mais. Subi meu olhar até seus olhos, mas minha mão continuou lá - Você sabe que eu sempre vou cuidar de você - Eu disse e coloquei uma mecha rebelde de seu cabelo, atrás da orelha.
Ela suspirou e eu desci meu olhar pros seus lábios, com minha mão segurando de leve sua bochecha.
Abri a boca para respirar melhor, eu queria que nossos momentos acabassem diferente.
Não sei se Mil aproximou seu rosto do meu, ou eu quem puxei, mas a vi fechar os olhos e fiz o mesmo, sentindo sua respiração batendo no meu rosto.
Não fazia a menor idéia do quanto eu queria isso, não havia percebido, apenas nesse momento tudo fez sentido: eu queria muito esse beijo.
Não por ser um beijo com qualquer uma, porque não era qualquer uma.
Era a Émili.
A garota no ônibus que estava em minha mente.
Saí do transe quando ouvi uma música familiar e alta soar, nos assustando.
Quando abri os olhos, Émili já estava sentada de novo, desviando o olhar do meu e atendendo o seu celular.
  - Ah, oi Tony - Disse, se recuperando.
Me deitei na grama, revirando os olhos.
Tinha que ser.
Só podia ser ele pra atrapalhar.
Suspirei, fechando os olhos por um tempo e tentando ignorar minha vontade imensa de pegar o celular da mão dela e gritar com aquele garoto que sempre estraga meus planos.
Ignorei completamente a conversa (bem desnecessária, por sinal), quando ouvi uma espécie de... Choro?
Abri os olhos, me sentando no ato, e vi lágrimas saindo pelo rosto de Émili.
Coloquei a mão em seu ombro, com uma expressão preocupada, e ela me olhou.
Podia ver confusão, frustração, tristeza e um pouco de dor passando pelos seus olhos.
Ela desligou a ligação.
  - O que foi? O que aconteceu?
  - A... ir...irmã... A...a...
  - Respira, respira.
Ela fez o que eu disse.
  - A irmã do T...Tony...
  - A Cindy, o que tem ela?
  - Ela morreu, Gabe.
Senti um baque.
  - O que?
  - A Cindy morreu.

****
Oi gente, estão gostando?
Tenho uma perguntinha pra vocês, hehehe.
Acho que vou levar o maior vácuo, mas ainda tenho esperança que almas boas respondam (mesmo que você não seja alma boa, q):
Quem vocês acham que é Névillie?
Queria me desculpar pela demora de postar, mas é que fiquei 2 dias sem net, e a escola está muito corrida.
Amo muito vocês e estou feliz porque a história está sendo mais acolhida do que eu pensei que seria.
Sério.
Pode não parecer muito, mas eu já dou pulinhos e tals kkkk  (literalmente).
Espero que isso não tenha assustado vocês, minha loucuras KE
Então vou parar por aqui.
Amo vocês,
Bye.
Não desistam da tia Triz.
Xx Triz
:)

O Garoto do Ônibus Onde as histórias ganham vida. Descobre agora