~ 15 ~
Mil
Olhei-o, as lembranças um tanto tristes voltando.
- Ele só gosta de mim porque ela não está aqui. Mas sabe... Não tem mais problema... Quando ela voltar, ele voltará a correr atrás dela. A Nev nunca gostou dele, mas... Você sabe...
Ele sorriu, e eu sabia que era por pena.
- Sabe, Stan... Você não pode chegar me julgando só por fotos da minha irmã gêmea.
- Desculpa, eu fui um idiota. Mas só saber, assim, você não gosta mais dele?
- Não - Ri.
- E quando pretende contar isso?
Suspirei.
- Se eu fizer isso agora, será muito insensível né? Então vou esperar um pouco... - Desviei o olhar pra parede, vendo uma foto da minha irmã com o Tony.
Suspirei, como que eu vou dar o fora em alguém?
Isso é bem errado de se pensar.
Agora eu estou me sentindo mal.
- Eu vou te esperar...
Estou me sentindo muito errada agora.
Espera... O Stan falou alguma coisa?
Olhei para o mesmo, que me olhava atentamente, como se esperasse uma resposta.
- O que você disse?
- Você ouviu, não ouviu? - Ele tentava esconder um certo desespero, sem sucesso.
- Não ouvi.
Stan desviou os olhos de mim, um tanto frustado e perdido, e ele nunca desviava os olhos.
- Pode repetir?
- Eu disse que já vou indo. Está tarde e minha mãe deve estar preocupada...
- Mas... - Franzi a testa - Você disse que ela não liga de você sair e...
- Eu preciso ir - Ele me cortou, passando de pressa por mim e indo até a porta.
Segui-o, um tanto correndo pelas escadas até a sala da casa da minha avó.
- Já vai querido? - Ela perguntou, se colocando de pé e nos acompanhando até a porta.
- Sim, está tarde...
- Você pode ficar, se quiser - Minha avó disse.
Eu e Stan arregalamos os olhos.
- N...não é q...que... Minha m...mãe... - Eu nunca o vi gaguejar tanto.
- É s...só um convite, n...não precisa... - Fechei os olhos. Droga. Nem falar direito eu consigo. Abri os olhos.
- Eu mando mensagem - Stan disse, olhando por uma fração de segundos pra mim e sorrindo de um jeito nervoso - Tchau vó, tchau Mil - E saiu praticamente correndo.
Ao ouvir o barulho da porta sendo fechada pela minha avó, eu soltei todo o ar que nem percebi que estava segurando.
Saí num pulo, correndo pras escadas.
- Onde vai querida? - Vovó questionava. Mas algo em seu olhar mostrava que sabia bem mais do demonstrava saber.
- Preciso pensar - Respondi, afobada e corri pro meu quarto, ou melhor, pro meu quarto e da Nev.***
Bati na porta do casarão que o Tony morava.
Por mais que eu viesse aqui várias vezes, eu nunca me acostumaria com aquela casa. Era enorme.
Enorme e solitária.
Ele atendeu com um sorriso, mas sem mostrar os dentes.
- Hey Miiiiil!
Sorri.
- Você parece bem animado.
- Claro, você está aqui - Meu sorriso aumentou e ele passou pro lado para que eu pudesse entrar - Hoje a noite é só nossa.
- Ah é?
- Sim, como sempre, meus pais não estão.
- Bom, hoje você tem minha companhia - Disse, tirando meu moletom e jogando em qualquer lugar. Tony me olhou - Que foi? Eu já sou de casa - Brinquei.
- Claro que é.
- E então? Que filme vamos assistir?
- Hm... Estava pensando numa comédia...
- Comédia romântica - Eu completei.
- Perfeito. Preciso de um pouco de comédia na minha vida - Ele suspirou.
- Tony... - Eu disse, meu coração ficava em pedaços vendo meu possível melhor amigo triste.
- Não me olhe assim... Eu só quero um abraço.
- Isso você não precisa pedir.
- Mas se eu não pedisse agora, você daria? - Ergueu uma sobrancelha e me encarou.
Rimos e eu abracei o mesmo bem apertado, tentando passar, com sinceridade, tranquilidade, carinho e companhia.
- Você não está sozinho, sou sua amiga.
- Todos os dias você prova que eu não estou sozinho, Émili - Sorrimos um para o outro - Agora vamos parar de melação e assistir logo esse filme?
- O filme de comédia romântica? - Começamos a rir e ele deu play no filme.***
O filme terminou e eu sorri, satisfeita com o desfecho. Do jeitinho que eu gostava: do óbvio. O casal ficou junto no final e tudo mais.
O Tony estava deitado no sofá, a cabeça no meu colo. E eu o enchia de cafuné.
- Ah, não foi tão ruim o filme assim né? - Ri - Eu sei que você gostou.
Não houve resposta.
- Que foi Tony? O gato comeu a sua língua? - Comecei a rir - Nossa, eu pareço a vovó falando.
Parei de fazer cafuné nele e me inclinei para vê-lo.
Estava dormindo de um jeito muito fofo. Parecia em paz.
Sorri, boba.
- Parece que o meu colo não é tão ruim assim - Sorri, fazendo carinho em sua bochecha e saindo com cuidado do sofá, colocando a cabeça dele delicadamente no mesmo para não acordá-lo.
Peguei minha bolsa e meu moletom, olhando uma última vez o Tony.
- Espera aí... - Corri pro quarto que eu sabia que era dele e fucei o guarda-roupa, procurando uma coberta.
Voltei pra sala e cobri o mesmo.
- Agora sim - Disse baixinho e sorri, indo até a porta e dando de cara com os pais do Tony.
Pode-se dizer que eu queria me enfiar no buraco e não sair mais de lá, que vergonha!
- Oi - Eu disse, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Olá querida! - Ela me abraçou e depois sorriu. Não sei como, mas os pais do Tony gostavam muito de mim. A mãe dele então...
Ri baixinho.
Ela me tratava quase como uma filha, o que era meio esquisito já que ela não gostava da minha irmã.
Dá pra entender? - Que bom que você está aqui com o Tonyzinho... - Se o Tony tivesse acordado, ele a mataria pelo apelido. Sorri, mostrando os dentes e as covinhas - Eu fico preocupada com ele aqui, sozinho. Ele não dorme há dias. Obrigada por fazê-lo dormir.
Tenho certeza que corei.
- Que isso... Amigos são pras horas boas e pras horas ruins - Sorri - Estou aqui sempre que vocês precisarem.
- É muito bom ouvir isso, Mil - Ela parecia nem se importar de ser pega nos espionando. O pai do Tony estava na cozinha, provavelmente morrendo de fome - Ah, minha avó mandou torta.
Os olhos dela brilharam.
Ri.
- Sério? Que maravilha! A torta da sua avó é a melhor! Agradeça a ela por nós.
- Sim, claro. Agradeço. Bem, já vou indo...
- É tarde, por que não fica? Nós arrumamos o quarto de hóspedes pra você.
Comecei a rir, me lembrando do episódio do dia anterior, quando minha avó convidou o Stan pra dormir em casa.
- Eu disse algo de errado?
- Não, não - Respondi, me forçando a parar - Desculpa, eu me lembrei de algo engraçado.
- Ah, sim - Ela sorriu - Se você quiser também, eu peço pro motorista de levar pra casa. Não é seguro uma menina tão linda sair essas horas na rua.
- Muito obrigada, mas minha mãe vai ficar preocupada se eu não voltar...
- Sua mãe não está viajando?
Eu queria muito rir, agora eu entendia o lado do Stan.
- Sim, ela...
- Então fique... Só está noite. Fique e jante conosco. Pela manhã você vai embora. O Tony disse que você conseguiu outro emprego.
- Sim, eu consegui numa peça da Sunshine.
- Sunshine? É uma ótima escola. Isso não me surpreende, você é muito talentosa.
- A senhora está fazendo eu me achar - Eu disse, sincera e ela riu.
- Só digo a verdade. Sabe que eu sou uma mulher bem direta.
Sorri.
É, eu sabia muito bem.
Ela era radiante, sempre elegante, com as melhores roupas, as melhores fragrâncias, os melhores sapatos e era simpática. Pelo menos, comigo.
Era uma mulher incrível, que cuidava dos seus negócios, e estava sempre ao lado do marido.
Ela já foi modelo, agora cuidava de uma agência de modelos.
Então, um elogio vindo dela era sim, bem relevante.
E bem, uma de suas características, era a persuasão. Ela sabia persuadir e convencer as pessoas.
Então, o possibilidade de eu passar a noite em sua casa, não era bem um convite e sim, uma ordem.
E eu não ousava desobedecê-la.
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O Garoto do Ônibus
Teen FictionÉmili sempre manteve seu sonho de ser uma estilista. Agora que conseguiu o estágio dos sonhos (Talvez nem tanto), ela vai chegar em cima da hora pra pegar o busão pra escola. Infelizmente, Mil (Émili) perdeu o seu tão querido lugarzinho: Agora só t...