4) Supere-se!

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Obs: Sugiram que ouçam The 7th sense do NCT U enquanto lerem. Bjs, boa leitura!

***

~ Mil ~

Encarei o Spencer.
  - Você... Tem certeza que quer fazer isso? - Ele me perguntou, seu olhar analisando cada reação minha.
Suspirei.
  - É... O que pode dar errado, não é mesmo? - Eu disse, incerta - Quero. Mesmo não querendo admitir, eu confio na Névilie.
Spencer concordou com a cabeça.
  - Ela realmente sabe... - Suspirou - Vai demorar quanto tempo pra ela voltar?
  - Acho que mais uns 2 meses.
  - Você sente falta dela né?
  - Todos os dias - Sorri e ele retribuiu - Agora minha vez: Tem certeza que está tudo bem fazer isso?
  - Claro - Ele riu - Por que eu não ajudaria minha amiga nisso e não correria o risco de apanhar do Stanlin?
Rimos.
  - Bobo. Eu nunca deixaria ele te fazer qualquer mal - Respondi.
  - Claro que não, eu sou um ótimo amigo! 
  - Quase esqueci do quanto você se achava - Revirei os olhos.
  - Que palhaçada é essa de revirar os olhos pra mim, Émili Clara?
  - Advinha com quem eu aprendi?
  - Deixa eu pensar... Stanlin? - Rimos.
  - Ok, ele deve estar chegando. O ônibus sempre chega mais ou menos nesse horário. Vamos atuar.
  - Entrando no papel, 3, 2, 1... - Spencer mudou sua expressão e eu estremeci.
Claro que eu não era a melhor atriz, isso era pra minha irmã.
Mas... Se eu quisesse cumprir com o último passo (Se não der certo eu desisto pra sempre do amor e vou vender minhas miçangas na rua, porque gente isso é mó top, melhor que ficar sofrendo por crushs e @), teria que ser mais Névilie do que Émili, teria que ser um pouquinho do que nunca fui e apelar um pouquinho também... Afinal, fazer ciúmes propositalmente pra alguém nunca foi o meu forte...
Já, inocentemente é oiyta história.
Mas vamos lá.
Você consegue Mil, você consegue!
Ative sua Név interior e faça ele se remoer por ciúme.
Não tenha dó! Ele jogou coisas na sua cara e sempre foi grosso com você.
Considere isso... Como a horinha da vingança.
Suspirei e fechei os olhos.
Quando abri, eu sabia que tinha que ser diferente.
Spencer já estava no palco se aquecendo.
Ele sempre foi melhor em dança do que eu e bem... Acabou que no começo do ano ele estava desesperado por um parceiro no concurso de dança da escola.
Quem foi a única idiota que topou? Eu mesma...
Mas saibam... Fui a última opção.
Assim como em teatro, eu sou uma negação em dança.
Porém, o que posso fazer? Amo de paixão os dois, e também amo meu amigo, então é claro que iria ajudá-lo.
Acontece que com os acontecimentos dos últimos meses eu tinha me esquecido disso, e olha que serviu ao meu favor... Já que né... O tema é dancinha de casalzinho, não que eles falaram com essas palavras, mas geral ia fazer assim.
E nada mais justo, que eu e Spencer seduzirmos geral dançando The 7 Sense.
Seria meu sonho?
Não quero passar micão... Ensaiei o quanto pude.
Mas o que mais me motivou foi que toda a escola vai assistir  - Claro que isso serviu pra me deixar mais nervosa ainda - o que significa que Stanlin estará lá, sentadinho vendo.
Ok, ok...
O sinal da primeira aula vai tocar e o festival vai começar.
A maioria dos alunos já estavam sentadinhos nos banquinhos da sala de teatro.
Claro, essa sala nem se compara a sala de teatro super chique da Sunshine, mas já estaca de bom tamanho pra mim. Pelo menos assim eu passo menos vergonha.
Suspirei, começando o meu aquecimento porque ninguém precisava ficar com dor por não se aquecer depois.
  - Mi, você treinou? - Spencer questionou após terminar seus exercícios.
Concordei com a cabeça e olhei pra ele, fazendo esforço.
  - Darei o meu máximo.
  - Pense nisso como algo divertido... Obrigada por me ajudar.
  - Digo o mesmo pra você.
  - Ah... - Ele ficou sério de repente, parecendo lembrar de algo.
  - Vamos mesmo fazer aquilo no final?
Terminei de me aquecer e fomos pra trás da cortina num tom de vermelho desbotado.
Encarei ele intensamente.
  - Vamos - Disse decidida.
  - Ui... Entrou no papel... - Ele riu.
Sorri, mordendo os lábios.
  - Vou me trocar.
  - Também vou. Nos encontramos em 5 minutos - Spencer saiu primeiro.
Como Stace já havia me maquiado, era só me vestir bem rápido porque já ia começar.
Achei minha mochila no meio da bagunça que estava lá devido a vários grupos estarem ensaiando, se aquecendo, conversando, chorando, se arrumando, se pegando... Em fim, corri pra uma das cabines e me tranquei lá, vestindo minha roupa do jeito mais rápido e cuidadoso o possível. Afinal, não queria atrasar, muito menos estragar a roupa.
Suspirei pela centésima vez na semana.
  - Você tem poder, gata - Disse pra mim mesma e saí da cabine de um jeito que chamasse atenção, tipo cena de filme.
No caso chutei a porta e levei um puxão de orelha da professora de teatro.
Me peguei aqui se perguntando o porque não fazia as aulas de teatro, mas... Escolhas são escolhas e o que eu tô pensando?
Algumas pessoas riram de mim por eu falar palavras tipo "sou bonita" ou "eu arraso" e gente... QUE MERDA EU TÔ FAZENDO?
Só passando vergonha mesmo, porque é óbvio que eu não vou conseguir.
  - Pronta Mil? - Spencer brotou do meu lado.
  - Sim... - Sorri falsamente - Não - Fiz a cara de quem está prestes a chorar.
  - Não acredito... Émili, você precisa estar pronta.
  - Eu n-não consigo.
  - Consegue sim! - Ele colocou as mãos nos meus ombros me chacoalhando de leve - Você consegue! Eu confio em você...
  - Eu não confio em mim...
  - Émili! - Ele arregalou os olhos, me encarando - Tem que confiar! Você é incrível... Por que não conseguiria?
  - P-porque...
  - Não! - Ele me interrompeu -  Por que você acha irmã é toda poderosa e independente? Ela confia em si mesma! Você também pode ser assim... Não tem nada a ver com cada gêmea ter um comportamento, ter o seu jeito... Não! Você também consegue, Émili. Tem que confiar em si mesma! Pode ser o que quiser... Eu confio em você, mas se você não confia em si própria, o que adianta as pessoas confiarem?
Segurei o choro porque era mais que lei não chorar agora.
Abaixei a cabeça e respirei fundo, encarando-o.
  - Eu consigo.
Nos encaramos em silêncio por um bom tempo antes de ouvirmos a diretora falando no microfone.
  - Boa tarde! - Não víamos nada por estarmos atrás da cortina, apenas ouvíamos um monte de gente conversando - Silêncio! - Ela esperou todos ficarem quietos - Obrigada. Vamos dar início a mais uma competição de dança da escola Constelações. Espero que se divirtam, mas mais importante: Além de apreciarem seus colegas, manterem o respeito! - Ouvimos palmas e isso me fez pensar que ela tinha saído do palco.
A primeira dupla foi chamada e eu quase prestei atenção na música.
Mas as batidas do meu coração estavam mais altas.
E então, a segunda, terceira e quarta dupla foram.
Enquanto a quinta se apresentava, Spencer foi beber água porque ele tinha essa mania quando estava nervoso e eu, conhecendo- bem, sabia disso.
Nós éramos a oitava dupla.
Um pouco antes do final da quinta dupla, desci os olhares pela minha roupa e sorri.
Foi meio engraçado como ela foi feita.
Quer dizer, eu e Spencer pesquisamos imagens aleatórias de roupas que acabamos que combinaria com a nossa performance. Quando chegamos em acordo (o que demorou uns 2 meses), ele conseguiu dinheiro com os pais para o tecido e eu fiz, óbvio que não perderia essa oportunidade.
Não ficou lá aquelas coisas e eu tive a ajuda dos verdadeiros profissionais da Sunshine, o que foi bem legal.
Com o dom deles me ajudando, eu consegui terminar e fiquei satisfeita.
Fizemos a minha e a do Spencer.
A make foi a maquiadora do teatro, Stace e Névilie que nos ajudaram.
A coreografia foi feita pelo Spencer, mas ele teve ajuda de um amigo e de seu professor. Porém, a maior parte foi feita por ele. Troy também ajudou com ideias e comentários motivacionais.
Devo dizer que foi um belo trabalho em grupo, e sabe... Fazer tudo isso com as pessoas que eu amo foi divertido. Por mais que eu me canse muito dançando, trabalhando e segurando a barra que é gostar do Stan, agora que vi quase todo o resultado me sinto feliz.
Íamos dançar descalços.

Íamos dançar descalços

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(Roupa dos dois)

E então, fomos chamados:
  - Émili Clara e Spencer Gillo!
Olhei pro Spencer e ele beijou minha testa rapidamente.
Entramos de mãos dadas e então fizemos a pose em que íamos iniciar.
A música começou e então eu fechei os olhos, relembrando de toda a coreografia e deixando o ritmo tomar conta de mim, como se eu, a música e o Spencer fôssemos um só, em pura harmonia.
Partes da coreografia eram delicadas e fofas, em outras polêmicas um pouco obscenas, ora estávamos separados, ora colados, me deixei ser conduzida e aquilo foi uma sensação muito boa.
Meu coração disparava tão rápido, mas eu tentava não demonstrar.
No final da música, nos aproximamos pela última vez.
Spencer não segurou o sorriso e eu também não consegui, isso comprovando que íamos cumprir com o trato.
Nos beijamos e a música acabou.

O Garoto do Ônibus Where stories live. Discover now